ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram
DEZEMBRO, SEGUNDA  23    CAMPO GRANDE 25º

Economia

Atraso da chegada de carga na "estreia" de porto evidencia entraves

Agilidade da exportação pelo terminal de Concepción pode não se concretizar com burocracia e outros problemas do lado brasileiro

Osvaldo Júnior e Helio de Freitas, de Dourados | 21/02/2018 16:47
Aduana de Ponta Porã; trabalho está em ritmo muito abaixo da média (Foto: Tião Prado)
Aduana de Ponta Porã; trabalho está em ritmo muito abaixo da média (Foto: Tião Prado)

Parado cinco dias na alfândega, um caminhão, que abriria o novo porto de Concepción com soja brasileira, chegou 12 horas depois da realização do evento. A inauguração da obra, com custo de US$ 12 milhões, ocorreu nesta terça-feira (dia 20) e contou com a presença do presidente paraguaio, Horacio Cartes. O atraso do caminhão brasileiro é pequena amostra dos entraves, que colocam por terra o objetivo de acelerar o processo de exportação do grão sul-mato-grossense e de todo Centro-Oeste pelo novo corredor.

A burocracia aduaneira do Brasil, intensificada pela greve dos auditores fiscais da Receita Federal, é obstáculo a ser resolvido para viabilizar a exportação da soja através do porto de Concepción, com saída a partir da cidade de Pedro Juan Caballero. A capacidade do terminal é de 500 toneladas por hora por caminhão e a capacidade de carga naval chega a 1,4 mil toneladas a hora. Também há, no local, um laboratório para verificação e análise da qualidade do grão.

No entanto, essa estrutura no Paraguai não basta se problemas do lado brasileiro não forem sanados. O Campo Grande News apurou que na aduana de Ponta Porã, há demora de até 20 dias para liberação dos carregamentos. No local, de terça a quinta-feira, apenas um auditor está trabalhando.

Estado de greve – A deficiência no local decorre da situação de greve que dura mais de ano. Os auditores fiscais reivindicam a regulamentação do pagamento do bônus variável por eficiência, algo que o governo federal não sinaliza fazer. Enquanto isso, os trabalhos seguem em ritmo muito aquém do costumeiro: de 80 caminhões que passavam pela aduana diariamente, a média caiu para dez.

Conforme apuração do Campo Grande News, por orientação nacional dos representantes da categoria, a quantidade de auditores é reduzida para 30% de terça a quinta-feira. No entanto, na segunda e na sexta-feira, o trabalho não funciona na normalidade, devido aos serviços acumulados nos dias em que o número de servidores é menor.

Autoridades durante inauguração do porto de Concepción (Foto:  Christian Meza/La Nación)
Autoridades durante inauguração do porto de Concepción (Foto: Christian Meza/La Nación)

Com isso, até os chamados canais verdes, com cargas perecíveis e despacho imediato, estão levando 24 horas para serem liberados. Fonte ouvida pela reportagem explicou que nesse tipo de despacho, a burocracia, como consulta de documentos, é desnecessária.

Além da verde, há os canais laranja (exportação) ou amarelo (importação), além do vermelho (exportação e importação). Essas cores indicam o tipo de carga e se é preciso fiscalização mais rigorosa.

No caso de canais laranja ou amarelo, há verificação de documentação do carregamento. Quanto à vermelha, além desse procedimento, também há conferência física da carga.

Com isso, a liberação demora 20 dias ou acima disso, devido ao ritmo menor do trabalho dos auditores em situação de greve. “Os canais estão levando de 15 a 20 dias ou até mais para serem liberados”, afirmou uma fonte, que terá a identidade preservada.

Na prática, será diferente – Carregamento de soja não é canal verde, com liberação automática. Isso significa que a almejada agilidade da exportação a partir do porto de Concepción, provavelmente não ocorrerá. “No mundo perfeito sem greve, essa saída seria ótima, mas não é o que acontece. Os exportadores precisam estar preparados para isso”, disse a fonte.

Se o impasse não for resolvido, as cargas com soja demorarão muito mais a serem liberadas que o caminhão que ficou preso por cinco dias e se atrasou para a inauguração do novo porto de Concepción.

Nos siga no Google Notícias