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Arquitetura

Com azulejos e piso preservados, casa famosa abre portas para Morar Mais 2015

Ângela Kempfer | 10/11/2015 14:23
Com azulejos e piso preservados, casa famosa abre portas para Morar Mais 2015
Pátio Português, com a escada que já está lá há mais de 40 anos.

O melhor da Morar Mais 2015 não é a inovação ou a criatividade dos arquitetos que assinam os projetos. Apresentada na manhã desta terça-feira à imprensa, o que há de formidável na mostra é o passado.

Instalados no número 4179 da avenida Afonso Pena, endereço famoso como “a casa do Pedrossian”, os ambientes com proposta de valorizar formas sustentáveis e baratas de conforto despertam um apreço especial por destacarem lembranças antigas de um imóvel que foi símbolo de poder nas décadas de 70 e 80.

Os originais azulejos brancos e azuis que estavam por todo o imóvel permanecem em quase todos os 38 ambientes, assim como o piso de cerâmica, o que normalmente seria descartado em uma reforma.

Os arquitetos lixaram, enceraram, descascaram paredes, limparam peças engorduradas, recuperaram as encardidas, valorizaram pedras e assim preservaram a alma do imóvel histórico, de mais de 40 anos e com 1,7 mil metros quadrados, assinado por Avedis Balabanian.

Com azulejos e piso preservados, casa famosa abre portas para Morar Mais 2015
Mesmo azulejo que aparece na cozinha.
Com azulejos e piso preservados, casa famosa abre portas para Morar Mais 2015
Fonte de desejos com o azulejo original da casa.

Na entrada principal, a grande porta de ferro foi pintada de vermelho. No Deck Belas Artes, o descascar de uma parede revelou a raiz da figueira presa aos tijolos do muro vizinho. São vestígios expostos com uma velhice inspiradora.

Já de cara, dois ambientes assinados por Luis Pedro Scalise também exibem peças originais do imóvel, inseridos na cenografia que já é tradição do arquiteto. A sala de estar virou uma pátio português, com a lareira e a escada de ferro, ambas dos anos 70, totalmente inseridas na atmosfera proposta pelo profissional. “Decidi voltar à época de distribuição de chás, lá por 1470, antes mesmo do descobrimento do Brasil”, explica.

Para a viagem n o tempo, ele trouxe um chafariz e muita vegetação. Raízes de orquídeas ficam à mostra, penduradas, como várias plantas de infusão distribuídas ao redor da lareira de pedra, como se fazia antigamente ao redor dos fogões em Portugal. Até um aqueduto foi reproduzido em gesso acartonado, para remeter à arquitetura portuguesa.

Luis Pedro gosta dos detalhes. Por isso, guardou saquinhos de chás e os usou como base para a arte emoldurada na parede. Para a sala de jantar, trouxe Nossa Senhora de Fátima e a louça rebuscada de uma família clássica.

As antigas janelas do prédio onde viveu a família Pedrossian são elementos em destaque por toda a mostra, são a identidade que resiste em cada projeto.

Na Cozinha Gourmet, elas tiveram os vidros repostos, com colorido personalizado. O trabalho mais cansativo foi para reutilização de 460 azulejos, garimpados em outros cômodos e que voltaram à ativa depois de limpeza manual, um a um. No teto, eles surgem como adesivos.

O piso ganhou pintura epoxi e ficou com aparência de porcelanato. Nas bancadas da pia e dos armários, os arquitetos experimentaram dois tipos de revestimento em tons azuis. O de alumínio (cerca de R$ 100,00 o m²), com acabamento perfeito, e a lona (R$ 70,00) de resultado e durabilidade inferiores, mas com preço melhor.

Os vitrais também aparecem no alto da cúpula, agora pintada com tinta automotiva e glitter, para receber um lustre gigante, de 60 braços e que demorou 10 horas para ser instalado. A torneira que ficou no espaço identifica o lugar que antes era a sala de almoço, e contrasta com a mesa feita de vergalhão de obra e o aparelho de TV de 47 polegadas, camuflado por um espelho que só surge quando o equipamento está desligado.

Com azulejos e piso preservados, casa famosa abre portas para Morar Mais 2015
Janelas e portas com vitrais coloridos dão luminosidade exclusiva à varanda.
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Na sala de cinema e jogos, o moderno em gesso do chão ao teto, em diferentes angulações e com pintura no tom cimento queimado e

No quarto principal, no closet da suíte master e nas varandas, o piso é o mesmo, mas a forma de lixar e de usar a cera para o acabamento, com efeito claro ou mais escuro, mostra a versatilidade da lajota fundida na década de 70. Pelo teto, o forro foi mantido e as vigas de madeira aparecem como acabamento rústico dos ambientes.

“A casa estava em condição deplorável. Há mais de 10 anos ninguém morava. Mas deu condições para que todo mundo trabalhasse muito bem”, avalia o arquiteto Ângelo Arruda.

Nos jardins, como já é comum nas mostras de decoração, há muita madeira pinus, samambaia, jabuticaba... Mas a fonte da família é única e virou “fonte dos desejos”. Durante a mostra, moedinhas serão vendidas em prol do Instituto Amigos do Coração, entidade que também ganhou um Corredor de Artes, com obras doadas por artistas plásticos para comercialização.

Para o público, a Mostra será inaugurada amanhã (11) e ficará aberta por 40 dias, de terça a domingo, das 16h às 22h. O ingresso custa R$ 20,00.

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Cúpula tem lustre gigante, de 60 quilos.
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Varanda preservou piso antigo.
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Quarto masculino, em homenagem ao músico Marcelo Loureiro.
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E o quarto feminino, da "Mulher de 40", com madeiramento do teto revitalizado.
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