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Economia

Malha Oeste da ferrovia caminha para licitação sair no segundo semestre

Reativação do trecho entre Corumbá até Mairinque (SP) terá investimento de até R$ 15 bilhões

Gabriela Couto | 29/06/2022 10:01
Trecho de ferrovia que corta Mato Grosso do Sul (Foto: Chico Ribeiro/Segov)
Trecho de ferrovia que corta Mato Grosso do Sul (Foto: Chico Ribeiro/Segov)

Depois de conseguir destravar o projeto da Nova Ferroeste, que terá edital publicado nos próximos meses na B3, o governo do Estado confirma outro passo importante para reativar mais um trecho importante de ferrovia em Mato Grosso do Sul, a Malha Oeste.

A estrada de ferro que liga Corumbá, a 428 km de Campo Grande, cortando o Estado até São Paulo, onde termina a malha em Mairinque, deve receber um investimento de R$ 15 bilhões, com previsão de concessão por 40 anos. E o mais importante, desafogo um tráfego de 700 carretas que passam diariamente pela BR-262, cortando o Pantanal sul-mato-grossense e matando milhares de animais silvestres todos os anos.

Conforme anunciado pelo secretário de Parcerias em Transportes no Ministério da Economia, Leonardo de Freitas Maciel, o estudo de viabilidade técnica e econômica que vai dar suporte ao processo para a relicitação da Malha Oeste deverá ser concluído até julho.

O documento é o passo decisivo para que os trâmites da reativação dos quase 2 mil quilômetros do trecho ferroviário avancem, com previsão de realizar as consultas públicas até agosto deste ano. A meta é de que a nova concessionária, que vencer a licitação, faça a revitalização de dormentes, troca de trilhos, entre outros, para que se possa escoar minérios e outros produtos.

Nos trilhos de novo – A estruturação do projeto para a relicitação da Malha Oeste é realizada pelo consórcio ‘Nos Trilhos de Novo’, composto por quatro empresas e liderado pela Latina Projetos Civis e Associados. O projeto foi contratado por meio do CAF (Banco de Desenvolvimento da América Latina) e inserido no Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) do Governo Federal.

Desde julho de 2020, a Rumo Malha Oeste devolveu a concessão do trecho e entregou o contrato para nova licitação. Por isso a necessidade de estudos para esse processo da nova concessão que envolve todo o ramal da Malha Oeste, tornando o trecho tecnicamente e economicamente viável e com a infraestrutura disponível.

Assim que terminado o estudo, o documento será encaminhada ao TCU (Tribunal de Contas da União), que irá se manifestar para então sair ser publicado o edital. “A expectativa é que o edital saia ainda esse ano", afirmou o secretário de Parcerias em Transportes no Ministério da Economia.

A nova ferrovia faz parte do planejamento do governo do Estado em relação ao incremento de eixos para logística de Mato Grosso do Sul. "Na questão portuária nós abrimos todo Porto Murtinho, Ladário e Corumbá. Pensamos na utilização da hidrovia, na integração rodoviária com investimentos do Fundersul e Fonte 100 fazendo uma integração e abrindo novas áreas principalmente para atender o avanço da agricultura de Mato Grosso do Sul. Nós tivemos um foco muito claro além da Bioceânica, que é rodoviária a questão da retomada da implementação dos trilhos", explicou o secretário de Estado, Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico e Agricultura Familiar, Jaime Verruck.

Ele relembra a importância do marco regulatório das ferrovias no país, criando um novo regime de autorização. "Isso tem facilitado os novos avanços na questão ferroviária brasileira. Na semana passada assinamos a consulta pública do edital da Nova Ferroeste ligando Maracaju até Paranaguá. Mas no caso da Malha Oeste sempre houve uma angústia da população sul-mato-grossense e de todos os municípios",  frisou destacando que a Malha Oeste é a antiga Noroeste do Brasil.

Vagões estacionados em trecho de ferrovia em MS (Foto: Chico Ribeiro/Segov)
Vagões estacionados em trecho de ferrovia em MS (Foto: Chico Ribeiro/Segov)

Trajeto – A linha sai do município de Mairinque (SP) com direito de passagem por Santos, vindo por todo o oeste paulista, chegando no município de Três Lagoas, passando por Água Clara, Ribas, Campo Grande, Terenos, Anastácio, Aquidauana, Miranda e depois chegando ao município de Corumbá.

"Esta linha passa por todo o Mato Grosso do Sul. E essa ferrovia hoje nós estamos sem ela há muito tempo. Ela pertencia a concessionária Rumo, não houve viabilização, não houve investimentos necessários para que ela tivesse a sua recuperação", destacou.

Ao longo desse período, Verruck recorda que o Estado teve vários estudos. "O Governo do Estado investiu muito em estudos e até que a Malha Oeste pudesse ser entregue, devolvida pela Rumo. A concessionária fez uma devolução amigável dessa ferrovia e a coordenadoria de PPI (Parcerias públicas de investimentos) do governo federal contratou um estudo que está sendo gasto aí praticamente R$ 4 milhões. É um estudo técnico, EVETEA, de viabilidade dessa ferrovia. O estudo foi finalizado com o conceito de rebitolagem, que seria a mudança para a bitola larga, que é mais eficiente. Estamos fazendo estudos de treino, de terminais, alteração de curvas. A velocidade média, tempo de concessão, os recursos previstos que serão em torno de R$ 15 bilhões. Então tudo isso está pronto", argumentou.

Verruck destacou a importância da retomada da Malha Oeste para transferir toda a carga de minério escoada pelos 700 caminhões por dia, com a redução de custo. “Isso deve representar redução de emissões de carbono, diminuição de acidentes. Vamos ainda dar agilidade, vamos reduzir custo de produção do minério de ferro. Depois disso nós pegaremos toda essa estruturação da celulose. Todo crescimento agrícola do Estado. Nós podemos trazer ureia da Bolívia pra um hub de distribuição a partir de Campo Grande. Podemos levar todos equipamentos que no passado já eram levados pra Bolívia", pontuou.

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