Sem provas nacionais, Autódromo sobrevive de competições regionais
Campo Grande tem um Autódromo Internacional com pista de 3.588 metros, 28 box, oito camarotes e oito curvas. A boa estrutura, uma das melhores públicas do país, já recebeu mais de 50 mil visitante em um único dia, além de nomes importantes do automobilismo brasileiro.
O espaço foi inaugurado em agosto de 2001 com a presença de 60 mil campo-grandenses, que congestionaram as vias do centro até a extensão da BR-262, onde a praça esportiva está localizada. Todos ansiosos para ver a competições da oitava prova da temporada da Fórmula Truck daquele ano.
Palco de importantes provas nacionais, como a StockCar, a arena viu a redução drástica de eventos de grande porte no local. O que mantém o espaço hoje são as competições menores, entre campeonatos regionais e treinamentos de corporações.
Administração - A área onde o Autódromo foi construído pertencia ao ex-piloto Orlando Moura, que concedeu a área para a construção da pista. Hoje, a administração do espaço pertence a Prefeitura de Campo Grande, sob responsabilidade da Funesp (Fundação de Esporte de Campo Grande).
Sem detalhar valores de manutenção e rentabilidade do local, o diretor-presidente da pasta, Rodrigo Terra, informou que dois funcionários trabalham no espaço, além de guardas municipais que são responsáveis pela segurança no dia a dia. “O autódromo não está parado, temos conversado com a federação de automobilismo para montar o calendário”.
Conforme Terra, a praça esportiva é utillizada para a realização de cursos de pilotagem, treinamentos de corporações como a Polícia Civil, Militar e do Corpo de Bombeiros. “Para órgãos públicos não tem custo, para entidades privadas depende da quantidade de dias e atividades que acontecem. Estamos no terceiro mês de gestão e não temos isso contabilizado”.
O valor do aluguel do Autódromo varia de acordo com o evento que será realizado, e os números constam no Diogrande (Diário Oficial de Campo Grande) do dia 16 de março de 2016, anexo I da portaria n.003/2012.
Para competições regionais estaduais, regionais e municipais de ciclismo, corrida pedreste, motociclismo, automobilismo, arrancada e Track Day e Escola de Pilotagem, com duração de até dois dias, o valor cobrado é de R$ 3 mil.
Em eventos de porte nacional o custo da diária para motociclismo e automobilismo é de R$ 7 mil, enquanto a Fórmula Truck, com uso de até 15 dias, é de R$ 30 mil. Para a Stock Car no mesmo período o investimento é de R$ 20 mil.
Treinos estaduais variam de R$ 50 a 520 por unidade. Box individual e Sala de Imprensa custam R$ 500, e o estacionamento por setor sai a R$ 1,5 mil. A sala Vip vale 30% sobre o valor da tarifa.
Ernani Thomaz é administrador do espaço esportivo. Ele conta que o serviço de limpeza é feito diariamente, enquanto a manutenção semestral engloba a parte elétrica e hidráulica. Nessa última, agendada para a próxima semana, cerca de 100 funcionários com três tratores devem fazer os trabalhos.
"Não há previsão para que uma grande reforma seja feita, mas no próximo ano deve ser feita a pintura, além da reforma na torre em que fica a imprensa e a organização das provas. A Funesp e as federações do Estado estão trabalhando para melhorar e trazer cada vez mais eventos".
O professor ressaltou que uma equipe da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) faz vistoria há cada dois meses para verificar possíveis criadouros do mosquito Aeds Aegypti. "Aqui não temos problemas com isso, inclusive os pneus que ficam são furados para não acumular água", finalizou.
Tragédia - Nesses 15 anos de funcionamento, o Autódromo Internacional foi palco de grandes provas. Porém um dos mais trágicos acidentes do automobilismo ocorreu por aqui.
Em setembro de 2003, durante a oitava corrida da Stock Car daquela temporada, o estudante de jornalismo Raphael Lima Pereira, 19 anos, credenciado para fazer a cobertura fotográfica da prova, permaneceu na pista em local proibido.
Ele foi atingido pelo piloto Nonô Figueiredo, que perdeu o controle do carro, saiu da pista e atropelou o jovem, que teve parada cardiorrespiratória e morreu em decorrência dos ferimentos.
A tragédia fez com que a competição fosse reformulada em questão de segurança. Por meio da assessoria de imprensa, a Stock Car explicou que a seleção de profissionais que fazem a cobertura das provas se tornou mais rígida.
Tanto diretor de prova quanto o fotógrafo oficial dão posicionamentos de pista e instruções aos jornalistas. Agora só é permitido acesso de profissionais que possuam lentes fotográficas de no mínimo 300 milímetros, e não é permitido ficar em uma distância menor de 3 metros de cada bairreira de profissão.
A assessoria afirmou que desde 2003 nenhum outro acidente envolvendo a imprensa ocorreu. Quem desobedece as instruções sofre punições, como a retirada do colete de credenciamento e, em casos mais graves, do evento.
Pista especial - Em 2002, Nelsinho Piquet fez uma corrida importante pela Fórmula 3 Sul-Americana na Capital sul-mato-grossense. Após bater seu carro logo no início da prova, em que largou na frente, conseguiu recuperar e vencer a corrida. Ao fim da temporada, levantou o título da competição.
"É uma pena, uma pista tão bacana em um centro tão importante, pensando em uma cidade para os padrões brasileiros não ter mais corridas. Essa corrida de fórmula 3 foi muito empolgante, é uma pista que gera muitas disputas", comentou o piloto.