Para 60% dos leitores, igrejas devem fechar as portas durante pandemia
Os encontros religiosos foram classificados como atividade essencial, garantindo a abertura das igrejas durante a pandemia
Depois do episódio polêmico envolvendo pastor que foi flagrado fazendo culto sem respeitar as medidas de segurança de distanciamento e o toque de recolher, enquete deste domingo perguntou aos leitores do Campo Grande News se “as igrejas devem continuar com autorização para abrir durante a pandemia?" A maioria dos que votaram, 60%, respondeu que não. Outros 40% responderam que sim.
Os encontros religiosos foram classificados como atividade essencial pelo poder público, garantindo a abertura dos templos durante a pandemia da covid-19, desde que sejam cumpridas as normas de biossegurança, como distanciamento, uso de máscara individual e disponibilização de álcool gel.
O jardineiro Reinaldo Rodrigues Sandim, 66 anos, acha que as igrejas devem fechar as portas até que encontre vacina eficaz contra a doença.
“Tem de fechar tudo. De igreja evangélica a templo de umbanda. A minha filha de 33 anos pegou covid e está em isolamento. Essa doença é grave e as pessoas precisam ter ciência disso”, alertou.
De máscara, Reinaldo conversou com a equipe de reportagem quando saía de um mercado na Avenida Calógeras.
“Eu moro no Bairro Ipiranga e só saio de casa para comprar mantimentos e para trabalhar. Trabalho sozinho, podando árvores e cortando grama. Eu e minhas ferramentas”, contou. Segundo o jardineiro, segue à risca as medidas de segurança determinadas pelos órgãos de saúde.
Alerta - Para a aposentada Petronilha Pereira da Silva, 70 anos, as igrejas devem continuar com as portas abertas para os fiéis louvarem a Deus neste momento em que as profecias estão se cumprindo. Mas as medidas de segurança, destacou, como o uso de máscaras e o distanciamento, não devem ser ignoradas.
“A gente respeita as normas de segurança para não ter problema. Não saio de casa sem máscara e na minha igreja não tem aglomeração”, garantiu a idosa que seguia para a igreja, na antiga rodoviária, onde iria tomar ceia.
Compartilha da mesma opinião o aposentado Marco Antônio Colaneri, 67 anos. “Os templos só devem ser fechados se não respeitarem as medidas de segurança determinadas”, disse ao ser abordado pela equipe do portal.
Mesmo com o aval para funcionamento, algumas igrejas têm optado por fazer culto on-line para evitar o contato social em tempos em que os casos aumentam de forma assustadora no Estado. Segundo o último boletim divulgado pela Secretária Estadual de Saúde na manhã de ontem, Mato Grosso do Sul passou de 400 mortes e 26 mil casos confirmados da doença.
O pastor e diretor de comunicação da Igreja Adventista do Sétimo Dia, Leandro Alencar, disse que os adventistas têm seguido as orientações tanto da gestão municipal quanto da OMS (Organização Mundial de Saúde). Algumas igrejas do Estado, por exemplo, estão somente com culto virtuais. Outras, com programação presencial mais operando com 30% da capacidade e também com transmissão pela internet.
Desacato - Na noite da última quinta-feira (29), o pastor Paulo Ferreira Pantoja, 50 anos, fundador da igreja "Pai, filho, Espirito Santo, localizada no no Jardim Cento-Oeste, foi autuado após desacatar equipes da Guarda Civil Metropolitana, fiscais da Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano) e um promotor durante fiscalização. O líder religioso disse que a covid não existia e chamou os fiscais de "corruptos, ladrões, assaltantes".
Procurado para comentar o assunto, o pastor Ronaldo Leite Batista, presidente do conselho municipal de pastores, disse que o líder religioso da igreja que desrespeitou as normas e desacatou as equipes de fiscalização está cheio de boas intenções, mas agiu com imprudência.
"Temos de respeitar as autoridade e nos levantar contra a injustiça de maneira digna e sábia. Martir Luther King Jr é um exemplo de como fazer isso", destacou.
O que aquele pastor fez, prosseguiu, não pode ser modelo. As igrejas evangélicas de maneira geral têm agido de acordo com as leis, têm agido com prudência e feito uma batalha por seu direito de liberdade de expressão e liberdade religiosa com muita sabedoria e respeito.