Javali pode provocar danos de até 10% na produção de milho
Considerado um animal exótico e com uma população que cresce anualmente em Mato Grosso do Sul, o javali pode causar prejuízos de até 10% em lavouras e até mesmo na pecuária. O ataque do animal aos plantios do Estado ocorre há alguns anos, porém, tem se intensificado, principalmente nas lavouras de milho e cana, onde os prejuízos são maiores, aponta a instituição de pesquisas Fundação MS.
Na safrinha 2013, foi feita uma avaliação de perdas em algumas lavouras na região de Rio Brilhante, a 163 quilômetros de Campo Grande, onde foi identificado que, em algumas situações, os prejuízos podem chegar a até 10% sobre a produção final. “Além disso, percebe-se também um grande dano ao meio ambiente, pelo revolvimento do solo que os animais realizam às beiras das nascentes, córregos e mata ciliar, onde procuram raízes, tubérculos e animais subterrâneos para sua alimentação”, explica o supervisor de Implementação da Programação de Transferência de Tecnologia da Embrapa Agropecuária Oeste, Euclides Maranho.
O assunto será debatido em palestras durante a 18ª edição do Showtec, evento agropecuário realizado pela Fundação MS, em Maracaju. O caso de Rio Brilhante será tema do painel “Impacto do javali na agricultura de Mato Grosso do Sul”, ministrado por Maranho e pelo engenheiro agrônomo Juarez Kalife Filho.
Risco aos suínos - O manejo e monitoramento sanitário do javali também serão discutidos no evento, na palestra ministrada pela médica veterinária da Embrapa Suínos e Aves, Dra. Virgínia Santiago. Ela explica que os javalis podem representar risco aos suínos domésticos, uma vez que são suscetíveis a diversas doenças comuns aos suínos e outras espécies animais, além de serem sujeitos a algumas zoonoses de importância em saúde pública.
“Tratam-se de animais de vida livre cuja condição sanitária não é monitorada pelos serviços veterinários, sendo ainda desconhecida. Desta forma, o principal cuidado a ser tomado é evitar que os javalis tenham contato com as espécies domésticas”, explica. Umas das formas para que isso aconteça é o uso de barreiras físicas, como as cercas de proteção da granja.
Virgínia afirma também que essa questão não é apenas sanitária, e que existe uma série de condições no Brasil que favorece o estabelecimento e expansão das populações da espécie em diversas regiões. “É muito importante o controle populacional do javali. Para isso, existe a Instrução Normativa n. 3, de 31 de janeiro de 2013, do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), que prevê o controle do animal por meio do abate, devido à sua ação invasora e prejudicial”, finaliza.
Serviço - O Showtec irá acontecer de 22 a 24 de janeiro de 2014, em Maracaju, e é realizado pela Fundação MS com apoio da Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de MS), Sistema OCB/MS e Aprosoja/MS (Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso do Sul) e conta com a participação de outras entidades e instituições de pesquisa.