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Economia

Setor de restaurantes teme demissão em massa e fim de 15 mil empregos em MS

Setor tem 3 mil empresas associadas no Estado e sofre com isolamento e toque de recolher após o coronavírus

Rosana Siqueira | 25/03/2020 16:09
Nem delivery de comida salva restaurantes que tiveram prejuízo significativo (KIsie Ainõa)
Nem delivery de comida salva restaurantes que tiveram prejuízo significativo (KIsie Ainõa)

Pelo menos 15 mil trabalhadores do setor de bares e restaurantes em Mato Grosso do Sul correm risco de perder emprego com o fechamento do setor e a restrição de saídas para estes locais com o toque de recolher. A previsão é da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes de MS (Abrasel) que estima que existem 30 mil funcionários nas cerca de  3 mil empresas do setor no Estado.

Com o toque de recolher em várias cidades do Estado, a exigência de distância e isolamento o movimento caiu 95% e os estabelecimentos da Capital fecharam as portas voluntariamente na sexta-feira. Até mesmo as vendas por delivery dos restaurantes recuou 80% na Capital.

“Desde a segunda-feira passada a gente sentiu uma queda de 50% a 60% nas vendas. Após isso e com os decretos o movimento foi caindo a 95% durante a semana e na sexta alguns fechados. O nosso fechamento acabou sendo voluntário porque não está sendo viável operação. E agora com restrições no horário de funcionamento podemos trabalhar com 30% da capacidade, até as 22, atendendo em delivery”, salientou Juliano Wertheimer, presidente da Abrasel- MS.

Ele conta que até sentiram um pequeno aumento nas entregas na semana passada, mas com o agravamento da situação e o isolamento e paralisação do comércio e setor público, o delivery também recuou significativamente. “Muitos funcionários públicos foram dispensados. Nas empresas privadas também os trabalhadores foram para home office. Ou seja as pessoas cozinham em casa. 100% da massa trabalhadora dispensada, as crianças fora da escola. Tudo isso aliado ao medo de perderem o emprego e a renda ajudou a diminuir a procura por alimentação fora de casa”, afirmou o empresário.

Com mais tempo livre e restrição financeira as pessoas estão optando pela alimentação em casa, fazendo suas receitas e comprando nos supermercados. “Pai, mãe, filhos este pessoal está preocupado ou com medo de perder emprego. Tem mais tempo livre então as vendas caíram bastante, as pessoasestão fazendo compras e cozinhando em casa. O que é uma medida muito prudente a meu ver para família”, enfatizou.

No entanto, o cenário traz prejuízos para o setor de alimentação fora de casa. “Os restaurantes, aa maioria já fechou por ser prejuízo ficar aberto. O movimento está  95% abaixo do normal. Estamos dando férias, compensando horas trabalhadas e aguardando medidas do Governo federal”, acrescentou.

Sem royalties -Com o fechamento de restaurantes, shoppings entre diversos outros estabelecimentos comerciais, muitas adaptações estão surgindo para preservar a saúde das empresas também. Uma dessas iniciativas é a isenção na taxa de pagamento de royalties e taxa de propaganda locais das franquias. Foi o que fez a Detroit Steakhouse. Os royalties correspondem a 5,8% do faturamento das unidades, enquanto que a taxa de propaganda local, 1,5%.

De acordo com Fábio Marques Jr., diretor da rede, esse é um dos ajustes já realizados para o enfrentamento da crise e, caso haja necessidade, serão feitos outros estudos para preservar empregos e a estabilidade monetárias das franquias durante este período. “Nosso momento é de revisão de estratégia para que a rede saia bem desta situação complicada. Acreditamos que até o final do abril as coisas estejam mais definidas e se for necessário, faremos outros ajustes”, afirma.

Demissão em massa - A esperança da Abrasel reside nas medidas que podem ser tomadas daqui para a frente pelo Governo federal , como afastamento não remunerado dos trabalhadores ou na antecipação do seguro-desemprego e outras medidas para ajudar o empresariado a não quebrar de vez.

 “Estamos cientes da importância das medidas tomadas e acompanhando cada informação oficial sobre o coronavírus. Mas precisamos urgentemente do apoio do Governo. As demissões em massa já começaram no setor como vimos no Nordeste. A estimativa é pelo 50% do setor demita se não houver socorro do Governo”, lamentou.

“Aqui não se discute a validade destes decretos que consideramos essenciais para manter a saúde e segurança da população. Somos muito conscientes da importância da reclusão, do isolamento seguindo as normas de higiene e manipulação de restaurantes e deliverys, temos cursos preparados pelo Sebrae para este período. Enfim estamos tomando nossas medidas, fazendo campanha mas esperamos até amanhã saia uma posição do governo federal . Uma decisão favorável para que socorra neste momento as empresas e trabalhadores para não ter demissão em massa”, avaliou Wertheimer.

O maior problema do setor de bares e restaurantes, segundo a Abrasel, é a folha de pagamento de funcionários, que corresponde a cerca de 30% do passivo de um estabelecimento, e que a solução depende de ajuda do governo federal.

A entidade afirma ainda que adiou as mensalidades dos meses de março, abril e maio de 2020, que serão parceladas no segundo semestre.

Tal medida visa auxiliar seus associados neste momento em que todos permanecem de portas fechadas, cumprindo as medidas impetradas pelos órgãos competentes.

De acordo com o presidente, Juliano Wertheimer, a entidade está fazendo sua parte contribuindo como for necessário. “É um momento difícil para todos e por isso optamos por dar esse fôlego aos nossos associados. Assim, as mensalidades de março, abril e maio deste ano poderão ser parceladas no segundo semestre, devido à pandemia. Continuaremos trabalhando e buscando as soluções que minimize os prejuízos materiais e protejam as vidas”.

Campanha da Abrasel para tentar ajudar o setor a se reerguer
Campanha da Abrasel para tentar ajudar o setor a se reerguer


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