Com incentivos fiscais, JBS aumentou em cinco vezes o lucro em 12 anos
Até 2028, grupo deixará de pagar quase R$ 1 bilhão em ICMS no Estado
Ajudado por incentivos fiscais e benesses do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social), o grupo JBS aumentou em cinco vezes o lucro líquido desde 2005. Em valores absolutos, são R$ 338 milhões a mais, conforme informações de balanços financeiros da empresa. Apenas em Mato Grosso do Sul, as vantagens tributárias superam R$ 1 bilhão.
Conforme relatórios do JBS, disponibilizados pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários), o lucro líquido do grupo foi de R$ 84,3 milhões em 2005 e, no primeiro trimestre deste ano, somou R$ 422,3 milhões. Nesse período, a empresa comprou diversos frigoríficos, tornando-se gigante do segmento de carne, contando para isso com ajuda bilionária do BNDES.
Entre 2007 e 2009, o BNDES destinou R$ 8,3 bilhões ao JBS por meio de compra de ações, além de R$ 2 bilhões em empréstimo. Com isso, a instituição financeira se tornou sócia dos negócios do grupo. Atualmente, o BNDES é dono de 24,59% da empresa.
Além do papel exercido pelo BNDES, os incentivos fiscais oferecidos pelos estados, entre os quais está Mato Grosso do Sul, contribuíram para o crescimento da empresa.
O Campo Grande News procurou no Portal da Transparência de Mato Grosso do Sul e diários oficiais do Estado dos últimos anos informações sobre os incentivos concedidos ao grupo, mas não há dados relativos a valores das renúncias fiscais.
O montante, no entanto, passaria da casa de R$ 1 bilhão. Somente em dezembro de 2015 (último ano de troca de propina por incentivos fiscais, conforme informou o dono do JBS, Wesley Batista, em delação premiada), o valor de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços) não pago pela empresa totaliza R$ 17 milhões anuais.
A arrecadação, referente a empreendimentos iniciados naquele ano em quatro municípios de Mato Grosso do Sul, soma R$ 17 milhões anuais, devido a reduções tributárias. Sem os incentivos, a empresa recolheria R$ 100 milhões a cada ano.
A diferença é de R$ 83 milhões. Considerando que os incentivos se estendem até 2028, deixariam de entrar nos cofres do Estado o total de R$ 996 milhões durante 12 anos.
Delação – Para crescer a partir de ajuda de incentivos fiscais, o grupo JBS negociou a troca de benefícios por propinas. Em Mato Grosso do Sul, o esquema iniciou com o ex-governador Zeca do PT, segundo contou o dono do JBS, Wesley Batista, durante delação premiada.
A prática criminosa movimentou aproximadamente R$ 150 milhões durante os últimos três governos estaduais.