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Economia

Firmado o acordo Mercosul e União Europeia para livre comércio

Mato Grosso do Sul pode ganhar com a abertura de novos mercados para carnes e grãos

Por Maristela Brunetto | 06/12/2024 10:30
Firmado o acordo Mercosul e União Europeia para livre comércio
Presidentes sul-americanos e Ursula, da União Europeia, comemoram o acordo após longos anos de tentativas (Foto: Divulgação Presidência/Ricardo Stucker)

Depois de muitos anos de debates e idas e vindas, foi anunciado esta manhã (6) que as negociações chegaram a um acordo sobre o acordo Mercosul e União Europeia para livre comércio, cenário que pode favorecer Mato Grosso do Sul com a exportação de carne e grãos. A notícia foi divulgada em Montevidéu, onde presidentes sul-americanos e lideranças dos dois blocos se reuniram. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva seguiu para lá depois de participar, ontem (5) cedo, da inauguração de uma fábrica de celulose da Suzano em Ribas do Rio Pardo.

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Após anos de negociações, foi anunciado um acordo histórico entre o Mercosul e a União Europeia para um tratado de livre comércio, que promete beneficiar a exportação de carne e grãos do Brasil, especialmente Mato Grosso do Sul. O acordo, que ainda precisa ser formalizado e aprovado pelos parlamentos, prevê a redução ou eliminação de tarifas de exportação para 70% a 90% dos produtos. A reunião em Montevidéu contou com a presença dos presidentes sul-americanos e da chefe da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que destacou a importância da cooperação em um contexto de crescente protecionismo. O Ipea estima que o Brasil pode ver um crescimento de 0,46% em seu PIB devido a este acordo, que representa um marco significativo para o Mercosul e suas relações comerciais.

As restrições ambientais dos países europeus, em especial a França, e até mesmo recuo da Argentina após a eleição do atual presidente Javier Milei, acabaram prejudicando as negociações. O Brasil chegou a enviar missões à sede da União Europeia, em Bruxelas, para defender a preocupação ambiental do Brasil com as atividades produtivas.

O bloco rejeita a possibilidade de aquisição de produtos originados em áreas de desmatamento. Chegou a mudar legislação, criando maior rigor. Pelo Estado, o secretário estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação, Jaime Verruck, participou de reuniões e defendeu a sustentabilidade da produção.

Na divulgação de que vai sair o acordo, após 25 anos de tentativas, estavam os presidentes Lula (Brasil), Milei (Argentina), Luis Lacalle Pou (Uruguai) e Santiago Peña (Paraguai) e a chefe da Comissão Europeia, a alemã Ursula von der Leyen. O tom foi de cooperação entre os blocos, em um aceno contra defensores do protecionismo. Recentemente, na França, houve manifestações de boicote à carne brasileira, como as falas do CEO do Carrefour, Alexandre Bompard, como meio de pressão contra o acordo. Os produtores do País reclamam que há tolerância com outros países, enquanto para os franceses há excesso de limites ambientais para a atividade rural.

O governador do Estado, Eduardo Riedel, reprovou a conduta, dizendo que prejudicava as relações comerciais. Outros políticos do Estado também repudiaram as falas e houve até movimento de frigoríficos brasileiros de parar de vender carne àquele país, mas o clima se arrefeceu após um recuo do executivo europeu.

"Estamos enviando uma clara mensagem: num mundo em confrontação, nós mostramos que democracias podem vigorar. Isso é uma necessidade política, não apenas econômica", disse Ursula, que citou o esforço brasileiro na preservação da Amazônia, segundo a Folha de SP.

"No Mercosul não temos todos a mesma ideologia", seguiu o centro-direitista. "E todos sabemos o fácil que é destruir, mas o difícil que é construir. Nossa responsabilidade foi tirar o que nos desune e ficar no virtuoso: união e acordo."

Deverá ser adotada uma estratégia de avançar nas medidas comerciais do acordo enquanto os termos ainda passem pela aprovação nos parlamentos, nos países, estados e no Parlamento Europeu.

O Brasil encabeçou as tratativas pelo bloco sul-americano e foram acordados alguns aspectos para chegar ao acordo, como a possibilidade de maior participação dos europeus em compras públicas no País.

Conforme a Folha, o tratado deve envolver um mercado comum de 718 milhões de pessoas em economias que, somadas, chegam a US$ 22 trilhões. Os termos finais do acordo ainda serão tornados públicos, mas se sabe que para o Mercosul, serão zeradas ou reduzidas tarifas de exportação para a UE de cerca de 70% a 90% dos produtos. O bloco europeu tem interesse sobre a produção do agro, o que favorece o Brasil. O Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) considera que o país pode ter um crescimento de 0,46% do PIB (produto interno bruto), equivalente a US$ 9,3 bilhões a preços constantes de 2023.

Merece comemoração - O senador Nelsinho Trad (PSD-MS), presidente do Parlasul (presidente da Representação Brasileira no Parlamento do Mercosul), disse que o acordo é motivo de comemoração, depois de tantos anos de tentativas. "Este é um marco histórico para o Mercosul e para o Brasil. Após décadas de negociações, avançamos significativamente na consolidação de uma das maiores zonas de livre comércio do mundo. Sempre defendi que nossos produtores fossem ouvidos e respeitados", afirmou o senador, em relação à sua atuação no Parlasul.

Ele destacou os ganhos que o Estado pode alcançar, com exportação de soja e carne, e lembrou os caminhos ainda a serem percorridos até a efetivação das relações entre os blocos, como a tradução do texto para as 23 línguas oficiais da União Europeia e a aprovação pelos parlamentos. No lado do Mercosul, ele mencionou a importação da união entre os países. "A coesão dos países do Mercosul será determinante para que este acordo traga os benefícios esperados. Precisamos trabalhar juntos para alinhar nossas prioridades, fortalecer nossa posição como bloco estratégico e garantir que os ganhos sejam distribuídos de forma equilibrada", concluiu o senador Nelsinho Trad.

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