Casa de Bá tem memórias de sítio e tijolinhos que contam sua história
Assim como a construção da casa na Vila Célia, Sebastiana conta que sua história foi feita com muito esforço
Unindo lembranças da infância no sítio da família à trajetória que precisou escrever após perder o marido, um muro de tijolinhos ajuda a narrar a história de Sebastiana da Silva Miguel. Assim como a estrutura foi construída há 40 anos com muito esforço, a cozinheira se orgulha de dizer que levantou sua vida em conjunto à própria casa.
“Eu me casei e em pouco menos de dois anos fiquei viúva, minha filha era pequena. Então eu que precisei fazer tudo mesmo”, conta Bá, como é chamada pelos conhecidos. Desde que se mudou para a casa na Vila Célia, a moradora nunca pensou em sair dali e explica que sua relação com o espaço guarda as memórias da trajetória.
Hoje, as paredes são das cores que ela gosta, o quintal reúne as “heranças” de quando morava no sítio da família e a fachada segue resistindo. “Mas nem sempre foi assim, quando eu cheguei aqui não tinha nem energia elétrica na rua, só em casa. Esse muro nem existia, eu que precisei levantar ele. Tudo isso enquanto criava minha filha”.
Na época, a própria vida da cozinheira era uma incógnita e se assemelhava com os pontos de interrogação deixados pelo terreno com a casa “crua”. Sem poder pensar muito, Bá narra que foi encontrando modos de melhorar tanto a estrutura do espaço quanto seu modo de vida.
“A casa era menor, bem diferente. Aos poucos transformei a varanda em uma sala de costura, depois mudei a cozinha de lugar e aumentei para trás até ficar do jeito que está agora. Nesse tempo, eu fiz curso de costura, trabalhava com isso e depois fiz de culinária”, diz Sebastiana.
Por ter crescido na área rural, ela conta que sempre gostou do contato com a terra. Então, além do muro e de aumentar a casa, um quintal com plantas não poderia ficar de fora. Reunindo desde flores até temperos, Bá narra que faz questão de manter as práticas da infância ativas.
Ali, desde abóbora até mamão, tudo vai sendo cultivado aos poucos e transformando o quintal mais uma vez. “Eu gosto de ter, mas algumas coisas se espalham demais. Já tive até mandioca plantada aqui, era bom demais. Mas precisei cortar tudo, depois fui plantando outras coisas até chegar no que tenho hoje”.
E enquanto muita coisa foi mudando, ela explica que resolveu deixar o muro e o portão parecidos com o cenário inicial de sua história. “Mudei pouca coisa, acho que gosto deles. Até pinto às vezes, mas combina”.
Seja sem ter planejado ou sabendo das escolhas, a cozinheira diz que mantém parte das memórias e guarda outras. Independente do caso, narra que se orgulha de ter conseguido pintar as paredes de “sete chaves”.
“Eu me apaixonei, queria mudar a cor da casa e deixar de um jeito que não tivesse nos vizinhos. Acho que ficou minha cara, renovou mais uma vez”, completa.
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