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Economia

Cartões e carnês lideram dívidas de famílias na Capital, mostra estudo

Pesquisa de Endividamento e Inadimplência aponta aumento no número de pessoas que deixou de pagar dívidas e perfil de renda dos devedores

Humberto Marques | 07/07/2018 13:40
Cartão de crédito aparece como principal fonte de dívidas para famílias da Capital em junho. (Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil/Arquivo)
Cartão de crédito aparece como principal fonte de dívidas para famílias da Capital em junho. (Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil/Arquivo)

O cartão de crédito e os carnês seguem como os “vilões” no endividamento das famílias campo-grandenses, conforme índices medidos pela CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo) referentes a junho deste ano. A Peic (Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor) mostra ainda um aumento nos indicadores de contas em atraso ou de pessoas que não terão condições de quitar suas dívidas na comparação com maio.

Presidente do Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento da Fecomercio-MS (Federação do Comércio de Mato Grosso do Sul), Edison Araújo explica que houve um aumento de 2,8 pontos percentuais das famílias com contas em atraso, e de 3,5 pontos percentuais daquelas que não terão condições de pagar as dívidas.

Nesse universo, o cartão de crédito é fonte de dívidas para 62,5% das famílias, 23,5% estão comprometidas com carnês, 15,1% no financiamento imobiliário e 12,1% com a aquisição de veículos –a soma supera os 100% porque é comum as famílias terem mais de uma dívida.

O comportamento das dívidas também muda conforme o poder aquisitivo das famílias, embora o cartão de crédito siga como o principal fator de pressão para quem ganha menos de dez salários mínimos (63,5%) ou acima desse faixa (57,5%). No primeiro grupo, os carnês representam 26,2%, o financiamento da casa 14,6% e o de veículos 8%.

Já para a faixa de renda acima de dez mínimos, o financiamento do carro equivale a 35% do universo de dívidas, seguido pelo cheque especial (22,5%), financiamento de casa (17,5%) e crédito pessoal (15%).

Tempo médio de quitação de dívidas por famílias é de 9,4 meses. (Foto: Arquivo)
Tempo médio de quitação de dívidas por famílias é de 9,4 meses. (Foto: Arquivo)

Inadimplência em alta – Conforme a Fecomércio-MS, 53,5% das famílias campo-grandenses informaram ter dívidas, ante 52,9% no mesmo mês de 2017. Dentre estas que têm contas em atraso, os percentuais foram de 32,9% e 28,5%.

Quanto aos inadimplentes, o índice subiu de 13,9% para 14,9%, atingindo o maior índice desde dezembro. “Fato que implica em um momento de cautela para que esses indicadores como o da inadimplência não aumentem ainda mais, uma vez que os impactos da greve dos caminhoneiros, bem como as proximidades das eleições têm contribuído para a geração de maiores incertezas no cenário econômico e político”, pontuou Araújo.

As expectativas de quitação das dívidas também geram preocupações. Segundo o estudo, 45,3% dos entrevistados que se disseram endividados confirmaram não ter condições de pagar as dívidas atrasadas no próximo mês, e 26,4% avaliam que farão o pagamento parcialmente.

Quando ao tempo de demora, 59% dos devedores dizem estar nessa situação há mais de 90 dias, 25% entre 30 e 90 dias e apenas 14,1% por até 30 dias. O tempo médio de dias em atraso é de 71,6 dias.

O estudo também mostrou o tempo com o qual as famílias avaliam estarem comprometidas com os débitos. A ampla maioria (42,2%) espera lidar com a situação por mais de um ano. O tempo entre seis meses e um ano foi citado por 11,8%, de 3 a 6 meses por 9,6% e até três meses por apenas 7,3% –29,2% não souberam responder.

Em média, os campo-grandenses se disseram amarrados a tais débitos por 9,4 meses.

Perfil de renda – A Fecomércio também quis saber qual a parcela de comprometimento com a renda familiar com dívidas, mostrando perfis diferentes em relação à renda. O percentual de pessoas que não soube dizer, em média, foi de 39,4%, mas 46,1% dos entrevistados tinham ganhos mensais de até dez salários mínimos. Na faixa acima dessa renda, o percentual que desconhecia o quanto destina de sua renda para pagar dívidas foi de apenas 5%.

Em média, 40,3% dos entrevistados disseram comprometer entre 11% e 50% de seus rendimentos com dívidas –36,9% com renda até 10 salários mínimos e 57,5% nos demais, mostrando que o maior poder aquisitivo representou também destinação de recursos superior com os débitos. Prova disso é que, de quem está nessa faixa de renda, 15% admitiu ter mais de 50% da renda destinada ao pagamento de dívidas (percentual de 2,7% para quem ganha menos de dez mínimos).

A pesquisa ouviu pelo menos 500 pessoas para formar sua base de dados.

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