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Arquitetura

Em reforma de casarão, Miska encontrou tesouros sob tinta

Ajustes para receber a Mostra de Arte Digital levaram aos novos “descobrimentos”

Por Aletheya Alves | 16/10/2024 07:26
Durante processos de restauração, Miska encontrou piso de ladrilho hidráulico. (Foto: Marcos Maluf)
Durante processos de restauração, Miska encontrou piso de ladrilho hidráulico. (Foto: Marcos Maluf)

Há anos, a artista plástica Miska Thomé se dedica a cuidar do casarão construído pelo avô, Manuel Secco Thomé em 1945, na Rua 14 de Julho. E, desde que entrou nesse processo, a neta não para de encontrar histórias guardadas entre as paredes. Desta vez, os “tesouros” vieram durante mais uma etapa da reforma e estavam debaixo de tinta: pisos de ladrilho hidráulico feitos na antiga fábrica da família.

“Meu avô teve uma fábrica de ladrilho hidráulico em Campo Grande e sempre que eu vinha aqui, ficava questionando ‘poxa, a família tinha a fábrica, mas aqui no casarão não tem ladrilho hidráulico’. Até que encontramos”, introduz Miska. Definida pela neta como uma “caixinha de surpresas”, a construção guarda um punhado de memórias concretas.

Nas últimas semanas, Miska se envolveu com as reformas novamente devido à Mostra de Arte Digital que tomará o casarão pela segunda vez (durante os dias 19 e 20 de outubro). A artista explica que a restauração é longa e, por ser cara, precisa ser realizada em etapas.

Impulsionada pelo evento do grupo de pesquisa Arte, Tecnologia e Sociedade do curso de Artes Visuais da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), a responsável por liderar as reformas ficou ainda mais apaixonada.

Composição foi feita em casarão com restos de ladrilhos. (Foto: Marcos Maluf)
Composição foi feita em casarão com restos de ladrilhos. (Foto: Marcos Maluf)
Móveis integram a lista de "tesouros" resgatados por Miska. (Foto: Marcos Maluf)
Móveis integram a lista de "tesouros" resgatados por Miska. (Foto: Marcos Maluf)
Em registro de Irene Thomé Lopes é possível ver parte da mobília. (Foto: Arquivo pessoal)
Em registro de Irene Thomé Lopes é possível ver parte da mobília. (Foto: Arquivo pessoal)

A produção de ladrilhos faz parte da história de Campo Grande, assim como as construções desenvolvidas pela família Secco Thomé. No caso de Miska, ter encontrado o piso ao lado do pátio do casarão foi algo ainda mais emocionante.

“Eu fiquei emocionada porque minhas memórias mais antigas do casarão são ao lado dessa garagem em que encontramos os ladrilhos. Me lembro que quando minha mãe foi ter meu irmão, eu fiquei aqui no pátio com meu avô e ele estava engarrafando vinho. Ele trazia aqueles galões de Portugal e engarrafava aqui. Essa cena é a mais antiga que tenho e eu não sabia, então se vincula”, detalha.

O piso foi encontrado durante a limpeza do espaço e uma união de gentilezas ajudou Miska. Ela explica que começou a retirar, mas a tinta vermelha era intensa e, quando contou sobre, uma prima que já havia feito esse processo em outro prédio da família doou um produto para auxiliar.

Além disso, outro profissional que fabricava ladrilhos hidráulicos explicou sobre a retirada e, no fim das contas, os ladrilhos estão voltando a ganhar vida.

Para além dos pisos, Miska também tem se envolvido com outras alegrias no casarão: parte dos móveis. Quando entendeu que gostaria de transformar parte da estrutura em um ambiente cultural e que contasse a história da família, a neta iniciou os restauros. E, com a caminhada, novidades vêm aparecendo em todos os âmbitos.

Na sua memória e nas fotografias antigas, a família aparece no casarão e a mobília integra todo esse cenário. Como é comum, parte dos móveis que ficavam por ali foram divididos entre os familiares e, agora, Miska tem conseguido trazer parte deles às origens.

“As cadeiras e o sofá fazem parte disso, eles tinham ficado para a minha tia e, durante um tempo, foram para a minha mãe. Depois, retornaram para ela e, há algum tempo, ela quis vender, então eu comprei e trouxe para cá. Me deixa feliz demais ver a casa sendo ocupada de novo, ainda temos muita coisa para fazer”, diz.

A ideia de Miska é garantir que o casarão fique de portas abertas para quem quiser conhecer a história dos Thomé e, consequentemente, de Campo Grande. Mas, assim como a restauração, o sonho é um processo que está em andamento.

E, enquanto isso não acontece de forma definitiva, ações têm sido realizadas, como é o caso da Mostra de Arte Digital.

Confira a galeria de imagens:

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Madi - arte e Casarão Thomé

Em sua 6ª edição, a Madi (Mostra de Arte Digital) será realizada no Casarão durante os dias 19 e 20 de outubro, das 9h às 21h com uma série de atividades.

Gratuito e aberto ao público, a mostra é coordenada pela professora e doutora Venise Paschoal de Melo, assim como pelo grupo de pesquisa Arte, Tecnologia e Sociedade. As produções são feitas pelos alunos do curso de Artes Visuais da UFMS.

Segundo a organização, o objetivo é reunir, fomentar e formas artistas e pesquisadores, assim como aproximar a comunidade das linguagens artísticas.

As produções envolvem videoinstalações, videoarte, instalação interativa, realidade aumentada, glitch arte, inteligência artificial, projeções mapeadas, música eletroacústica, paisagem sonora e música experimental.

Ao todo, a programação terá a mostra, oficina de arte, audiovisual e direitos humanos, roda de conversa, lançamento de livro e performance ao vivo. Para conferir toda a programação e se inscrever, veja o perfil @madi_ufms no Instagram.

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