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Economia

Revendas acham desleal vender gás de cozinha em postos de combustíveis

Enquanto média do produto é R$ 102, na Capital, tem estabelecimento que vende a R$ 88

Izabela Cavalcanti | 01/08/2023 09:49
Posto na Avenida Coronel Antonino vende gás de cozinha a R$ 88 (Foto: Idaicy Solano)
Posto na Avenida Coronel Antonino vende gás de cozinha a R$ 88 (Foto: Idaicy Solano)

Os postos de combustíveis têm tomado o espaço das revendedoras de GLP (Gás Liquefeito de Petróleo) em Campo Grande. Isso porque, além de vender o próprio produto, que é o combustível, também estão lucrando com o gás de cozinha mais barato.

Conforme última pesquisa da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), entre os dias 23 e 29 de julho, o GLP vendido em Campo Grande tem preço médio de R$ 102,36. O valor mínimo pesquisado é de R$ 92 e o máximo de R$ 115.

Já em um posto de combustíveis, localizado na Avenida Coronel Antonino, o mesmo produto está por apenas R$ 88, no valor à vista.

Empresário do ramo, que preferiu não se identificar, fala sobre o assunto. Ele tem uma empresa no bairro Mata do Jacinto e vende o produto a R$ 110.

“É uma concorrência desleal deles, eles vendem por quase o mesmo preço que compram, porque não dependem do lucro do gás. Não aguento mais a injustiça praticada pelos maiores, tenho família para sustentar e este é meu único ganha-pão”, lamentou.

Ainda de acordo com o empreendedor, tem meses que ganham pouco no lucro das vendas. “Ganhamos menos de 30% de lucro. Os depósitos de gás são quebrados, estão sobrevivendo, entra um posto desse e vende a R$ 88. É ruim demais, porque atrapalha uma categoria inteirinha, não é só um”, completou.

O presidente do Sinergás (Sindicato das Empresas e Revendedoras de Gás do Centro-Oeste), Zenildo do Vale, se diz contra esta prática.

“Prejudica porque vende o gás mais barato. É uma isca, põe o gás mais barato para chamar atenção, então, o consumidor vai abastecer o carro e já leva o gás. Eu sou contra o posto vender gás. Por que eles podem vender o nosso produto e nós não podemos vender o deles?”, reclamou Zenildo.

Por outro lado, o Sinpetro-MS (Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis, Lubrificantes e Lojas de Conveniência de Mato Grosso do Sul) diz que não pode opinar sobre a situação, mas esclarece que o sindicato é independente do gás de cozinha.

Autorização - Conforme explica o subsecretário do Procon Municipal, José Ferreira da Costa Neto, a prática é autorizada, desde que seja regulamentado pela ANP.

“Somente pode ser revendedor de gás de cozinha se o comerciante possuir autorização da ANP e seguir regras de armazenamento, como local com sinalização de armazenamento, proibição de venda de outro produto no mesmo ambiente, e estar muito bem visível a autorização da ANP, que é obrigatório”, explicou.

Ainda conforme Costa Neto, o Procon possui o setor de fiscalização, que é capacitado por meio de treinamento junto à Agência Nacional de Petróleo. A fiscalização é feita “tanto em forma de denúncia, no telefone 156, opção 2, e fiscalização por ordem de serviço. Aplicando auto de constatação ou infração, dependendo da gravidade da situação”, disse.

A ANP alerta para que os consumidores não aceitem botijões amassados e peçam que pesem o produto no local de revenda. A equipe de reportagem entrou em contato com a Petrobras e aguarda o retorno.

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