Fazenda de MS pode ser arrematada com crédito de carbono em leilão
Imóvel com lance inicial de R$ 6,5 milhões situado em Dourados possui área de 1.849.253,5 metros quadrados
No cenário da crescente preocupação com as mudanças climáticas e a necessidade de reduzir as emissões de gases de efeito estufa, um evento inédito está prestes a ocorrer em Mato Grosso do Sul. Uma fazenda de Dourados, a 233 quilômetros de Campo Grande, poderá ser arrematada em um leilão promovido pelo Banco do Brasil com a utilização de créditos de carbono.
O imóvel rural possui uma extensa área de 1.849.253,5 metros quadrados e está situado dentro da Fazenda São Domingos. O lance mínimo inicial para arrematar o imóvel, que possui sede, galpão e porteira, é de R$ 6.295.000,00. Os lances seguem abertos até dia 7 de junho deste ano.
Conforme previsto no edital do certame, o pagamento pode ser feito integralmente em créditos de carbono ou parte em créditos e parte em moeda corrente. Também é possível pagar pelos imóveis totalmente em dinheiro. No uso dos créditos, eles poderão ser utilizados com valor unitário máximo de R$ 88,27. Segundo o Observatório de Bioeconomia da FGV (Fundação Getúlio Vargas), que monitora a precificação do carbono, o preço médio no mundo é de US$ 37, ou aproximadamente R$ 196, convertidos na cotação atual.
Vale ressaltar que preço médio do carbono varia significativamente dependendo do mercado e do tipo de transação de carbono considerado. Existem dois principais mercados de carbono: o mercado voluntário e o mercado regulado.
No mercado voluntário, as transações de carbono ocorrem por iniciativa própria das empresas e organizações, os preços podem variar amplamente. Devido à falta de regulação e padronização, os preços são determinados por oferta e demanda, além de fatores como a credibilidade e a qualidade dos projetos de compensação de carbono.
No mercado regulado, os preços do carbono são definidos através de um processo de leilão ou atribuição de cotas. Esses sistemas estabelecem limites para as emissões de carbono de determinados setores da economia e permitem a negociação de permissões de emissão entre as empresas. Os preços do carbono nesses mercados são influenciados pela oferta e demanda, bem como pela política climática do governo.
Para serem aceitos no pagamento do leilão do Banco do Brasil, os créditos do arrematante devem ser gerados de acordo com padrões e termos reconhecidos pelo mercado regulado ou pelo mercado voluntário, como o “Verified Carbon Standard”. No entanto, o banco estatal não aceitará créditos vinculados a projetos que emitam CO² pelo processo de queima, como energia oriunda de biomassa, por exemplo.
"Fomos os primeiros a investir em uma parceria com uma startup do segmento e oferecer uma experiência totalmente digital para os compradores", explicou em nota o diretor de Suprimentos, Infraestrutura e Patrimônio do Banco do Brasil, Gustavo Lellis. "Agora, alinhamos o aspecto ambiental a essas vendas, o que reforça o compromisso assumido pelo banco por meio da sua Agenda 30 de sustentabilidade”, reforçou.
Após o arremate, o Banco do Brasil terá 10 dias úteis para validar e declarar a aceitabilidade do certificado de crédito de carbono apresentado pelo arrematante como pagamento pela aquisição do imóvel. Ocorrendo a aceitação do Certificado de Crédito de Carbono, o vencedor do certame deverá apresentar, em até 10 dias, a comprovação de transferência da titularidade para o banco do montante devido para quitação do imóvel.
Além da propriedade ofertada em Mato Grosso do Sul, fazem parte do certame com possibilidades de aquisição com créditos de carbono outros 5 imóveis em Goiás, Mato Grosso, Paraná e Santa Catarina. A sessão de disputa on-line e o edital do leilão podem ser conferidos no site: www.lancenoleilao.com.br.