Dólar alto deve inflacionar produtos e manter carne cara, diz economista
A valorização do dólar, que bateu recorde dos últimos 12 anos, tem seu aspecto positivo, conforme os economistas. A exportação se beneficia com a cotação da moeda americana a R$ 3,44. No entanto, para a dona de casa, que já anda assustada com a inflação a beira dos 9%, a alta pode elevar o custo de vida na Capital e pressionar, principalmente, o preço da carne.
Nesse cenário, até a carne, que é produzida aqui, pode inflacionar ou manter os preços, que já estão altos, conforme o coordenador do Nepes (Núcleo de Estudos e Pesquisas Econômicas e Sociais), Celso Corrêa. O economista explica que a cotação do dólar pode estimular as vendas para o mercado externo e a carne que já tem apresentado retração da produção, pode ficar mais cara ainda em Mato Grosso do Sul.
“Essa alta da moeda, vai favorecer a curto prazo o Brasil, porque vamos exportar mais, com preço mais competitivo no exterior. Com isso, as exportações de carne podem aumentar. Isso, somado a essa falta de boi para abate, não tem condições de diminuir o preço. Pode aumentar ou, pelo menos, continuar como está. O dólar vai ser problema principalmente na carne”, alerta o economista.
Celso lembra que os altos preços da carne de primeira já fazem o consumidor migrar para a de segunda, que, justamente por isso, encare ainda mais.
Expectativa – A carne deve ser uma das mais impactadas, afinal o preço já está lá em cima, mas outros produtos de alimentação tanto importados, como produzidos aqui devem sentir os reflexos. Isto, por conta do encarecimento de insumos, comprados de fora do país para utilização na indústria e nas lavouras.
São chamados de insumos os produtos essenciais para a produção, que em sua maioria são importados. “Para a exportação é bom, em compensação já aumentaram os preços dos insumos, mas isso não vai refletir imediatamente e sim a longo prazo. Na safra do ano que vem”, explica Celso. Em resumo, o que se pode esperar da valorização da moeda americana é um breve impacto positivo, pelo viés da exportação e depois negativo, por causa da importação de insumos.
O dólar aumenta também os preços de automóveis, que vêm do México e da Argentina, segundo o economista. No entanto, não se pode dizer que os preços tenham alta para o consumidor final. “A longo prazo, terá mais inflação por causa dos insumo. Os carros vêm de fora, mas não vai ter muito problema, porque teve queda de 25% nas vendas, conforme o último levantamento”, avalia.