Caixa veta financiamento para casas que ficam em bairros sem asfalto
Corretores temem que a decisão prejudique consumidores de baixa renda
A Caixa Econômica Federal implementou uma série de restrições para financiamento no programa Minha Casa Minha Vida. Entre elas, passa a ser proibida a concessão do crédito imobiliário para casas que ficam em bairros sem asfalto.
Corretores de imóveis já temem que a decisão afete o consumidor da classe baixa, pois terrenos em locais asfaltados encarecem o valor final do imóvel. A instituição alega que a medida é só uma “atualização” no programa.
“Isso vai onerar o consumidor menos favorecido”, considera Eli Rodrigues, corretor de imóveis em Campo Grande há 30 anos. Em valores práticos, ele aponta que, uma residência que custaria entre R$ 50 e R$ 70 mil numa rua não pavimentada, saltaria facilmente para R$ 95 mil.
“Hoje é difícil encontrar um terreno por menos de R$ 50 mil em ruas pavimentas em Campo Grande. Com preço de terrenos assim, fica evidente que o valor final é inviável para clientes de baixa renda”, pontua.
Outra profissional do setor enviou email ao Campo Grande News nesta quinta-feira e demonstrou preocupação. “A nominativa da CEF em aprovar só em ruas asfaltadas frustra não só os construtores, mas também os compradores de baixa renda, que sonham com a casa própria”, comenta.
Caixa - Em nota, a CEF diz que as exigências de que o empreendimento esteja localizado “na malha urbana, seja dotado de vias de acesso pavimentada e de soluções para abastecimento de água, energia elétrica, esgoto pluvial e sanitário” prevalecia desde o lançamento do Minha Casa Minha Vida.
A nota divulgada pela instituição ainda explica que a “referida alteração, portanto, fez apenas com que fosse dado tratamento igualitário entre as exigências apresentadas para os casos em que a CAIXA financia a produção do empreendimento em relação àqueles em que o banco financia apenas a comercialização das unidades finais”.
“A medida tem por fim garantir a qualidade e as condições de habitabilidade dos imóveis e, portanto, visa a resguardar os interesses das famílias que adquirem essas moradias”, finaliza a nota.
Os contratos antes assinados pela Caixa, que se encaixam neste caso, não seriam afetados.