Planos de pré-candidatos para ferrovias vão da Nova Ferroeste a Trem do Pantanal
O comparativo é que um trem com 100 vagões tire 357 caminhões das rodovias
Com projeção de início das obras até 2024, a Nova Ferroeste fará a ligação por trilhos entre Maracaju (MS) e o Porto de Paranaguá (Paraná), polos do agronegócio brasileiro. A expectativa é reduzir em 28% os custos logísticos.
Ao todo, o traçado de 1.291 quilômetros vai percorrer 49 municípios, sendo 41 no Paraná e oito em solo sul-mato-grossense. Em MS, a ferrovia vai passar por Mundo Novo, Eldorado, Iguatemi, Amambai, Caarapó, Dourados, Itaporã e Maracaju.
Com o escoamento por trem, haverá redução do tráfego de veículos de carga, principalmente na BR-163, que corta Mato Grosso do Sul.
O modal ferroviário caracteriza-se, especialmente, por sua capacidade em transportar grandes volumes de carga, com elevada eficiência energética, principalmente em casos de deslocamentos a médias e grandes distâncias. Quando comparado com o modal rodoviário apresenta maior segurança, menor índice de acidentes e menor incidência de furtos e roubos.
O comparativo é que um trem com 100 vagões substitua 357 caminhões, ambos com capacidade aproximada de 100 toneladas de carregamento.
Pela Nova Ferroeste devem passar as seguintes cargas: açúcar, adubos (fertilizantes), farelo de soja, milho, soja, trigo, petróleo e derivados, óleo de soja, carnes e miudezas.
Nos 345 km do trecho sul-mato-grossense da Nova Ferroeste, que vai de Maracaju até Mundo Novo, os investimentos chegam a R$ 4 bilhões. Os recursos necessários para a construção da ferrovia serão obtidos por meio de leilão na Bolsa de Valores.
Diante da relevância do modal para a economia, o Campo Grande News questionou os pré-candidatos sobre os projetos para as ferrovias do Estado.
Rose Modesto (União Brasil)
Nas últimas décadas, o Brasil avançou pouco na ampliação do modal ferroviário. Aqui, em Mato Grosso do Sul, não foi diferente. Embora o estado tenha uma relação histórica com a ferrovia, no passado ela alavancou o desenvolvimento regional, hoje, essa mesma malha estratégica, que poderia promover um transporte acessível, seguro e de baixo impacto ambiental, encontra-se obsoleta e com trechos desativados.
Mas, na vida pública, tenho atuado para mudar esse cenário. Como vice-governadora, participei da assinatura do protocolo de cooperação técnica com o governo alemão para detalhar parâmetros e padrões dos equipamentos a serem usados na Ferrovia Transamericana, que ligará o porto de Ilo, no Peru, ao Porto de Santos (SP), via Mato Grosso do Sul. Há intenção de ações conjuntas com o Governo de São Paulo para a revitalização da malha oeste ferroviária e nosso governo vai priorizar a implementação dessa parceria.
Precisamos recuperar, urgentemente, os trechos Três Lagoas-Corumbá, Campo Grande-Ponta Porã e apoiar a viabilização da Ferroeste, que ligará Maracaju ao Porto de Paranaguá. Queremos, ainda, fomentar a construção do trecho Maracaju-Porto Murtinho.
Assim, nosso plano ferroviário ativará um sistema de macro logística com integração de outros modais e conexões interestaduais e internacionais. O MS que faremos vai garantir deslocamento econômico, eficiente e sustentável de cargas e pessoas, e possibilitar maior prosperidade para os sul-mato-grossenses.
Capitão Contar (PRTB)
Investimentos, parcerias e especialmente vontade política, serão as peças chaves para que as ferrovias voltem a ser um importante meio de transporte para Mato Grosso do Sul e para o Brasil.
Temos por exemplo a ferrovia Malha Oeste, que liga Mato Grosso do Sul a São Paulo, e que possibilita o escoamento da produção do Estado pelo Porto de Santos, mas que necessita de uma grande revitalização e modernização para que possa operar não só para escoamento de minério de ferro, mas com a estrutura adequada para escoar outros produtos, já que a utilização também pode ser requerida por empresas privadas, graças a Medida Provisória nº 1.065 de 2021, que permite a exploração privada de ferrovias por meio de autorização ampliando as possibilidades de reativação da malha ferroviária de Mato Grosso do Sul, e isso abre um leque de oportunidades de parcerias que muito contribuirá para o crescimento do Estado.
Também estão a todo vapor os estudos para implantação da ferrovia que ligará Maracaju à Paranaguá, passando por 8 cidades no Estado, sendo elas, Maracaju, Itaporã, Dourados, Caarapó, Amambai, Iguatemi, Eldorado e Mundo Novo. O projeto busca implementar o segundo maior corredor de transporte de grãos e contêineres do País, unindo dois dos principais polos exportadores do agronegócio brasileiro.
Estudos de viabilidades e parcerias para a construção de ramais ferroviários também são de grande importância, uma vez que permitirão grandes ganhos para a logística do Estado. São grandes empreendimentos e ambos de grande importância econômica. Investir em ferrovia é investir em desenvolvimento, agilidade, competitividade e economia, e isso é de interesse não só para Mato Grosso do Sul, mas para todo o País.
Marquinhos Trad (PSD)
O investimento na Ferroeste é necessário e muito bem-vindo. A ferrovia é um modal de transporte mais limpo do ponto de vista ambiental, mais econômico e traz mais segurança às nossas rodovias, por retirar delas um grande número de carretas transportando cargas.
Quando concluída, a Ferroeste vai se constituir num importante vetor de desenvolvimento para o MS, saindo de Maracaju e cruzando 9 municípios do estado que terão mais facilidade para escoar seus produtos até o porto de Paranaguá e, a partir daí, alcançarem o mercado mundial. Também temos que ter um olhar sobre a Malha Oeste. A reativação desta ferrovia, ligando Corumbá a Mairinque e ainda com um ramal para Ponta Porã, vai ser uma das metas de nosso governo.
Enquanto prefeito de Campo Grande estivemos em Brasília tratando de questões de infraestrutura e a Malha Oeste foi um dos temas abordados. Recentemente, foi criado o Novo Marco Legal das ferrovias, possibilitando às empresas uma manifestação desse interesse, evitando os longos e complicados processos de licitação, o que vai facilitar e agilizar os investimentos nesta área.
Além da enorme importância das ferrovias para o transporte de cargas no Estado, ainda há um grande potencial turístico a ser explorado e um exemplo disso é a possibilidade de voltarmos a poder contar com o Trem do Pantanal, tão simbólico para a cultura sul-mato-grossense.
André Puccinelli (MDB)
O projeto mais importante que temos para o Estado é o da Ferroeste, que ligará a cidade de Maracaju ao Porto de Paranaguá. A obra será feita pela iniciativa privada, mas depende do apoio, da agilidade e da ação política do governo estadual para que, de fato, saia do papel. Estamos nessa batalha há mais 15 anos. Foi em meu governo que assinamos o primeiro protocolo com o governo do Paraná (Beto Richa), para realização do projeto executivo.
Nesse período, estive várias vezes em Brasília, conversando com os presidentes FHC, Lula e Dilma, com ministros de Minas e Energia e dos Transportes, com os deputados de MS e do Paraná, na luta para dar andamento à ferrovia, que depende de marcos legais, projetos de lei estaduais e um perfeito entendimento com os órgãos ambientais.
É um dos projetos mais esperados para acelerarmos o dinamismo de nossa economia. Um trem de carga com 100 vagões retira cerca de 350 caminhões das estradas. Com isso diminuímos drasticamente os acidentes e mortes nas estradas, evitamos a emissão de gases nocivos ao meio ambiente e tornamos mais barato o frete por tonelada de produto transportado.
Estudos mostram que a chegada da Ferroeste vai reduzir os valores do frete em 32%. Nossos principais produtos: o milho, a soja, o trigo e o minério de ferro serão os maiores beneficiários dessa redução do “Custo Brasil”. Além disso, a Ferroeste vai promover o desenvolvimento regional, abrir outros mercados para o agronegócio e ampliar a oferta de empregos em Mato Grosso do Sul. Terá apoio total desde o primeiro dia de governo.
Giselle Marques (PT)
É preciso recuperar a história do transporte ferroviário no Brasil, lembrar que a rede existente remonta aos anos 30, e infelizmente foi sucateada pela política entreguista do capital. São escolhas políticas equivocadas como essa que não podemos mais permitir. Para um estado como o MS, servido por duas grandes hidrovias, a integração modal é importante, e contribuirá com o desenvolvimento sustentável; por isso terá o meu apoio.
Para além disso, no entanto, pretendo como governadora articular junto com o Lula, que é nosso pré-candidato à Presidência da República pelo meu partido, o PT, a recuperação da rede ferroviária no MS, tão importante para o escoamento da nossa produção. É um sistema de transporte mais ecológico e seguro que o rodoviário, e vai evitar a emissão de gases de efeito estufa na atmosfera, retirando milhares de caminhões das estradas.
As ferrovias serão prioridade no nosso governo, na perspectiva de criar uma rota de turismo com o transporte de passageiros cortando o Pantanal, passando pelas aldeias indígenas e comunidades quilombolas, que devem ser integradas nesse processo para a comercialização do artesanato, das farinhas (como a de bocaiuva e de mandioca) e frutas, com passeios guiados às belíssimas cachoeiras e cânions da Serra de Maracaju.
Eu, particularmente, tenho uma relação afetiva com a ferrovia, pois minha infância se esvaiu pelos trilhos que ligam Campo Grande, onde nasci, a Corumbá, onde cresci às margens da ferrovia RFFSA e do Rio Paraguai. Quero que as gerações mais jovens do mundo inteiro possam usufruir desse privilégio que é viajar pelo Pantanal de trem, e cruzar a fronteira para conhecer nossos “hermanos” da latino América.
Eduardo Riedel (PSDB)
O primeiro passo é ouvir a população. É o que estou fazendo neste momento, percorrendo o Estado, conversando com as pessoas no intuito de ouvir suas demandas, as prioridades que servirão para o alicerce da construção do plano de governo que será apresentado à sociedade e justiça eleitoral no momento oportuno. As ferrovias, de fato, são de extrema importância e, com certeza, estão em nosso horizonte.
Mato Grosso do Sul vive um processo de retomada da malha ferroviária com investimentos que vão escoar grãos, minério, carne a celulose em um cenário de desenvolvimento. Isso será possível graças as parcerias firmadas entre o Governos de Mato Grosso do Sul e Paraná com a iniciativa privada.
Pelo menos seis projetos estão tramitando hoje no Ministério da Infraestrutura que vão garantir ao menos 560 quilômetros de malha ferroviária. A modernização da malha ferroviária de Mato Grosso do Sul é uma medida estratégica para o desenvolvimento do Estado. Entre estas parcerias, a mais importante é a Nova Ferroeste que já está avançando à passos largos.
Trata-se de um projeto grandioso, que vai levar de grãos a carnes dos principais polos produtivos de MS até os mais importantes portos do país. Minha gestão terá um compromisso com desenvolvimento de MS, e isso passa pelo incentivo deste modal.