Em MS, Bolsonaro atribui inflação a medidas de isolamento e crise internacional
Presidente disse ainda que governo está trabalhando para minimizar impactos nas importações de fertilizantes
Em evento realizado nesta terça-feira (29), em Ponta Porã, cidade de Mato Grosso do Sul que faz fronteira com o Paraguai, o presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a culpar a política do “fica em casa”, adotada por governadores e prefeitos durante o ápice da pandemia de covid-19, pelo aumento dos preços de alimentos e combustíveis em todo o Brasil.
“Vocês sabem que o Brasil enfrenta um momento difícil. Temos o problema da inflação, aumento de preço, aumento de combustíveis, mas isso tem uma causa lá de trás, que é a questão da pandemia e as políticas erradas adotadas por muitas autoridades do País. Disseram: ‘Fica em casa e a economia a gente vê depois', agora, estamos pagando um preço caro por conta disso”, avaliou Bolsonaro.
O presidente seguiu com seu discurso dizendo que eventos internacionais [como a guerra na Ucrânia] impactam diretamente a política econômica brasileira. “Também tenho que dizer a vocês que o que acontece do outro lado do mundo tem influencia aqui no Brasil”, completou.
Com o confronto entre Rússia e Ucrânia, o Brasil, que depende da importação de fertilizantes, especialmente de cloreto de potássio, passou a enfrentar problemas devido aos altos valores para aquisição do produto. Na tentativa de tranquilizar os produtores, Bolsonaro informou, sem dar muitos detalhes que sua equipe está trabalhando desde o ano passado para minimizar os impactos.
“O mundo atravessa um problema sério com os fertilizantes desde março do ano passado estamos trabalhando nisso e o problema eclodiu há poucos meses, porém já estávamos tomando providencia no tocante a isso. Não podemos deixar que ocorra no Brasil e no mundo, uma guerra pela segurança alimentar. Podemos ficar sem muitas coisas, mas sem alimento é impossível sobreviver”, disse o presidente.
Na semana passada, o presidente assinou decreto que institui o Plano Nacional de Fertilizantes 2022-2050. O texto, assinado pelo presidente em cerimônia no Palácio do Planalto, também estabeleceu a criação do Conselho Nacional de Fertilizantes e Nutrição de Plantas. Conforme informado pelo MAPA (Ministério da Agricultura e Abastecimento), o decreto faz parte de uma estratégia para reduzir a dependência do Brasil das importações de fertilizantes nos próximos 28 anos.
Atualmente, o Brasil ocupa a 4ª posição mundial com cerca de 8% do consumo global de fertilizantes. A estimativa é que 85% daqueles utilizados no Brasil sejam importados, em um mercado global com poucos fornecedores. A ideia é que, com o Plano Nacional de Fertilizantes, seja possível diminuir a dependência de importações, em 2050, dos atuais 85% para 45%, mesmo que a demanda por fertilizantes dobre nesse período.