Debate sobre Bolsa Atleta deve render nova lei com promessa de avanços
As sugestões, críticas e possíveis alterações podem vir já para o ciclo de 2025 do programa
A Fundesporte (Fundação do Desporto e Lazer de Mato Grosso do Sul) promoveu na tarde desta terça-feira (13) a esperada audiência pública sobre os programas de incentivo Bolsa Atleta e Bolsa Técnico. O evento foi no Centro Cultural José Octávio Guizzo, na Rua 26 de Agosto, no Centro de Campo Grande.
O debate contou com a presença de representantes da fundação, membros da Setesc (Secretaria de Estado de Turismo, Esporte e Cultura), em especial do secretário Marcelo Miranda, atual titular da pasta, e do deputado estadual Pedro Kemp (PT). As discussões começaram por volta das 14h30 e terminaram às 17h30.
O auditório do Centro Cultural estava cheio de atletas, representantes de federações e técnicos. Primeiramente, o diretor de Excelência da Fundesporte, Leandro Fonseca, apresentou um balanço sobre os últimos anos desde a criação dos programas.
O programa começou com pagamentos em 2013/2014 com apenas duas categorias. Ao longo do tempo (confira o documento abaixo), é possível observar a crescente de categorias. Atualmente, o benefício que será pago até janeiro tem 11 categorias, nove a mais que na primeira edição.
Em relação ao número de atletas, eram 65 contemplados há 10 anos. Hoje, são 345 atletas e 38 técnicos em todo o Estado. O valor investido saiu de R$ 534 mil para cerca de R$ 4,35 milhões para este ano.
Leandro detalhou como foi o processo da audiência pública. "No primeiro momento, foi coletado online as sugestões e reclamações da gente. Foi extremamente positivo ouvi-los. Em 2020, fizemos uma outra audiência pública e criamos novas categorias. Agora, vamos fazer as alterações para atender os melhores atletas do Estado", disse.
O próximo passo agora é formatar a lei com as alterações necessárias, depois encaminhar o projeto para a Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul. "A ideia é que seja publicado o decreto tipificando as categorias para o próximo ciclo. Os atletas vão receber até janeiro".
Sugestões e reclamações - Foram vários os pontos debatidos de situações consideradas como problema pelos atletas, técnicos e representantes de federações. Dentre as citadas em apresentação, estão as seguintes:
- Os atletas integrantes do sistema surdolímpico não são contemplados pelo Programa Bolsa Atleta e Bolsa Técnico;
- Em uma equipe coletiva, onde todos os atletas têm a mesma pontuação, no critério de desempate os mais novos são contemplados, porém na maioria das vezes os atletas mais novos são os que menos jogam, sendo assim os atletas mais velhos acabam sendo prejudicado;
- Na Bolsa Atleta Master e Universitária não há concorrentes suficientes;
- Atletas bem ranqueados nacionalmente, porém com poucas competições e consequentemente baixa pontuação;
As possíveis resoluções envolvem uma criação de programa específico para os surdos, mudança nos critérios de desempate, diminuição do número de universidades e avaliação do ranking nacional para contagem de pontos.
Ao longo da audiência, houve muito diálogo entre os representantes da Fundesporte e técnicos dos esportes de luta. Um dos questionamentos foi de Joemerson Leite, da Federação de Kickboxing de Mato Grosso do Sul. "O Kickboxing veio aqui hoje a fim de auxiliar e de complementar o edital na tentativa de incluir que os técnicos de luta não fossem credenciados, não precisassem do registro no CREF (Conselho Regional de Educação Física". Porém, durante a audiência, a sugestão foi negada, se mantendo necessário o registro.
O presidente da Federação de Taekwondo, Fábio Costa, falou sobre a modalidade. "Até em nome das demais modalidades, eu falo em cima da forma de disputa entre a bolsa, que algumas, algumas não, elas abrem para todas as modalidades poder inscrever em duas categorias em determinada competição. Então você concorre com outras modalidades, desportivas, onde existem mais disputas, e daí nós ficamos numa desvantagem, por exemplo, se vamos num campeonato nacional e você não ganha, acabou a chance".
Michele Mendonça, técnica de basquete em Corumbá, avaliou de forma muito positiva a oportunidade de conversa. "Eu vejo isso um marco muito grande para o esporte do Mato Grosso do Sul, tendo em vista que a Bolsa Atleta e a Bolsa Técnico venham ajudar muito quem está realmente direto, ligado ao esporte, e fazer essa audiência para a melhoria desse programa é muito importante, porque eles estão ouvindo as angústias, as expectativas de quem realmente busca ter essa contemplação das bolsas".
Para ela, uma solução para melhorar o processo do Bolsa Técnico é desvincular o resultado esportivo dos atletas e considerar o currículo do treinador. "Acho que tem que ser por mérito do currículo, do técnico, isso é uma coisa muito importante ao meu ver, e também poder ter as coletivas com mais pontuações a nível estadual, diferentes das individuais, porque as competições coletivas elas são bem menores do que as competições individuais".
Receba as principais notícias do Estado pelo celular. Baixe aqui o aplicativo do Campo Grande News e siga nas redes sociais: Facebook, Instagram, TikTok e WhatsApp.