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Política

Cance sucedeu Ivanildo em esquema de propina ao JBS, aponta delator

Lucas Junot | 19/05/2017 17:20
À esquerda, André Cance, e, à direita, seu antecessor, Ivanildo Miranda (Fotos: Reprodução)
À esquerda, André Cance, e, à direita, seu antecessor, Ivanildo Miranda (Fotos: Reprodução)

André Luiz Cance, secretário-adjunto de Fazenda na administração do então governador André Puccinelli (PMDB), que chegou a ser preso no contexto da Operação Lama Asfáltica, na semana passada, foi citado também na Operação Lava Jato, em delação premiada do dono da JBS, Wesley Batista, em depoimento no dia quatro de maio, na PGR (Procuradoria Geral da República).

De acordo com delator, Cance passou a ser o operador de Puccinelli no esquema de concessão de benefícios fiscais para redução de alíquota de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), em Mato Grosso do Sul, a partir de 2014.

Antes dele, a missão, conforme Wesley conta no depoimento, era de Ivanildo Miranda. “Foi o Ivanildo por sete anos. No finalzinho do governo eu acho que eles se desentenderam, eu acho... ele [Puccinelli] tirou o Ivanildo do contato e pois esse André Luiz Cance de contato com a pessoa nossa”, conta Wesley Batista.

O ex-secretário foi preso por policiais federais no dia 11 de maio, passou dois dias na carceragem da Polícia Federal na Capital e foi transferido para a cela 17 do Centro de Triagem, que já recebeu outros presos “famosos” por ser a única do Complexo Penal preparada para abrigar pessoas com curso superior.

Na terça-feira (16), o desembargador Paulo Fontes, do TRF3 (Tribunal Regional Federal da 3ª Região) concedeu o habeas corpus solicitado pelo advogado de Cance, José Wanderley.

De acordo com as investigações no Estado, André Cance teria envolvimento direto com a organização criminosa que se beneficiada de recursos desviados dos cofres públicos por meio de fraudes em licitações e superfaturamento de obras e outros contratos com o governo do Estado, durante a gestão de André Puccinelli (PMDB).

O ex-secretário é apontado pelos investigadores como o gerenciador do esquema de cobrança e pagamento de propina.

Para pedir a prisão do ex-secretário, o MPF (Ministério Público Federal) sustentou que ele é “possivelmente uma das pessoas que mais enriqueceu com as práticas criminosas contra o erário sob investigação”.

José Wanderley Bezerra, advogado de André Cance, informou que precisa tomar conhecimento do conteúdo do depoimento para se manifestar.

Ivanildo – O suposto operador de Puccinelli, de acordo com o depoimento de Wesley, seria na verdade Ivanildo Cunha Miranda, pecuarista de sucesso em Mato Grosso do Sul. “Era a pessoa que operacionalizava todos os acertos pro governador... fazia toda interlocução desde o acerto das contas ao recebimento”.

Em outro trecho, Wesley conta que Ivanildo “emitia nota de boi... ele tem fazenda”. As notas frias são frequentemente citadas no esquema, como forma justificar o desembolso de quantias que na verdade eram destinadas ao pagamento de propina.

Cabia a Ivanildo a emissão de notas e listagem de empresas para a JBS passar para seus doleiros pagarem.

Questionado sobre as empresas listadas, o delator disse desconhecer até mesmo do que se tratavam. “Eles que foram trazendo, traziam as notas. Não conheço nenhuma dessas empresas, o Ivanildo trazia as notas em mãos e nós... trazia a lista e o Demilton [da JBS] passava pro doleiro”, explica.

Ivanildo da Cunha Miranda, conforme o empresário, teria deixado o esquema no fim do governo Puccinelli, 2014.

O Campo Grande News tentou contato com Ivanildo Miranda, mas até o fechamento desta reportagem, as ligações não foram atendidas.

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