Em casa que engana no tamanho, Lana mantém o próprio museu
Construído há mais de 20 anos, o lar foi pensado pela aposentada e hoje é seu reduto de memórias
Observando casas na região da Vila Glória, me tornei mais uma integrante do grupo de pessoas que são enganadas pelo tamanho da casa de Lana Serra. Olhando de fora, o lar parece apenas uma portinha com janela e um quintal comprido, mas já dentro dá para ver o espaço de sobra que se tornou um reduto de memórias para a proprietária.
“A vida toda as pessoas passam e falam ‘nossa, mas sua casa é tão pequenininha’. A gente se acostumou”, brinca Lana. Tendo chegado ao bairro há quase 50 anos, a aposentada explica que passou por boas idas e vindas com o terreno da família.
Na área completa, há três casas separadas por muros e é justamente uma das separações que engana o olhar. Mas, mesmo que realmente fosse uma casa pequena, Lana conta que continuaria gostando do que fez, isso porque cada planta no quintal e cada janela foram pensadas por ela.
Retornando à história do “museu” próprio, a proprietária brinca que é apaixonada por guardar lembranças. Por isso, tanto o formato diferente da porta quanto os itens espalhados pela casa remetem a outros tempos.
Sem a intenção de ser um marco na viagem entre os itens da casa, a sala estava até “vestida” como o fim de uma linha do tempo marcando o presente. “Não repara, eu gosto de mesa posta e como não tem onde guardar as coisas, deixei até a comemoração do Ano Novo aí”, explica Lana sobre o branco e dourado tomando conta do espaço de boas vindas a 2023.
Ali, em meio aos pratos, as estruturas de máquinas de costura deixadas pela família se tornaram suporte. Enquanto em cima de um armário diferente, a máquina em si, que Lana diz continuar funcionando, também se tornou apenas decoração.
“Pode fazer foto desse armário, se quiser. Minha mãe é que comprou, diziam que era dos primeiros moradores de Campo Grande, mas não sei bem de qual ano”, explica sobre o móvel pintado. Nele, dois mini quadros também integram as lembranças construídas pela proprietária.
Nas paredes, ao invés de tradicionalmente guardados em álbuns fechados, as fotos que marcam a passagem de vida também são expostas. E, logo em seguida, Lana comenta que prefere tudo à mostra, ao alcance dos olhos.
Enquanto outros três quartos preservam itens pessoais mais aleatórios da moradora, o último da casa é o organizado para as lembranças. Mas até nos outros há itens da colecionadora, como um secador de cabelo antigo usado em salões de beleza.
E, completando a trajetória até aqui da proprietária, o espaço final é composto por máquinas fotográficas, uma pequena televisão e até malas de mais de 50 anos. “São coisas que eu gosto de ter, gosto de lembrar. Essa mala mesmo deve ter uns 60 anos, era do meu padrasto e eu não quis me desfazer”.
Talvez pela história preservada na casa, hoje o “vai e volta” com mudanças de lar já não acontece mais como era no passado de Lana. “Eu amo morar aqui, não vou embora não”.
Confira a galeria de imagens:
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