Com atletas em casa e contratos a vencer, volta do Estadual é incógnita
Líder da primeira fase, Aquidauanense quer título antecipado; Comercial e Operário se opõem
Suspenso há 15 dias, o Campeonato Sul-mato-grossense de futebol pode até terminar sem a realização da fase final, em mata-mata, devido às restrições de circulação de pessoas e aglomerações para enfrentar a pandemia do novo coronavírus. A proposta é defendida pelo líder da primeira fase, Aquidauanense, que quer ser declarado campeão.
Os times classificados para as quartas de final já dispensaram seus elencos. Os contratos dos atletas vencem no fim do mês, período para o qual estava agendada a decisão do torneio.
Segundo o presidente do Aquidauanense, João Garcia, os jogadores foram mandados para casa por tempo indeterminado. Os salários de março serão pagos integralmente.
“Acho muito difícil voltar [o campeonato]. Como que vai fazer? Vai renovar contratos para quando? A situação da pandemia pode querer melhorar lá por julho, agosto. Como terminar o campeonato, pagar salário de jogador, alimentação, hotel. Não tem como”, dispara Garcia.
O presidente da equipe de Aquidauana - que terminou a primeira fase com 18 pontos, no topo da tabela - sugere que seu time seja declarado campeão, e o Águia Negra, segundo colocado, vice.
Garcia propõe ainda descartar o rebaixamento de Pontaporanense e Cena, penúltimo e último da primeira fase.
Capital - Os representantes de Campo Grande no Estadual se opõem à ideia. Classificados para a segunda fase, Comercial e Operário também liberaram seus atletas, mas divergem sobre pagamento dos salários de março.
Do lado colorado, o presidente Valter Mangini garante que acertou os vencimentos de fevereiro, mas não definiu como será feito com relação aos dias trabalhados no mês passado.
Do lado alvinegro, o presidente Estevão Petrallás assegurou que vai quitar parcialmente a folha de março, uma vez que os atletas só foram dispensados no dia 18.
Petrallás acredita que o Estadual deve retornar no segundo semestre do ano. O mandatário se comprometeu, segundo ele, a reconvocar os atletas contratados para a temporada. Apenas dois deles são de Campo Grande e estão na cidade.
O presidente do Operário ainda sugere que o torneio passe a ser realizado sempre no segundo semestre, a partir de 2021.
“Quem sabe surja uma nova forma de competição, para não fazer na correria. O segundo semestre é a grande jogada. Assim o futebol não concorre com Carnaval, com o final de ano. Hoje fazemos o campeonato na correria, em 90 dias”, destaca.
Já Mangini rechaça a proposta do Aquidauanense. “De maneira alguma. Eles ficaram em primeiro lugar em uma fase classificatória. É descabido fazer uma coisa dessas. Meu time tinha chances de ser campeão e sou a favor que retorne o campeonato, não agora, mas daqui 90 dias, em agosto, setembro”, opina.
A última vez que o líder da primeira fase do Estadual ficou com o título foi em 2013, quando o Cene alcançou o feito.
A reportagem procurou o presidente da FFMS (Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul), Francisco Cezário, e seu vice, Marco Tavares, que não atenderam ou retornaram as ligações.