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Economia

Consumidores pegam novos empréstimos para pagar velhas dívidas

Segundo pesquisa da Serasa, em Mato Grosso do Sul, 38% dizem contratar crédito para pagar conta

Por Izabela Cavalcanti | 05/10/2023 12:48
Consumidores esperam em fila do Banco do Brasil, na Avenida Afonso Pena esquina com a Rua 13 de Maio (Foto: Izabela Cavalcanti)
Consumidores esperam em fila do Banco do Brasil, na Avenida Afonso Pena esquina com a Rua 13 de Maio (Foto: Izabela Cavalcanti)

Fazer empréstimo para pagar dívidas pode ser mais comum do que se pensa. Mas será que vale a pena esse ciclo sem fim, sair de uma conta e cair em outra? A resposta está nos juros.

O economista Odirlei Fernando Dal Moro explica que é necessário colocar no papel os juros de cada dívida e ver qual sai menor ao final.

“Na realidade, ele [consumidor] só está trocando uma dívida por outra. A grande questão é: está trocando uma dívida por melhor taxa de juros? Com melhor condições de parcelamento? Não adianta nada fazer um empréstimo de cheque especial com juros altíssimos para pagar uma dívida com valor baixo. Então tem que levar em conta isso”, aconselha.

O profissional alerta também sobre o nível de gastos do consumidor, após conseguir pagar uma dívida, por exemplo.

“O grande risco de endividamento é quando a pessoa faz toda essa troca de uma dívida por outra, e mesmo assim continua mantendo o nível dos gastos. Então, toda e qualquer renegociação de dívida tem que ser seguida de um aperto das contas. Quando a pessoa tem um determinado valor em mãos, esses valores podem ser utilizados para quitação de dívidas, mas isso não significa permissão para fazer novas”, destaca.

Pesquisa “Finanças Regionais – As Diferenças”, feita pela Serasa com 299 pessoas, mostrou que em Mato Grosso do Sul 57% disseram ter contratado crédito no último ano.

O principal objetivo é pagar dívidas para 38%; limpar o nome (22%); e pagar despesas inesperadas (18%).

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Realidade – Pegar empréstimo já faz parte da rotina da aposentada Janete Lopes, de 65 anos. Ela conta que desde que o marido faleceu, há 16 anos, iniciou a “jornada” de pegar dinheiro emprestado dos bancos para pagar outras contas. “Já fiz muitos empréstimos, sempre para pagar conta, IPTU, colocar dentadura, multa de água, pagar carro estragado”, comenta.

No caso do imposto, Janete diz que deve R$ 5 mil de IPTU, mas conseguiu fazer empréstimo só de R$ 3,8 mil. Ou seja, ainda ficou devendo para a prefeitura R$ 1,2 mil e mais os R$ 5 mil para o banco.

Andando pelo Centro, Janete diz que tem costume de fazer empréstimos (Foto: Izabela Cavalcanti)
Andando pelo Centro, Janete diz que tem costume de fazer empréstimos (Foto: Izabela Cavalcanti)

Ela confessa que não calcula em qual das dívidas os juros compensam mais. “É um socorro. Na hora que vai pegar, resolve, mas depois vem a consequência e precisa se programar com as outras contas”, pontua.

A aposentada Dina Gomes, de 66 anos, diz que tem dois empréstimos. Um de R$ 1,3 mil, sendo descontado R$ 79 por mês, segundo ela, e outro de R$ 2 mil sendo descontado R$ 141 mensais.

Dina conta que tem dois empréstimos em seu nome  (Foto: Izabela Valcanti)
Dina conta que tem dois empréstimos em seu nome  (Foto: Izabela Valcanti)

“Ultimamente o salário está bem corroído e fiz empréstimo para pagar prestações mesmo e para me manter”, conta, sem querer dar muitos detalhes.

Mínimo existencial – No dia 19 de junho, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assinou decreto autorizando o aumento do mínimo existencial, saindo de R$ 303 para R$ 600.

Esse valor é referente à quantidade mínima de renda necessária para o pagamento de despesas básicas, como água e luz, protegida por lei em casos de superendividamento.

A mudança amplia a ajuda aos cidadãos que enfrentam superendividamento, ao aumentar a fatia da renda que não pode ser cobrada no crédito consignado ou bloqueada pelas instituições financeiras.

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