Suspensão de negócios com FGTS pode gerar reação em cadeia em MS
Decisão da Caixa afeta não apenas o mercado de imóveis, mas reflete também na geração de empregos.
A suspensão da linha de financiamentos imobiliários que permite o uso do FGTS pode gerar uma reação em cadeia que afeta não apenas o mercado de imóveis, mas reflete também na geração de empregos e na economia local. Por isso, a decisão da Caixa divulgada nessa segunda-feira (19) preocupa entidades do setor, que esperam reversão do quadro antes que os efeitos comecem a ser sentidos.
Marcos Augusto Netto, presidente do Secovi (Sindicato da Habitação de Mato Grosso do Sul), ficou surpreso com a medida, já que há um mês e meio o Governo Federal liberou R$ 2,5 bilhões para fomentar a chamada linha pró-cotista, a mais barata do programa Minha Casa, Minha Vida com juros que vão de 7,85% a 8,85% ao ano.
“Isso é péssimo. Ninguém, em lugar nenhum do mundo, compra imóvel à vista. As pessoas compram financiado. O Ministério das Cidades fez um aporte após dez dias suspensa essa linha”, pontua.
Quando houve a primeira suspensão, segundo Augusto Netto, o banco garantiu que não haveria interferências em contratos já em andamento e o dirigente do sindicato espera que a medida se repita para que os impactos sejam minimizados.
“Financiamento é o sangue que faz circular toda a economia imobiliária. Sem financiamento, esquece o mercado imobiliário. Quando se corta uma fonte dessas, você interrompe um nicho de mercado que está funcionando, às vezes para imóveis com valores mais altos”, afirma o presidente do Secovi.
Ele explica que quando um imóvel é financiado, a Caixa paga integralmente o valor do bem à construtora, ficando o cliente devendo para o banco. “Aí esse dinheiro cai no mercado. Gera emprego, gera renda. A construtora faz outros imóveis. Então é uma cadeia produtiva que funciona. Se interrompe isso, o dinheiro não vem para cá”.
Decisão - A linha pró-cotista tinha originalmente R$ 5 bilhões para o ano, mas os recursos estavam muito perto de acabar no mês passado. Sem saldo, a Caixa pediu mais recursos e o Ministério das Cidades atendeu ao pedido com a realocação de R$ 2,54 bilhões extras. O dinheiro novo, porém, acabou se esgotando novamente em pouco mais de 30 dias.
A Caixa não comenta as razões para o fim do recursos e nota que o tema é uma decisão do Conselho Curador do FGTS. Vale lembrar, porém, que as contas inativas do Fundo de Garantia têm sido sacadas em um programa de forte apelo popular anunciado pelo governo Michel Temer.
A linha pró-cotista só pode ser usada por trabalhadores com pelo menos três anos de vínculo com o FGTS. Além disso, eles precisam estar trabalhando ou ter saldo na conta do Fundo de Garantia que some valor de pelo menos 10% do imóvel.
Por meio dela são financiados imóveis de até R$ 950 mil nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, e de até R$ 800 mil nos outros Estados. É a linha de empréstimo habitacional mais barata depois do Minha Casa Minha Vida. A taxa de juro para não correntistas do banco é de 8,61% ao ano. Já no financiamento com recursos da poupança, a taxa é de 10,49% ao ano.