Minha Casa Minha Vida impulsiona construção, mas empresários ainda reclamam
Com queda nas obras estruturais e juros altos, programa se consolida como motor da construção civil
O programa Minha Casa Minha Vida voltou a impulsionar o mercado imobiliário em Campo Grande no 1º trimestre de 2025, após um período de estagnação nos anos anteriores. A retomada se intensificou com a criação da faixa 4, que ampliou o alcance para imóveis de até R$ 500 mil e passou a atender também a classe média.
RESUMO
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O programa Minha Casa Minha Vida impulsionou o mercado imobiliário em Campo Grande no primeiro trimestre de 2025, registrando 572 unidades lançadas, contra nenhuma no mesmo período de 2023. O crescimento foi atribuído à criação da faixa 4, que ampliou o alcance para imóveis de até R$ 500 mil, beneficiando também a classe média. Apesar do bom desempenho no setor residencial, as obras estruturais enfrentam retração típica de períodos pós-eleitorais. Em Campo Grande, o saldo de empregos em infraestrutura caiu 284,57% entre 2023 e 2024. No entanto, a construção de edifícios residenciais manteve o setor aquecido, com crescimento de 3,82% no número de trabalhadores formais.
Os dados foram apresentados na tarde desta segunda-feira (28) durante coletiva de imprensa realizada pelo Sindicato Intermunicipal da Indústria da Construção de Mato Grosso do Sul (Sinduscon-MS).
Campo Grande registrou 572 unidades lançadas no Minha Casa Minha Vida no 1º trimestre de 2025, contra nenhuma no mesmo período de 2023. As vendas também cresceram, saltando de 169 unidades em 2024 para 348 agora em 2025.
O movimento acompanha a tendência nacional, conforme explicou Lucas Lira Finoti, especialista em inteligência de mercado da Brain. Segundo ele, a volta dos lançamentos foi possível após a atualização dos valores de imóveis e das faixas de renda do programa a partir do 2º semestre de 2023, além da inclusão da nova faixa 4.
"Existe, sim, uma força importante do Minha Casa Minha Vida puxando o mercado. Com a ampliação da faixa 4, imóveis de até R$ 500 mil entram no programa, trazendo mais dinamismo para o setor", destacou.
O presidente do Sinduscon-MS, Kleber Recalde, destacou que, enquanto o Minha Casa Minha Vida avança com linhas de financiamento especiais, o restante do mercado imobiliário ainda enfrenta dificuldades devido às taxas elevadas de juros. Ele explicou que imóveis fora do programa, financiados pelo Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), estão mais caros para o comprador. Segundo Recalde, a criação da faixa 4 tende a aliviar essa pressão, ao absorver parte da demanda e liberar crédito para financiamentos de faixas superiores.
"O Minha Casa Minha Vida é menos afetado pela alta de juros porque conta com produtos especiais de crédito. Já o financiamento tradicional, pelo SBPE, ficou mais caro, o que dificultou o acesso para quem busca imóveis fora do programa", afirmou Kleber
MS é ultimo - Do total de 26.752 estabelecimentos da construção civil na Região Centro-Oeste, 16,60% estão localizados em Mato Grosso do Sul, o equivalente a 4.440 unidades. O estado de Mato Grosso concentra 26,25% dos empreendimentos, com 7.023 estabelecimentos. Goiás lidera a distribuição, com 39,22% do total, somando 10.493 unidades. Já o Distrito Federal responde por 17,93% do mercado regional, com 4.796 estabelecimentos.
Queda nas obras estruturais após eleições - Apesar do bom desempenho no segmento residencial, o setor de obras estruturais enfrenta retração. Segundo a economista-chefe da CBIC, Ieda Vasconcelos, o movimento é típico de anos pós-eleitorais, quando há redução no volume de obras públicas após a conclusão de mandatos municipais.
Durante o período eleitoral de 2024, houve aceleração de obras públicas, com contratação de mão de obra para inaugurações e entregas. Finalizado o pleito, o setor entrou em fase de relicitações e reprogramação de projetos, o que causou desaceleração.
Em Campo Grande, o saldo de empregos em obras de infraestrutura caiu 284,57% entre 2023 e 2024, passando de 188 novas vagas para um saldo negativo de 347 postos fechados, conforme dados do Novo Caged.
Leda acrescentou que esse movimento é cíclico. Segundo ela, o reflexo de eleições municipais tende a ser sentido no primeiro ano seguinte.
Construção de edifícios segura empregos - Apesar da queda nas obras públicas, a construção de edifícios residenciais ajudou a sustentar o número de empregos no setor. Em Campo Grande, o estoque de trabalhadores com carteira assinada na construção civil cresceu 3,82% entre dezembro de 2023 e dezembro de 2024, saindo de 13.550 para 14.068 trabalhadores.
O segmento de serviços especializados também contribuiu para o saldo positivo, com crescimento de 17,47% no mesmo período.
Em Mato Grosso do Sul, o primeiro bimestre de 2025 registrou criação de 1.641 novas vagas na construção civil, puxadas principalmente pela construção de edifícios, que sozinha abriu 821 novos postos.
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