Com piscina, pneus e galões, comerciante transforma loja em bar sustentável
Em menos de um mês e com cerca de R$ 5,7 mil no bolso, o comerciante Ednaldo Alves Santos, 35, de Campo Grande, transformou uma loja de presentes e utilidades, que mantinha no bairro Aero Rancho, em um bar sustentável.
A fachada ainda exibe o nome antigo, “La Banca”, mas quem entra no espaço já enxerga, de longe, a inscrição “B'otreco”, grafada no fundo de uma piscina velha, que serve para um palco feito de pallets.
Para reforçar que tudo no local é reaproveitado, Ednaldo, mais conhecido como “Mancha”, usou, na logo – que ele mesmo desenvolveu -, o símbolo da reciclagem no lugar do primeiro “o”. Nem precisaria.
Na entrada, o banner de boas vindas foi posicionado em cima de vários galões vazios de tintas, que foram recolhidos em uma fábrica. Eles estão presentes por todo o bar que é, na verdade, o quintal da casa de Ednaldo.
São 10 grandes e 143 pequenos. Os maiores serviram de mesas-bistrô. Os menores, de bancos. Juntos, formam cinco conjuntos, que se misturam às mesas de pallets e fazem com que o espaço comporte 140 pessoas sentadas.
Mas alguns galões também foram cortados ao meio e utilizados como luminárias. Há pelo menos 8 delas espalhas pelos muros. Para dar uma repaginada, Mancha colou apenas adesivos de cervejas e, na maioria deles, fez pinturas com tinta spray.
Tudo reaproveitado - Ele não quis mudar muito a cara dos materiais porque a intenção, diz, é mostrar que a reciclagem, ali, tem vez. E tem mesmo. No banheiro, o rolo de papel higiênico é colocado em um suporte de garrafa pet.
A pia, que fica do lado de fora, é feita com cinco pneus. A cuba é um galão de plástico, também de tinta. A lixeira é a parte de trás de um monitor antigo de computador. Os cinzeiros são discos de vinil torcidos no fogo.
O salão da frente, onde funcionava a loja de presentes e utilidades, foi transformado em um espaço de bilhar, com duas mesas. Recebeu tinta preta nas paredes e lâmpadas negras.
As brancas, fluorescentes, foram usadas para clarear o carpete verde. É uma luminária feita com antena de TV à cabo. Ednaldo fez tudo com a ajuda do amigo, o empresário Raphael Palhano Valério, de 23 anos, que sempre gostou de artesanato.
Ele, por outro lado, sempre foi criativo. “Sou de fabricar, de construir coisas, sou hiperativo. Quando você só compra e revende, não fabrica nada”, afirmou, se referindo à antiga loja, que vingou por 3 anos e 6 meses.
No bar, a dupla está trabalhando para ajeitar outros detalhes. O mascote do “B'otreco”, feito com pneus, foi finalizado. Os clientes que vão escolher o nome. Eles ainda pretendem colocar no quintal uma Kombi que, dizem, vai servir como bar.
São planos. Por enquanto não há nada definido. Ednaldo não tem cardápio e muito menos cozinheiro, mas adianta que vai vender comida tradicional de boteco. A ideia é atrair famílias inteiras do bairro e, também, gente que vive do artesanato.
A proposta é fazer do bar um ponto de venda colaborativo, para quem artistas coloquem trabalhos em exposição pelo menos uma vez na semana. E a música? “Regional, MPB e Pop”, responde.
O B'otreco ainda não foi inaugurado oficialmente. Isso deve acontecer no dia 8 de março, às 20h.
O bar fica na Avenida Costa Melo, 17 (quase esquina com a Avenida Rachel de Queiroz), no Aero Rancho. Outras informações podem ser obtidas no Facebook.