Conservada pela família há 58 anos, casa é memória de Rosa e Rozendão
Tintura foi uma das poucas mudanças feitas pela filha, Otília, desde que voltou a dar vida para o lar
Das janelas ao telhado, Otília Alves Barbosa faz de tudo para manter a estrutura da casa construída pelos pais da mesma forma com que sempre foi. Com exceção da pintura e manutenções, preservar o lar mais original possível é o modo com que os filhos decidiram manter a memória de Rosa e Rozendão viva na Vila Taquarussu.
Construída há 58 anos, a casa de madeira chegou quando “aqui era um verdadeiro brejo”, conta Otília. Na época em que os pais deram início à construção, o bairro era pouco habitado e, conforme as décadas se passaram, a família cresceu em conjunto à região.
“Aqui no bairro todo mundo conhecia meu pai, até hoje passam aqui na frente e ficam felizes de ver que a família continua na casa”, conta Otília. Isso porque mais do que terem sido parte dos primeiros moradores, o pai costumava receber clientes e amigos diariamente.
Como Otília puxa na memória, a parte de frente do quintal contava com um bar e, por isso, o fluxo por ali era frequente. “Todo mundo vinha aqui, esse bar era a vida do meu pai. Como ele também gostava de mexer com futebol, juntava mais gente ainda”.
E, sempre ao lado do marido, Rosa também continuou integrando o imaginário do bairro. Tanto é que após perder Rozendo, ela fez questão de seguir morando na casa em que os dois criaram os filhos e construíram a vida.
Já sem os dois, Otília explica que o bar parou de existir, resistindo apenas a casa de madeira construída pelo pai. “Agora, eu faço de tudo para manter a casa. Não é fácil porque ela é muito antiga, essas madeiras mesmo não dá para colocar um prego de tão duras”.
De volta ao lar há cerca de cinco anos, ela explica que por quase uma década o espaço ficou vazio.
Após a mãe falecer, os filhos acabaram sem saber muito bem como reagir em relação à casa em que cresceram, detalha a moradora. “Eu fui morar no Interior e quando decidi voltar, meus irmãos pediram para que eu viesse para cá. Ninguém quer vender ou se desfazer, todo mundo quer manter a ‘casa da vó’, como eles chamam”.
Tendo aceitado a proposta dos irmãos para cuidar do espaço, a moradora narra que cada pedaço é uma lembrança da família. “Minha mãe sempre foi muito cuidadosa, a gente lustrava esse chão com equipamentos que eram pesados mesmo. Com o tempo, melhorou, mas até hoje eu continuo passando a cera”, diz.
Por isso, ela fez seus móveis caberem no lar e, mesmo sem saber como será o futuro, narra que a casa vai continuar firme por ali. “Você vê as marcas do tempo na madeira, mas ela é forte. Do jeito que construíram, ela continua. É difícil ver casa igual assim, até porque muita gente se desfaz”.
Contrariando possíveis ondas de vendas, a filha completa que a memória dos pais deve continuar bem guardada. “Quando as pessoas passam aqui na frente ficam até curiosos, tem gente que tira foto. Nem dá para entender bem, mas acho que é isso da história, gera isso”.
Confira a galeria de imagens:
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