Curvas dos Andes limitarão produtos que poderão seguir na Bioceânica
Bitrens são proibidos em países vizinhos; carnes e manufaturados serão prioridade na Rota

RESUMO
Nossa ferramenta de IA resume a notícia para você!
A Rota Bioceânica, que conecta o Brasil à Ásia, enfrenta desafios logísticos devido às condições dos Andes, limitando o transporte de certos produtos. Caminhões com carga média de 35 toneladas poderão transitar, mas bitrens e commodities como grãos são inviáveis devido às subidas e curvas. O porto chileno não possui terminal de armazenamento para grãos. Produtos como carnes e suco de laranja, com potencial de exportação para a China, são viáveis. A rota promete reduzir o tempo de transporte em 17 dias, tornando os preços mais competitivos. Campo Grande pode se tornar um hub de distribuição de produtos asiáticos.
As condições da Rota Bioceânica, que tem parte de seu trecho de pouco mais de três mil quilômetros na Cordilheira dos Andes, impõem uma barreira para o transporte de determinados produtos no caminho que promete encurtar em até 17 dias a distância entre o Brasil e a Ásia na ida e vinda de produtos.
Carnes e outros produtos manufaturados deverão ser incluídos no trajeto, mas commodities, como grãos, não teriam viabilidade no transporte, explicou esta manhã o secretário estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação, Jaime Verruck.
Desde ontem, Campo Grande sedia um encontro sobre a Rota, reunindo representantes dos países envolvidos - Brasil, Paraguai, Argentina e Chile. Conforme Verruck, transitarão pela Rota caminhões que levam conteiners, com carga média de 35 toneladas.
No trecho dos Andes, entre Salta, na Argentina, e Iquique, no Chile, há muitas subidas e curvas que tornariam impossível a passagem de caminhões com vários eixos. Verruck mencionou que bitrens, que se tornaram muito frequentes nas rodovias do Estado carregando eucalipto, são impedidos de transitar nas estradas do Paraguai e Argentina.
Ele apontou ainda outra condição que não possibilitaria o transporte de grãos ou minérios, por exemplo. O porto chileno tem condições de receber conteiners, mas não há terminal para armazenamento.
O secretário mencionou que futuramente será possível enviar suco de laranja, uma vez que há expansão da citricultura na área rural de Mato Grosso do Sul com a promessa de vinda de indústria tão logo haja matéria-prima para a produção do suco. A China é o principal comprador de produtos do Estado e já indicou interesse no suco.
Conforme Verruck, hoje o caminho das exportações são os portos no Oceano Atlântico- Santos e Paranaguá, com a travessia no Canal do Panamá, um trajeto que pode levar 40 dias. Com a Rota, a previsão é de encurtar em 17 dias e impactar na redução dos custos, tornando os preços mais competitivos.
Ele diz que deverá ser natural a saída de caminhões pelo Mato Grosso do Sul com produtos nacionais e o retorno com industrializados exportados pela Ásia, incluindo a China. “Acho que quanto mais a gente conseguir esse fluxo de levar e trazer, vai dar mais economicidade, mais competitividade e Campo Grande pode se tornar exatamente um grande hub de distribuição de produtos importados da Ásia para o Brasil.”
Ontem, em entrevista ao Campo Grande News, Sérgio Longen, sugeriu que a Capital precisa se acelerar para criar condições atrativas para empreendimentos já pensando na Rota Bioceânica, sugerindo a criação de um “ambiente de negócios” favorável às atividades econômicas.
Confira a galeria de imagens: