Copa do Mundo no jeito russo, sem ruas pintadas nem exibição de patriotismo
Sem o fervor que temos no Brasil, o Mundial da Fifa já vai para a sua fase final e nem parece que está acontecendo na Rússia
A Rússia parece ter o seu modo particular de viver uma Copa do Mundo, seja qual for, com certeza bem diferente do jeito brasileiro. É a sede da principal competição esportiva do planeta, que já vai para a sua fase final, e a exceção de sinalizações de localizações com a marca da Fifa, nada mais indica que o Mundial está acontecendo.
Quando estava em Rostov on Don, cidade do sul da Rússia, onde o Brasil fez a sua estreia na Copa e empatou com a Suíça em 1 a 1, a seleção russa estava em campo e a postura das pessoas era como se nada estivesse acontecendo. Em Moscou, onde se imaginava ter mais clima de euforia em torno da Copa do Mundo, não há nenhuma diferença. Também na capital não há pessoas nas ruas expondo sentimento patriótico, lojas decoradas nem ruas pintadas com as cores da bandeira do país.
Nesta sexta-feira, 29, no caminho do hotel para o Centro de Imprensa da Fifa, na região norte de Moscou, usei o tradutor do meu aplicativo de celular para perguntar ao taxista o que ele estava achando da Copa do Mundo, e ele me respondeu: “Preferia que fosse Copa do Mundo de Hóquei”. Vendo a minha cara de espanto, o taxista pediu para usar novamente o tradutor russo/português e disse: “Eu gosto é de hóquei. Futebol, não”.
Nota-se que as pessoas sabem sobre a importância da Copa do Mundo, e reconhecem o quanto o evento pode ser importante para mudar a imagem da Rússia no exterior, mas a gente não percebe o entusiasmo que normalmente se tem quando o assunto é Copa do Mundo, ainda mais quando uma Copa acontece na sua casa.
Por aqui as pessoas são solidárias, tem sempre alguém disposto a ajudar com informações sobre localização, como se achar no metrô, por exemplo. Quando perguntam sobre a nossa origem, e respondemos que somos do Brasil, abrem um largo sorriso, mas o ar de entusiasmo não vai além disso.
“Na Rússia a nossa paixão pelo futebol ou por qualquer outro esporte fica na arquibancada dos estádios. Não saímos pelas ruas exibindo nosso sentimento. Não significa que somos contra o futebol. É que somos de agir pela razão, não pela emoção”, afirmou Katherine Vileskiya, funcionaria do metrô.
A preferência do taxista pelo hóquei faz sentido, porque se trata de um dos esportes mais populares do país. No futebol, a seleção da Rússia surpreendeu ao passar para a fase de oitavas de final e terá pela frente a Espanha, uma das favoritas ao título do Mundial, neste domingo, às 10h (no horário de Mato Grosso do Sul).