Esteticista presa aplicava substância letal em clínica clandestina
O Lipostabil, usado ilegalmente para eliminar gordura, pode causar graves efeitos colaterais
RESUMO
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A esteticista Bruna Paniago de Almeida foi presa em Campo Grande por aplicar Lipostabil, substância proibida e letal, em uma clínica clandestina. A clínica, sem licença, foi fechada pela Vigilância Sanitária. O Lipostabil, usado ilegalmente para eliminar gordura, pode causar graves efeitos colaterais. Bruna, sem comprovação profissional, também aplicava ácido hialurônico e toxina botulínica, ambos restritos a médicos. A polícia encontrou descarte irregular de materiais contaminantes e procedimentos médicos ilegais. Bruna foi monitorada por um ano e presa após denúncia. Ela responderá por exercício ilegal da profissão e outros crimes.
A esteticista Bruna Paniago de Almeida, de 31 anos, presa nesta segunda-feira (14), aplicava em suas pacientes Lipostabil, substância letal e proibida no Brasil. A clínica onde ela atuava funcionava de forma irregular, em uma sala alugada, na Vila Piratininga, em Campo Grande. O local foi fechado pela Vigilância Sanitária.
O Lipostabil foi o principal foco da investigação. A substância, cujo princípio ativo é a fosfatidilcolina, foi originalmente desenvolvida para o tratamento de embolias pulmonares e hepáticas. No entanto, seu uso estético se popularizou de forma perigosa, principalmente em procedimentos voltados à eliminação de gordura localizada — prática que não possui aprovação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
A Anvisa proíbe o uso do Lipostabil em procedimentos estéticos por causa de seus efeitos colaterais severos. Aplicações não controladas podem causar inflamações, necroses, reações alérgicas intensas e até levar à morte. Por esse motivo, o uso da substância é terminantemente vetado fora de protocolos médicos altamente controlados e restritos a ambientes hospitalares.
Entre os produtos apreendidos estavam o ácido hialurônico e a toxina botulínica, ambos com uso restrito a profissionais médicos em determinados procedimentos. Apesar de a suspeita afirmar ser formada em estética — o que lhe permitiria executar apenas procedimentos não invasivos —, ela não apresentou nenhuma documentação que comprovasse sua habilitação profissional. A esteticista também alegou que apresentaria as notas fiscais do ácido hialurônico, que foi encontrado armazenado de forma irregular, fora da refrigeração adequada.
Durante a ação, a equipe da Decon (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Contra as Relações de Consumo) constatou ainda o descarte irregular de materiais contaminantes, como agulhas usadas, em lixo comum — colocando em risco os profissionais da coleta urbana. Além disso, o procedimento conhecido como Skinbooster, que havia acabado de ser realizado, é de uso exclusivo de médicos dermatologistas e foi feito sem nenhuma das licenças exigidas por lei.
Bruna foi presa por exercício ilegal da profissão, indução ao erro e por expor a saúde de terceiros a perigo iminente. Ela foi levada para uma cela da 2ª Delegacia de Polícia Civil, onde aguarda para passar por audiência de custódia.
Prisão - O delegado Reginaldo Salomão informou que Bruna era monitorada há quase um ano e que só não foi presa antes porque nunca mantinha um mesmo endereço para atendimentos. Além disso, não tinha nenhum bem em seu nome, o que dificultava ainda mais sua localização. Segundo Salomão, nem mesmo o celular que ela usava estava registrado no nome dela. Os policias a encontraram após denúncia de vítima na Decon.
No local estavam duas mulheres: uma delas acabava de encerrar um procedimento de preenchimento labial e outra aguardava atendimento. Sem se identificar, uma delas falou com a reportagem e exclamou “graças a Deus” ao ser questionada se algum dos procedimentos que realizou havia dado problema. A mulher realizaria a quarta sessão de preenchimento labial na clínica esta tarde. “Eu fiz quatro vezes o procedimento, coloquei uns 20 ml de ácido. Não da mesma vez, mas as quatro vezes eu coloquei”, disse.
Bruna Paniago ainda realizava aplicação de toxina botulínica e ácido hialurônico a valores bem abaixo do mercado. Suas redes sociais são privadas e têm poucas postagens sobre seu trabalho. De quatro vídeos que mostram sua atuação, um é de aplicação de botox e outro de preenchimento labial.
A perícia encontrou na clínica clandestina, 30 notas fiscais de procedimentos realizados e vai atrás de outras vítimas. Um dos casos foi registrado pelo Campo Grande News e envolveu a nutricionista Lorena Pereira de Sena, que entrou na Justiça contra a esteticista. Conforme a Decon, Bruna chegou a começar o curso de Biomedicina, mas não terminou.

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