Chuva para colheita de soja e atrasa plantio da safrinha de milho em MS
Produtores já temem prejuízo por não conseguir trabalhar no campo
A mesma chuva que no início do plantio da safra de Verão em Mato Grosso do Sul caiu na época e na quantidade certa e ajudou a aumentar a expectativa de uma colheita recorde, agora está impedido que os agricultores tirem a produção do campo. A colheita está parada desde o fim de semana passada em todo o Estado, segundo a Famasul (Federação da Agricultura de Mato Grosso do Sul), que já teme perdas tanto na safra de Verão quanto na safrinha.
A estimativa da Famasul é que a colheita da safra de Verão, que já deveria ter atingido pelo menos um terço, ainda está em 20% da área plantada. Como reflexo, o plantio da chamada safrinha de milho, também está atrasado, o que fez o Ministério da Agricultura e Pecuária adiar o prazo do zoneamento agrícola, que regula a época para o início do cultivo do grão.
Se não seguir esse prazo, o agricultor não consegue crédito nos bancos que financiam a safra pelas regras determinas pelo governo. O prazo, que antes vencia até no dia 10 de março, agora vai até 20 de março.
Até lá, os agricultores precisaram retirar a soja, principal cultura dessa época, para, na sequência, plantar o milho, que é a lavoura que mais área ocupa a partir de agora.
Prejuízo à vista - Para a safra de Verão, já há risco de uma produção menor, segundo o assessor técnico da Famasul, Lucas Galvan. Ele explica que os grãos estão prontos para serem colhidos e, recebendo chuva, podem apodrecer. Na hora da venda, explica, o produtor vai ter prejuízo, com os descontos que podem ser aplicados pelos compradores quando o produto tem menor qualidade.
É literalmente um balde de água fria nas expectativas positivas dos agricultores para esta safra, por causa dos bons preços da soja no momento, observa o presidente da Aegran (Associação dos Engenheiros Agrônomos de Dourados), Bruno Tomasini.
Ele lembra que, no passado, a saca de soja estava cotada a 27 reais e este ano a cotação está em torno de 40 reais, ou seja, 48% a mais.
“Era a oportunidade de uma renda maior na safra, para fazer novos investimentos”.
Tomasini afirma que ainda não dá para ser pessimista e prever uma quebra de safra. Mas, assim como o assessor da Famasul alerta, diz que precisa parar de chover logo para que a produção esteja a salvo.
Além do risco para as lavouras em si, há também o problema do escoamento. Quando mais chove, piores ficam as estradas e mais difícil fica o transporte da safra.
Este ano, Mato Grosso do Sul plantou 1,7 milhão de hectares com soja e a expectativa é colher 5,4 mil toneladas.
Espera- Enquanto o tempo não abre, nas fazendas, o cenário é de funcionários contratados especificamente contratados para a safra parados. O produtor rural de Dourados Edson Kazuo Yamamoto é um exemplo. Ele plantou 160 hectares de soja, colheu até agora 20 hectares.
“Desde domingo passado não consigo colher nada”. Yamamoto tem um caminhão e uma máquina colheitadeira parados. Além disso, tem 4 funcionários à espera de um período de estiagem para fazer a colheira e, na sequência, o plantio da safrinha de milho.
Segundo o assessor técnico da Famasul, a expectativa para a safrinha de milho este ano é que ocupasse 900 mil do 1,7 milhão de hectares plantos com soja. “Mas isso vai depender de como o tempo vai se comportar”, resume.