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Economia

Rússia diminui compra de carne em 70% e impacta balança comercial

Caroline Maldonado | 29/05/2015 10:24
Rússia diminuiu importação de carne do MS em 71%, nos quatro primeiros meses desse ano, em relação ao mesmo período de 2014 (Foto: Arquivo)
Rússia diminuiu importação de carne do MS em 71%, nos quatro primeiros meses desse ano, em relação ao mesmo período de 2014 (Foto: Arquivo)

A maior compradora de carne de Mato Grosso do Sul, a Rússia diminuiu a importação em 71%, nos quatro primeiros meses desse ano, em relação ao mesmo período de 2014. O valor negociado passou de US$ 95,5 milhões para US$ 27,2 milhões e impactou diretamente na balança comercial do Estado, que conta ainda com redução por parte de Hong Kong, da Venezuela e do Irã.

Em 2012, os russos foram responsáveis por 66% do volume de carne exportado de MS, entre janeiro e abril. Agora, as compras do país correspondem a apenas 23% do total, segundo o Mdic (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior).

Para superar a queda nas negociações com a Rússia, que também está comprando menos de outros setores de MS, o Estado ampliou a exportação para o Egito, Itália, Chile, Emirados Árabes, Holanda e Israel, mas nada suficiente para manter o volume total exportado em anos anteriores. O valor passou de US$ 183 milhões para US$ 116,4 milhões, na comparação dos quatro primeiros meses de 2014 e 2015.

Se o maior comprador diminui a importação, isso impacta diretamente na linha de produção, na avaliação do consultor em comércio exterior, Aldo Barrigosse. “Havia uma tendência de crescimento na exportação de MS nos últimos três anos. Hoje, a tendência é inversa, de queda e dentro disso vemos que a Rússia vinha num grau de importância e hoje tem comprado menos, sendo responsável por menos de um terço de tudo, e isso impactou no total exportado”, comenta, ao destacar o avanço no volume de exportações que houve entre 2012 e 2014.

Embargo - Quanto a restrição temporária da Rússia para a importação de quatro plantas do frigorífico Marfrig Global Foods, em Mato Grosso do Sul, que vale a partir da próxima terça-feira (2), não se pode falar em grandes impactos, segundo Aldo.

De acordo com o consultor, a Rússia tem consumo grande de carne e também tem outros problemas internos. “Os países criam barreiras para regular mercado, são as famosas barreiras tarifárias e tem também as sanitárias. Nesse caso, da restrição das plantas, é uma barreira sanitária. Quando é assim, geralmente, o governo do Brasil faz defesa e resolve os problemas”, disse, ao destacar que isso não chega a ser considerado um embargo. “Hoje, não existe embargo, tem-se algumas plantas restritas e não todas as do país, como já teve embargo total da Rússia, em 2011”.

O bloqueio também é válido para carne de outras quatro unidades do mesmo grupo em São Paulo e uma em Mato Grosso. Contanto com a restrição a um frigorífico de outro grupo em Mato Grosso, são 10 plantas embargadas pela Rússia, no Brasil.

Competitividade - Os preços estabelecidos e o câmbio também não ajudam nesse cenário, segundo o consultor. “Estamos num momento que subiu o preço no mercado interno, no internacional não acompanha. A carne fica mais cara lá fora e a gente fica menos competitivo”, explica Aldo.

Com o dólar em alta desde o início do ano, alcançando hoje os R$ 3,14, a vantagem é para quem vende. A rentabilidade aumenta, mas, de modo geral, o Brasil perde em competitividade. “Já na questão interna, teve aumento de insumos de maneira geral. Tudo está mais caro para frigoríficos e pecuaristas, desde os gastos com energia e produtos para manter o gado, por isso essa valorização do preço da arroba e aí diminui a quantidade de animais abatidos”, detalha o consultor.

A alta da arroba do boi vem desde o fim do ano passado, quando a valorização foi de 26,88 % e a arroba alcançou os R$ 135,31. Hoje, a arroba está a R$ 140 em Mato Grosso do Sul, segundo a Famasul (Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul).

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