Janeiro supera expectativas e setor de veículos novos volta à cena na Capital
Bonificações, descontos e taxa zero influenciaram a compra de veículos no início do ano
Após a queda nas vendas de veículos novos em todo País durante a pandemia do novo coronavírus, o mês de janeiro de 2023 tem superado as expectativas do mercado e os ventos são favoráveis ao setor. Nos últimos dois anos houve aumento do interesse do consumidor nos carros seminovos, mas agora, a situação parece começar a se inverter.
De acordo com a Fenabrave-MS (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores de Mato Grosso do Sul), a expectativa segue a projeção geral do país, que é de vendas crescentes, na casa dos 3,3% em 2023 e pode chegar a 6,6 milhões de novas unidades em circulação.
“As montadoras estão promovendo promoções, por exemplo, estão dando descontos de até R$ 14 mil em determinados veículos. Dá para afirmar que é um bom momento para quem quer trocar o carro por um novo”, pontuou a federação em nota à reportagem.
Entre as estratégias para atrair clientes está a supervalorização do carro usado, bônus, taxa zero e descontos. “Cada marca tem sua estratégia. Algumas anunciam supervalorização do usado do cliente que entra na troca, outras pagam valor da tabela FIPE e às vezes até acima. As montadoras podem entrar com bônus, como é o caso da Peugeot e Citroën”, disse a Fenabrave-MS.
O diretor comercial da Fiat em Mato Grosso do Sul, do grupo Enzo, William Almeida, de 57 anos, confirmou a declaração da federação e disse que o mercado estará aquecido em 2023.
“A expectativa é das melhores, conseguimos finalizar dezembro com bastante carro em estoque, até para atender a demanda, porque as montadoras param pelas férias. Então pra nós, em relação a dezembro está superior. Vimos um crescimento de 10 a 15%. A expectativa para o ano é maravilhosa, talvez algumas adequações, taxas, margem, preço, bonificações e incentivos ajudem ainda mais”, ressaltou.
Com a volta dos novos, William afirmou que o mercado dos seminovos deve voltar a ser o que era antes da pandemia, categoria menos procurada quando comparada aos veículos zero km, de acordo com o diretor.
“Esse ano vai ser a volta dos novos. O que aconteceu no mercado dos semis foi a falta de produtos, faltando isso os usados sobem, quando tem carros novos no mercado, os usados caem. Tá todo mundo (montadoras) começando o ano com estoque. Em 2020 tínhamos 50 carros em estoque, em 2021 terminamos com 100 e poucos e 2022 com 300 carros. É um bom momento para investir”, disse.
Edson Baú, de 33 anos, é gerente comercial da Peugeot e Citroen em Campo Grande, e reafirmou que janeiro tem sido um período de mais procura que dezembro de 2022. “O mês já se projeta melhor que dezembro. Para as revendas é o momento que as fábricas estão finalizando os estoques ano/modelo e por isso colocam condições para últimas unidades como descontos, taxas especiais, bônus não usado condição que não tinha antes no ano anterior”, disse.
Para o gerente, esse também é o momento de investir. “Para o consumidor que barganha preço é o momento certo para comprar e aproveitar todas essas condições favoráveis”. finalizou.
Seminovos - O panorama positivo para os veículos novos respinga nas garagens da Capital. No corredor dos seminovos, na Avenida Bandeirantes, vendedores afirmam que a procura desacelerou significativamente comparado ao mesmo período de 2022.
O vendedor Luiz Carlos de Oliveira Júnior, da loja Simone Automóveis, ressaltou que ainda não conseguiram vender 15 carros em 19 dias do mês de janeiro. “Tá meio devagar, diminuiu bem, tem procura, mas as vendas caíram por causa de valores. A gente vende uma média de 15 a 20 carros quando está normal. Até agora não chegamos a 15. A expectativa é de que vá melhorar, já teve anos piores”, disse.
Para Luiz, o que tem dificultado a compra é a aprovação do financiamento feito pelos bancos “se mudar as condições de financiamento começa a andar”, comentou.
Nelson Silvério Júnior, 39 anos, vendedor da loja Castelos Automóveis, também acha que o mês não tem sido bom para os setor de seminovos “janeiro sempre foi um mês bom, mas dessa vez está quieto, tá horrível, fraco de venda. A princípio o pessoal está com um pouco de receio de trocar de carro, fazer dívida".
Motos - Na categoria motos o dono do V2 Motors, evidenciou que tem expectativas de que o cenário melhore. “A esperança é que fique melhor. Janeiro é um mês de muitos gastos: escolas, IPVA, IPTU. Não está aquela maravilha, mas ainda está saindo bem. A moto sai mais porque é um pouco mais barata, acessível. Vendo em torno de 10 a 15 motos por mês, já os carros são 5 a 6”.
O proprietário compartilha da opinião dos colegas de profissão no quesito dificuldade de aprovação de crédito como impedimento para compra. “Tá muito difícil aprovar o crédito. Às vezes o pessoal está com nome limpo, tem renda e não aprova. Ta complicado a linha de crédito para automóvel. O banco está bem mais seletivo”, finalizou.