Estudantes protestam contra mudança para ensino integral em colégio no Parati
Além na mudança do tipo de ensino, alunos reivindicam melhores condições na estrutura do colégio
Estudantes da Escola Estadual Maestro Heitor Villa Lobos, localizada no Bairro Parati, em Campo Grande, organizaram uma manifestação na manhã desta terça-feira (30), contra a mudança da unidade de ensino para escola de tempo integral a partir de 2022. O ato teve adesão da maioria dos alunos, que alegam que a medida foi anunciada de maneira repentina por parte da SED (Secretaria Estadual de Educação).
A principal queixa do estudante Luiz Victor Ramos, 17 anos, um dos organizadores do protesto, é em relação à logística para o remanejamento dos alunos para outras unidades, principalmente, no caso, daqueles que trabalham no contraturno escolar, como é o seu caso, que no período matutino, cursa o 2º ano do ensino médio e no período da tarde, trabalha em um supermercado.
“Não somos contra escola em tempo integral, desde que haja estrutura necessária, como por exemplo, outras unidades mais próximas que possa atender os alunos”, explica o estudante.
A iniciativa do aluno em organizar a manifestação em prol da comunidade escolar é apoiado pelo pai, Luiz Carlos Ramos. “Eu acho boa essa atitude. Quando ele veio falar comigo, eu disse: ‘Vai fundo que o pai te apoia'. A gente percebe que as escolas estaduais estão passando a ser tempo integral, como iremos fazer com os alunos que passam pela mesma situação de trabalho e estudo como a dele? Será que não tem como manter algumas com os três períodos?”, sugere o responsável pelo organizador da manifestação.
Além da mudança no período, o estudante Kaio Henrique Souza, 16 anos, que também cursa o segundo ano do ensino médio, protesta contra a estrutura física da unidade de ensino, que possui diversas problemáticas a serem resolvidas.
“Aqui, não tem estrutura necessária para virar tempo integral. A gente percebe que até em questão de limpeza é complicado. Tem pombos na cozinha, os bebedouros, um está totalmente danificado e outro não gela, muitas vezes, não tem alimentação para todos, temos noticias que no período da tarde muitas vezes não tem lanche”, comenta o jovem.
Os problemas na estrutura da unidade de ensino são apontados pelos demais alunos que protestam vestidos de preto. De acordo com eles, recentemente, a escola passou por uma reforma onde foram trocados os portões e feito uma pintura.
“A escola tem um monte de goteiras, a quadra que apesar de coberta, molha em dias de chuva, não tem biblioteca, nem laboratórios, o mato está alto dentro e fora da escola, tem fios soltos, instalaram ar em todas as salas, porém só alguns funcionam normalmente”, citaram os alunos ao serem questionados pela reportagem.
Procurada, a SED (Secretaria de Estado de Educação) confirmou que a unidade faz parte do grupo de 36 unidades escolares que passam a integrar o Programa Escola da Autoria, a partir do próximo ano, com a oferta do Ensino em Tempo Integral.
De acordo com a secretaria, a inclusão da escola se deu após uma série de análises e estudos sobre as ofertas de ensino na região e foi comunicada em outubro deste ano, após conversas com a equipe que faz parte da gestão da escola. A mudança foi informada antes da abertura do período de matrículas, iniciado no último dia 16 de novembro.
Ainda segundo a pasta de Educação, os alunos que desejarem a transferência para outra unidade escolar e seguir na modalidade parcial, devem procurar a central de matrículas da Rede Estadual de Ensino, com direito a prioridade na escolha de outra escola.
Atualmente, a rede estadual possui 98 escolas em tempo integral no Estado. A partir de 2022, esse número passara para 134.