Com subsidiária em MS, privatização da Eletrobras pode encarecer conta de luz
Apenas uma subestação da Eletrosul gera mais da metade da carga de energia elétrica do Estado
O processo de privatização da Eletrobras (Centrais Hidrelétricas Brasileiras) deu mais um passo esta semana. Caso a estatal de fato passe à iniciativa privada, Mato Grosso do Sul deve ser impactado, apesar da subsidiária que atua no Estado não ter grande alcance.
A CGT Eletrosul (Companhia de Geração e Transmissão de Energia Elétrica do Sul do Brasil) atende Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso do Sul. No Estado, cerca de 30 trabalhadores atuam pela subsidiária.
O presidente do Sinergia-MS (Sindicato dos Trabalhadores na Indústria e Comércio de Energia no Estado de Mato Grosso do Sul), Élvio Vargas, lembrou que a conta de energia elétrica pode aumentar.
“Corremos o risco de ser afetados. Vai ter reflexo tanto para o consumidor quanto para empresas. A Aneel [Agência Nacional de Energia Elétrica] já apontou que vai aumentar a conta”, comentou.
No processo aprovado pelo TCU (Tribunal de Contas da União), na quarta-feira (18), a Aneel apontou que pode haver alta de até 16,44% na conta do consumidor residencial. “A tendência mundial hoje é reestatização de serviços como a distribuição de energia. É uma questão de soberania. Esse processo tem vários jabutis”, criticou o sindicalista.
O processo de privatização está se desenrolando desde o ano passado. Em abril de 2021, o governador Reinaldo Azambuja (PSDB) pediu que Mato Grosso do Sul fosse incluído.
“Pedimos um olhar para a preservação das bacias do Centro-Oeste, que tem grande capacidade de geração de energia e sofre por falta de capacidade de preservação desse ativo que temos nesses estados, inclusive por programas governamentais que não tiveram a mínima preocupação com o meio ambiente”, declarou na época.
Durante agenda na quinta-feira (19), Reinaldo comentou a capitalização após a decisão da corte de contas. “A prioridade são os investimentos que os estados pediram na audiência pública, como o aumento da produção de energias renováveis”, disse.
A aprovação do processo no TCU era a última etapa. O Ministério de Minas e Energia acredita que a conta do consumidor vai reduzir em 7,36%, contrariando a expectativa da Aneel.
A previsão é de que a estatal seja leiloada entre junho e agosto, conforme o portal G1. Além disso, o objetivo é que a Eletrobras seja capitalizada da mesma forma que a Embraer, que não tem um controlador, ou seja, as ações da companhia estão pulverizadas entre vários acionistas.
Tamanho – A Eletrosul atua no Estado há mais de 40 anos. Possui diversos empreendimentos de transmissão e geração de energia elétrica, incluindo uma usina hidrelétrica em operação, uma central de geração hidrelétrica em construção, quatro subestações e um relevante conjunto de linhas de transmissão.
A Hidrelétrica São Domingos está instalada no Rio Verde, entre os municípios de Água Clara e Ribas do Rio Pardo. Sua potência é de 48 kW (kilowatts), suficiente para atender 270 mil pessoas.
Em breve a usina deve ganhar a Central de Geração Hidrelétrica (CGH) Cachoeira Branca. O investimento é de R$ 7,2 milhões, resultando em uma potência de 1,05 MW (megawatt). A construção termina ainda no segundo semestre deste ano.
As subestações estão em Campo Grande, Dourados, Ribas do Rio Pardo e Anastácio. Essas unidades contam com linhas de transmissão administradas por outras empresas privadas, como a chinesa State Grit, a brasileira Brookfield e a concessionária Energia.
A Subestação Campo Grande, por exemplo, é essencial para a alimentação energética do bombeamento hídrico da empresa responsável pelos serviços de saneamento básico, captação e distribuição de água da Capital. Já a Subestação Dourados corresponde a 58% da carga de energia elétrica do Estado e abastece 37 municípios da região da Grande Dourados.