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Após fuga para MS, boliviana diz temer ameaças e afirma ser inocente

Depois de receber ameaças e ser denunciada por negligência em seu país, boliviana que pediu refúgio ao Brasil na Polícia Federal de Corumbá dá primeira entrevista

Amanda Bogo | 03/01/2017 15:18
Célia pediu refúgio em Corumbá no início do mês de dezembro (Foto: Reprodução SporTV)
Célia pediu refúgio em Corumbá no início do mês de dezembro (Foto: Reprodução SporTV)

Celia Castedo Monasterio, ex-funcionária da Aasana (Administração de Aeroportos e Serviços Auxiliares de Navegação Aérea da Bolívia), que identificou problemas no plano de voo em que estava a delegação da Chapecoense está disse ser inocente e que não tinha poder de vetar que a aeronave decolasse do país. A aeronave caiu no dia 29 de novembro do ano passado, deixando 71 mortos.

Em entrevista concedida ao SporTv, a colombiana que fugiu para Corumbá, cidade distante 419 km de Campo Grande, por medo das ameaças que estava sofrendo no país, pediu que não fosse revelada sua atual localização, mas que atualmente está no Brasil. 

Conforme a entrevista concedida pela boliviana ao canal esportivo, apesar de ter constatado os problemas com o plano de voo referente a falta de combustível, somente a direção da DGAC (Direção Geral de Aviação Civil) da Bolívia poderia ter impedido que a aeronave decolasse para Santa Cruz de La Sierra. Ela fez diferentes observações sobre o documento, mas considerou que o problema principal foi que a capacidade de combustível era exata ao tempo de voo, de 4h22 min.

"Quero esclarecer que nós recebemos esse plano de voo como uma formalidade, um documento de voo. Antes de apresentar isso, a linha aérea ou o piloto que queria realizar um voo não regular, se dirige aos escritórios da DGAC, e eles são os que solicitam a autorização, a empresa ou o piloto. Isso é o que eu queria esclarecer, que a DGAC é a única autoridade que pode impedir a decolagem de uma aeronave", disse.

Após a divulgação do plano de voo e do relatório, Célia passou a receber ameaças em seu país, o que a motivou para fugir e pedir refúgio ao Brasil em Corumbá no dia 05 de dezembro do ano passado.

"Eu pedi refúgio ao Brasil porque vi que na Bolívia me subtraíram todos os direitos. Não me deram tempo para poder defender e provar a minha inocência, baseadas em documentos, em manual de funções. Em nenhum momento me deram o tempo devido. Eu fui acusada num mesmo dia, numa mesma tarde duas vezes. Ou seja, não me deram oportunidade na Bolívia de poder me defender. E me sentia ameaçada, estava assustada. Por isso, decidi vir para o Brasil. Para onde pude vir diretamente e dirigir-me à Polícia Federal, ao Ministério Público e dizer toda a minha verdade. E declarar tudo o que eu sabia e tudo o que estava acontecendo na Bolívia".

A boliviana foi denunciada por negligência pela promotoria de seu país no dia 03 de dezembro por não ter reportado a tempo as observações do plano de voo. Caso seja condenada, responderá por homicídio culposo, quando não há intenção de provocar o crime. 

"Em nenhum momento eu me senti responsável. Nem me senti, nem me sinto. Eu segui a minha função na Aasana. E não sou autoridade. Eu simplesmente sou um empregado da Aasana, que presta serviços para a navegação aérea. Nunca me senti responsável. Eu me sentiria responsável, caso não tivesse feito o meu trabalho de observar detalhadamente e minuciosamente o plano de voo, que é a minha função", finalizou.

Acidente - O time da Chapecoense ia de Santa Cruz de La Sierra com destino a Medelín, onde enfrentaria o Atlético Nacional pelo primeiro jogo da final da Copa Sul-Americana. Durante a madrugada, a aeronave da empresa LaMia bateu em uma montanha ao ficar sem combustível e caiu a 17 km da pista do aeroporto José María Córdova, em Medelín. Dos 77 passageiros, 71 morreram.

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