Rotatividade de técnicos, o que o futebol brasileiro perde com isso
O caos do futebol brasileiro costuma queimar atletas e treinadores
No Brasil, não é raro ver a seguinte manchete: “após derrota, clube decide demitir treinador”. Pelo contrário, é muito comum e recorrente.
Dentre os principais problemas do futebol brasileiro está a rotatividade de técnicos.
Contratações e demissões nos times do Brasileirão 2021.
Só para ilustrar, até o dia 19 de maio de 2021, houveram 47 mudanças no comando técnico de times que disputam a primeira divisão, contando as chegadas e saídas de técnicos e interinos.
Dos 20 participantes da divisão principal, 14 times trocaram de técnico antes mesmo do início do torneio. São eles:
- Corinthians;
- Santos;
- Fortaleza;
- Sport;
- São Paulo;
- Fluminense;
- Chapecoense;
- Athletico Paranaense;
- Internacional;
- Grêmio;
- Atlético Mineiro;
- Atlético Goianiense;
- Cuiabá;
- Juventude.
Apenas Palmeiras, América Mineiro, Bahia, Bragantino, Ceará e Flamengo têm os mesmos treinadores do ano de 2020. Veja os técnicos que, provavelmente, iniciarão o Brasileirão 2021.
- Lisca - América-MG;
- Abel Ferreira - Palmeiras;
- Guto Ferreira - Ceará;
- Rogério Ceni - Flamengo;
- Maurício Barbieri - Bragantino;
- Dado Cavalcanti - Bahia;
- Pablo Vojvoda - Fortaleza;
- Hernán Crespo - São Paulo;
- Alberto Valentim - Cuiabá;
- Cuca - Atlético-MG;
- Roger Machado - Fluminense;
- Mozart - Chapecoense;
- Marquinhos Santos - Juventude;
- Tiago Nunes - Grêmio;
- Miguel Angel Ramirez - Internacional;
- Fernando Diniz - Santos;
- Umberto Louzer - Sport;
- Jorginho - Atlético Goianiense;
- Antônio Oliveira - Atlético Paranaense.
Sem dúvida, devemos levar em consideração um importante fato: a primeira divisão terminou em fevereiro de 2021, por conta da pandemia do novo coronavírus. Ou seja, foi uma temporada atípica no calendário brasileiro. Porém, a rotatividade de técnicos não muda muito se comparada aos campeonatos passados.
Brasil: o pior país para ser treinador de futebol
Um estudo feito pela Universidade do Esporte da Alemanha, divulgado em outubro de 2020, revela dados muito interessantes sobre a dança das cadeiras vivida em solo brasileiro. O artigo considerou todos os campeonatos brasileiros disputados entre 2003 e 2018.
No período, houveram 594 trocas. A média de trocas de técnicos por temporada é de 37,1, contando com os interinos, que comandam enquanto o time busca um novo treinador. Sem eles, a média diminuiu para 28,9, mas segue superior às principais ligas do mundo.
Para efeito de comparação, veja as médias europeias e sul-americanas:
- Argentina - 21,0;
- Colômbia 11,3;
- Portugal - 9,8;
- Itália - 9,5;
- Inglaterra - 7,7;
- Alemanha - 7,3;
- França - 4,9.
Também foi calculada a média de tempo de trabalho: 65 dias. Com essa média de permanência no cargo é praticamente impossível um treinador aplicar a sua filosofia de trabalho.
Não há tempo para conhecer os jogadores, para treinos, estudos e até mesmo para se habituar com seu novo local de trabalho e, em alguns casos, com a nova cidade ou país.
Técnicos estrangeiros
Sim, país, pois a grande tendência é contratar treinadores estrangeiros, principalmente argentinos, portugueses e espanhóis.
Em 2021, o Brasileirão terá, no mínimo, 5 treinadores estrangeiros. Abel Ferreira, do Palmeiras, e António Oliveira, do Athletico-PR, representam Portugal.
Pablo Vojvoda, do Fortaleza, e Crespo, do São Paulo, são naturais da Argentina. Enquanto que Miguel Angel Ramirez, do Inter, é o único espanhol.
Graças ao enorme sucesso de Jorge Jesus, técnico português, no Flamengo, abriu-se uma porta aos estrangeiros. Mas eles não estão imunes à pressão.
Pressão da torcida
O caso mais recente aconteceu em 2021. Em fevereiro, Ariel Holan, treinador argentino, assinou um contrato de 2 anos com o Santos, da primeira divisão.
Após alguns resultados negativos, a torcida atacou o ônibus da delegação santista, como forma de protesto. Assim, Holan se sentiu acuado com toda a violência, e pediu demissão após somente 2 meses de trabalho.
Tenha certeza: se o treinador sofre mais de 4 derrotas seguidas, seu cargo está sob ameaça. Em caso de eliminação em torneios nacionais e internacionais, o risco de demissão aumenta consideravelmente.
Sem tempo para conhecer o jogador, fica difícil extrair o melhor dele, saber quais as suas preferências dentro de campo e suas características com e sem a bola.
Isso impede a evolução do atleta, e acaba influenciando nos resultados da equipe.
Assim, o treinador não vive, ele sobrevive. A cada vitória, ele ganha mais algum tempo na função.
Má gestão
Além da torcida, alguns dirigentes também são adeptos do imediatismo, buscam resultados positivos de maneira instantânea. E isso é impossível, seja no futebol ou em qualquer outro tipo de profissão.
Preferem gerir com base em achismos, na intuição e fazem movimentos políticos.
Alguns dirigentes sequer buscam se atualizar sobre futebol. Tomam decisões com pouco ou nenhum fundamento, fugindo do profissionalismo.
Portanto, podemos chegar a duas conclusões. A primeira: ser treinador no Brasil não é uma profissão nada fácil e tranquila.
A segunda: a rotatividade no futebol brasileiro só agrega coisas negativas. Todo o imediatismo prejudica na lapidação de jovens talentos, uma das marcas registradas do nosso país.
Com a formação prejudicada, a qualidade das partidas caem. Sem conseguir formar atletas, os clubes recorrem a estrangeiros, que costumam custar caro. E seu time, em qual posição está? Aproveite e faça a sua fezinha na KTO apostas esportivas. Curta o melhor do seu time em todos os sentidos.