ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram
FEVEREIRO, TERÇA  11    CAMPO GRANDE 22º

Esportes

Rotatividade de técnicos, o que o futebol brasileiro perde com isso

O caos do futebol brasileiro costuma queimar atletas e treinadores

Carolina Peres | 23/05/2021 09:28

No Brasil, não é raro ver a seguinte manchete: “após derrota, clube decide demitir treinador”. Pelo contrário, é muito comum e recorrente.

Dentre os principais problemas do futebol brasileiro está a rotatividade de técnicos.

Contratações e demissões nos times do Brasileirão 2021.

Só para ilustrar, até o dia 19 de maio de 2021, houveram 47 mudanças no comando técnico de times que disputam a primeira divisão, contando as chegadas e saídas de técnicos e interinos.

Dos 20 participantes da divisão principal, 14 times trocaram de técnico antes mesmo do início do torneio. São eles:

  • Corinthians;
  • Santos;
  • Fortaleza;
  • Sport;
  • São Paulo;
  • Fluminense;
  • Chapecoense;
  • Athletico Paranaense;
  • Internacional;
  • Grêmio;
  • Atlético Mineiro;
  • Atlético Goianiense;
  • Cuiabá;
  • Juventude.

 Apenas Palmeiras, América Mineiro, Bahia, Bragantino, Ceará e Flamengo têm os mesmos treinadores do ano de 2020. Veja os técnicos que, provavelmente, iniciarão o Brasileirão 2021.

  • Lisca - América-MG;
  • Abel Ferreira - Palmeiras;
  • Guto Ferreira - Ceará;
  • Rogério Ceni - Flamengo;
  • Maurício Barbieri -  Bragantino;
  • Dado Cavalcanti - Bahia;
  • Pablo Vojvoda - Fortaleza;
  • Hernán Crespo - São Paulo;
  • Alberto Valentim - Cuiabá;
  • Cuca - Atlético-MG;
  • Roger Machado - Fluminense;
  • Mozart - Chapecoense;
  • Marquinhos Santos - Juventude;
  • Tiago Nunes - Grêmio;
  • Miguel Angel Ramirez - Internacional;
  • Fernando Diniz - Santos;
  • Umberto Louzer - Sport;
  • Jorginho - Atlético Goianiense;
  • Antônio Oliveira - Atlético Paranaense.

Sem dúvida, devemos levar em consideração um importante fato: a primeira divisão terminou em fevereiro de 2021, por conta da pandemia do novo coronavírus. Ou seja, foi uma temporada atípica no calendário brasileiro. Porém, a rotatividade de técnicos não muda muito se comparada aos campeonatos passados.

Brasil: o pior país para ser treinador de futebol

Um estudo feito pela Universidade do Esporte da Alemanha, divulgado em outubro de 2020, revela dados muito interessantes sobre a dança das cadeiras vivida em solo brasileiro. O artigo considerou todos os campeonatos brasileiros disputados entre 2003 e 2018.

No período, houveram 594 trocas. A média de trocas de técnicos por temporada é de 37,1, contando com os interinos, que comandam enquanto o time busca um novo treinador. Sem eles, a média diminuiu para 28,9, mas segue superior às principais ligas do mundo.

Para efeito de comparação, veja as médias europeias e sul-americanas:

  • Argentina - 21,0;
  • Colômbia 11,3;
  • Portugal - 9,8;
  • Itália - 9,5;
  • Inglaterra - 7,7;
  • Alemanha - 7,3;
  • França - 4,9.

Também foi calculada a média de tempo de trabalho: 65 dias. Com essa média de permanência no cargo é praticamente impossível um treinador aplicar a sua filosofia de trabalho.

Não há tempo para conhecer os jogadores, para treinos, estudos e até mesmo para se habituar com seu novo local de trabalho e, em alguns casos, com a nova cidade ou país.

Técnicos estrangeiros

Sim, país, pois a grande tendência é contratar treinadores estrangeiros, principalmente argentinos, portugueses e espanhóis.

Em 2021, o Brasileirão terá, no mínimo, 5 treinadores estrangeiros. Abel Ferreira, do Palmeiras, e António Oliveira, do Athletico-PR, representam Portugal.

 Pablo Vojvoda, do Fortaleza, e Crespo, do São Paulo, são naturais da Argentina. Enquanto que Miguel Angel Ramirez, do Inter, é o único espanhol.

Graças ao enorme sucesso de Jorge Jesus, técnico português, no Flamengo, abriu-se uma porta aos estrangeiros. Mas eles não estão imunes à pressão.

Pressão da torcida

O caso mais recente aconteceu em 2021. Em fevereiro, Ariel Holan, treinador argentino, assinou um contrato de 2 anos com o Santos, da primeira divisão.

Após alguns resultados negativos, a torcida atacou o ônibus da delegação santista, como forma de protesto. Assim, Holan se sentiu acuado com toda a violência, e pediu demissão após somente 2 meses de trabalho.

Tenha certeza: se o treinador sofre mais de 4 derrotas seguidas, seu cargo está sob ameaça. Em caso de eliminação em torneios nacionais e internacionais, o risco de demissão aumenta consideravelmente.

Sem tempo para conhecer o jogador, fica difícil extrair o melhor dele, saber quais as suas preferências dentro de campo e suas características com e sem a bola.

Isso impede a evolução do atleta, e acaba influenciando nos resultados da equipe.

Assim, o treinador não vive, ele sobrevive. A cada vitória, ele ganha mais algum tempo na função.

Má gestão

Além da torcida, alguns dirigentes também são adeptos do imediatismo, buscam resultados positivos de maneira instantânea.  E isso é impossível, seja no futebol ou em qualquer outro tipo de profissão.

Preferem gerir com base em achismos, na intuição e fazem movimentos políticos.

Alguns dirigentes sequer buscam se atualizar sobre futebol. Tomam decisões com pouco ou nenhum fundamento, fugindo do profissionalismo.

Portanto, podemos chegar a duas conclusões. A primeira: ser treinador no Brasil não é uma profissão nada fácil e tranquila.

A segunda: a rotatividade no futebol brasileiro só agrega coisas negativas. Todo o imediatismo prejudica na lapidação de jovens talentos, uma das marcas registradas do nosso país.

Com a formação prejudicada, a qualidade das partidas caem. Sem conseguir formar atletas, os clubes recorrem a estrangeiros, que costumam custar caro. E seu time, em qual posição está? Aproveite e faça a sua fezinha na KTO apostas esportivas. Curta o melhor do seu time em todos os sentidos.

Nos siga no Google Notícias