MS pede medidas urgentes para conter risco de crise histórica na carne
Governo do Estado informa temor com a repercussão negativa, tanto no Brasil quanto no mercado externo
Com as finanças já combalidas pela queda na arrecadação do gás, Mato Grosso do Sul se preocupa, agora, com a repercussão da operação Carne Fraca, realizada ontem dia (17) pela PF (Polícia Federal). O mercado da carne respondeu, no primeiro bimestre do ano, pelo terceiro lugar no ranking de exportações do Estado, atrás apenas dos líderes celulose e açúcar.
Por meio de nota, o governo do Estado informa temor com a repercussão negativa, tanto no Brasil quanto no mercado externo.
“Como um dos maiores produtores e exportadores de carne bovina do país, Mato Grosso do Sul pode ser seriamente prejudicado caso os fatos não sejam claramente esclarecidos e pairem dúvidas nos consumidores quanto à qualidade do produto de origem local”, afirma o titular da Semagro (Secretaria Estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar), Jaime Verruck.
Segundo ele, caso não sejam tomadas medidas rápidas por parte das autoridades federais competentes, o Brasil perderá mercado internacional. Cenário que resulta em queda nas exportações, redução do PIB (Produto Interno Bruto), recessão e desemprego.
“A forma de divulgação das notícias tem apresentado o problema maior que ele é. O Brasil possui um sistema de vigilância sanitária extremamente eficiente, reconhecido no mercado internacional. Temos que focar nos problemas identificados de determinadas plantas industrias e de determinadas empresas e tomar medidas rápidas para dar segurança ao mercado. O risco, hoje, é desestruturar a cadeia produtiva de aves, bovinos e suínos, comprometendo as exportações e o consumo interno”, afirma.
Na segunda-feira (dia 20), secretário se reúne com representantes do setor e na terça-feira vai ao Ministério da Agricultura, em Brasília. “Temos que ter responsabilidade deste momento, a União Europeia já pediu um reunião de emergência com o Ministério da Agricultura. Temos que ser rápidos na averiguação e em medidas que garantam a qualidade dos produtos brasileiros”, informou.
Maquiagem - De acordo com a Folha Online, a investigação revelou até o uso de carnes podres, maquiadas com ácido ascórbico, e reembalagem de produtos vencidos.
Na lista das grande empresas, com atuação nacional e no exterior, aparecem a BRF, dona das marcas Sadia e Perdigão; e JBS, dona da Seara e Big Frango. A JBS tem unidades em Mato Grosso do Sul. No entanto, o Estado não foi alvo da operação Carne Fraca.
Segundo a polícia, os agentes públicos, utilizando-se do poder fiscalizatório do cargo, mediante pagamento de propina, atuavam para facilitar a produção de alimentos adulterados, emitindo certificados sanitários sem qualquer fiscalização efetiva.
Em quase dois anos de investigação, a operação detectou que as Superintendências Regionais do Ministério da Pesca e Agricultura do Paraná, Minas Gerais e Goiás atuavam diretamente para proteger grupos empresariais.
A ação, a maior da história da PF, cumpriu 309 mandados judiciais em São Paulo, Distrito Federal, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Goiás.
Colapso - Presidente da Acrissul (Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul), Jonathan Barbosa alerta para o risco caso o JBS seja obrigado a fechar as portas. “A pecuária em Mato Grosso do Sul quebra”.
“A comercialização de carnes no mercado interno e externo são fundamentais para economia nacional, e especialmente para Mato Grosso do Sul. Esse fator coloca em xeque não só a credibilidade das unidades frigoríficas, mas todo o trabalho desenvolvido da porteira para dentro, uma vez que o crime desta proporção pode fechar mercados internacionais, e até diminuir os índices de consumo de carne”, afirma o presidente do MNP (Movimento Nacional dos Produtores), Rafael Gratão.
Outro lado - Por meio de nota à imprensa, a JBS esclarece que não há nenhuma medida judicial contra os seus executivos e que a sede não foi alvo da operação.
“A ação deflagrada hoje em diversas empresas localizadas em várias regiões do país, ocorreu também em três unidades produtivas da Companhia, sendo duas delas no Paraná e uma em Goiás. Na unidade da Lapa (PR) houve uma medida judicial expedida contra um médico veterinário, funcionário da Companhia, cedido ao Ministério da Agricultura”, diz o informe.
Ainda de acordo com a nota, a JBS “repudia veementemente qualquer adoção de práticas relacionadas à adulteração de produtos – seja na produção e/ou comercialização - e se mantém à disposição das autoridades com o melhor interesse em contribuir com o esclarecimento dos fatos”.
A BRF informa que colabora com as autoridades para esclarecimento dos fatos e reitera que cumpre as normas e regulamentos referentes à produção e comercialização de seus produtos. “A BRF assegura a qualidade e a segurança de seus produtos e garante que não há nenhum risco para seus consumidores, seja no Brasil ou nos mais de 150 países onde atua”, diz o comunicado.