Pequenos comerciantes criam serviços e pedem ajuda para sobreviver durante crise
Medidas tentam driblar isolamento social recomendado para conter avanço do novo coronavírus
O pequeno comerciante nos bairros de Campo Grande se reinventa para sobreviver em tempos de isolamento social, iniciativa recomendada para frear o contágio em massa do novo coronavírus. As entregas em casa, antes predominadas por restaurantes ou farmácias, se estenderam para outros empreendimentos.
Dona do Mercado Brasil, Danila Lima conta que contratou serviço terceirizado para levar as compras da semana até a casa dos clientes nesta semana. Antes das recomendações para evitar convívio público, as entregas eram limitadas e esporádicas.
“As entregas que fazíamos era mais de carnes nobres, filé ou picanha, para quem mora mais longe”, narra. O mercado fica no bairro Danúbio Azul, nordeste da Capital.
“Essa semana a gente percebeu a mudança de comportamento dos próprios clientes. Os que pediam carne começaram a mandar a lista do hortifrúti. O cliente abriu mão de escolher, ver como está a fruta, a verdura”, continua.
Em anúncio nas redes sociais, a loja diz que pedidos podem ser realizados por WhatsApp. Os feitos até às 10h são entregues no mesmo dia, após as 14h.
“A gente tem que se adaptar, até porque não sabemos até quando vai isso. Pode levar um bom tempo. As grandes marcas vão sobreviver. Agora, do meu negócio dependem eu e mais quatro famílias”, finaliza Danila.
Roupas - Andressa Batista, dona do brechó Jardineira, aposta na sacolinha para manter vivo seu negócios. Segundo ela, a tática consiste em colocar algumas peças em sacolas e deixar com as clientes, que, em casa, provam as roupas e decidem quais comprar.
“Após a notícia da pandemia, caíram ainda mais as vendas. Então, pensei numa alternativa que pudesse facilitar para as clientes não terem muito contato e terem a opção de não sair de casa”, explica.
Andressa detalha que mães e pessoas mais ocupadas são seu público-alvo. “Foi uma ideia que adotei para não perder tanto as vendas, mesmo sabendo que os próximos dias não serão fáceis”, prevê.
A pequena empreendedora admite que as compras pela internet devem crescer no período de isolamento social recomendado.
Dono de uma padaria na Vila Sobrinha, Renato Gonçalves, 26 anos, vai investir em promoções e no serviço de encomendas, expandir o serviço para não ficar na mão.comerciante. "Ainda não senti tanta diferença nas vendas, mas sim no horário em que as pessoas estão vindo. Atualmente, chega 18h e quase ninguém mais vem. Talvez seja um efeito da medida que as empresas estão tomando, muitos funcionários trabalhando de casa e com tempo de vir mais cedo. O que mudou foi o horário que eles vêm", conta.
Como todos, a maior preocupação é com as contas que não parar de chegar. "Como sou microempreendedor, tenho medo do movimento cair consideravelmente. As contas não deixam de vir, os grandes comércios conseguem segurar, no nosso caso é um pouco mais difícil".
Contraindicação - Na contramão do que é indicado pelos órgãos de Saúde, que recomendam que as pessoas fiquem em casa, a CDL-CG (Câmara de Dirigentes Lojistas de Campo Grande) prepara campanha para convencer os consumidores a procurar o comércio local de forma geral.
“Não só do pequeno comércio, mas que compre em Campo Grande”, diz o presidente da entidade, Adelaido Vila, que estima queda de 20% a 25% no movimento do setor entre esta semana e a anterior.
A campanha será divulgada pelas redes sociais e em contato direto com lojistas.
A CDL-CG já recomendou revezamento de trabalhadores, pediu parcelamento de contas de água e luz e adiamento de impostos à prefeitura.