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Capital

Esteticista presa aplicava substância letal em clínica clandestina

O Lipostabil, usado ilegalmente para eliminar gordura, pode causar graves efeitos colaterais

Por Bruna Marques | 15/04/2025 09:37


RESUMO

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A esteticista Bruna Paniago de Almeida foi presa em Campo Grande por aplicar Lipostabil, substância proibida e letal, em uma clínica clandestina. A clínica, sem licença, foi fechada pela Vigilância Sanitária. O Lipostabil, usado ilegalmente para eliminar gordura, pode causar graves efeitos colaterais. Bruna, sem comprovação profissional, também aplicava ácido hialurônico e toxina botulínica, ambos restritos a médicos. A polícia encontrou descarte irregular de materiais contaminantes e procedimentos médicos ilegais. Bruna foi monitorada por um ano e presa após denúncia. Ela responderá por exercício ilegal da profissão e outros crimes.

A esteticista Bruna Paniago de Almeida, de 31 anos, presa nesta segunda-feira (14), aplicava em suas pacientes Lipostabil, substância letal e proibida no Brasil. A clínica onde ela atuava funcionava de forma irregular, em uma sala alugada, na Vila Piratininga, em Campo Grande. O local foi fechado pela Vigilância Sanitária.

O Lipostabil foi o principal foco da investigação. A substância, cujo princípio ativo é a fosfatidilcolina, foi originalmente desenvolvida para o tratamento de embolias pulmonares e hepáticas. No entanto, seu uso estético se popularizou de forma perigosa, principalmente em procedimentos voltados à eliminação de gordura localizada — prática que não possui aprovação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

A Anvisa proíbe o uso do Lipostabil em procedimentos estéticos por causa de seus efeitos colaterais severos. Aplicações não controladas podem causar inflamações, necroses, reações alérgicas intensas e até levar à morte. Por esse motivo, o uso da substância é terminantemente vetado fora de protocolos médicos altamente controlados e restritos a ambientes hospitalares.

Entre os produtos apreendidos estavam o ácido hialurônico e a toxina botulínica, ambos com uso restrito a profissionais médicos em determinados procedimentos. Apesar de a suspeita afirmar ser formada em estética — o que lhe permitiria executar apenas procedimentos não invasivos —, ela não apresentou nenhuma documentação que comprovasse sua habilitação profissional. A esteticista também alegou que apresentaria as notas fiscais do ácido hialurônico, que foi encontrado armazenado de forma irregular, fora da refrigeração adequada.

Esteticista presa aplicava substância letal em clínica clandestina
Sala onde Bruna atendia foi fechada pela Vigilância Sanitária (Foto: Divulgação/PCMS)

Durante a ação, a equipe da Decon (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Contra as Relações de Consumo) constatou ainda o descarte irregular de materiais contaminantes, como agulhas usadas, em lixo comum — colocando em risco os profissionais da coleta urbana. Além disso, o procedimento conhecido como Skinbooster, que havia acabado de ser realizado, é de uso exclusivo de médicos dermatologistas e foi feito sem nenhuma das licenças exigidas por lei.

Bruna foi presa por exercício ilegal da profissão, indução ao erro e por expor a saúde de terceiros a perigo iminente. Ela foi levada para uma cela da 2ª Delegacia de Polícia Civil, onde aguarda para passar por audiência de custódia.

Prisão - O delegado Reginaldo Salomão informou que Bruna era monitorada há quase um ano e que só não foi presa antes porque nunca mantinha um mesmo endereço para atendimentos. Além disso, não tinha nenhum bem em seu nome, o que dificultava ainda mais sua localização. Segundo Salomão, nem mesmo o celular que ela usava estava registrado no nome dela. Os policias a encontraram após denúncia de vítima na Decon.

Esteticista presa aplicava substância letal em clínica clandestina
Bruna Paniago de Almeida foi presa pela Decon na tarde de ontem (Foto: Reprodução/Redes sociais)

No local estavam duas mulheres: uma delas acabava de encerrar um procedimento de preenchimento labial e outra aguardava atendimento. Sem se identificar, uma delas falou com a reportagem e exclamou “graças a Deus” ao ser questionada se algum dos procedimentos que realizou havia dado problema. A mulher realizaria a quarta sessão de preenchimento labial na clínica esta tarde. “Eu fiz quatro vezes o procedimento, coloquei uns 20 ml de ácido. Não da mesma vez, mas as quatro vezes eu coloquei”, disse.

Bruna Paniago ainda realizava aplicação de toxina botulínica e ácido hialurônico a valores bem abaixo do mercado. Suas redes sociais são privadas e têm poucas postagens sobre seu trabalho. De quatro vídeos que mostram sua atuação, um é de aplicação de botox e outro de preenchimento labial.

A perícia encontrou na clínica clandestina, 30 notas fiscais de procedimentos realizados e vai atrás de outras vítimas. Um dos casos foi registrado pelo Campo Grande News e envolveu a nutricionista Lorena Pereira de Sena, que entrou na Justiça contra a esteticista. Conforme a Decon, Bruna chegou a começar o curso de Biomedicina, mas não terminou.

Esteticista presa aplicava substância letal em clínica clandestina
Esteticista Bruna Paniago chegando na Decon e cobrindo a cabeça com um casaco. (Foto: Paulo Francis)

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