Em sala integrada à cozinha, teto é de bambu trançado e marcenaria contemporânea
Em 30m², a proposta do ambiente é de acolher quem chega da praia, do banho de mar, da pescaria. Com sala de estar e cozinha integradas, o arquiteto de Bela Vista, Jean Félix, juntou conforto e praticidade para criar o "Refúgio para o homem do mar". O espaço é um dos ambientes da mostra "Casa & Cia", de Florianópolis - cidade onde Jean mora - e homenageia o modelo e ator Paulo Zulu.
A mostra de arquitetura está na 13ª edição e tem uma seleção diferenciada. Os projetos a serem trabalhados são de livre escolha dos profissionais e passam por uma curadoria. Este ano, o tema foi "a casa das casas". Apesar de morar fora do Estado há quase 20 anos, Jean mantém trabalhos e família em Campo Grande.
Ao Lado B, o arquiteto especializado em interiores residenciais e comerciais, comenta que a abordagem diferenciada, desde o convite para a mostra, eleva a qualidade dos ambientes. Expondo pela primeira vez na Casa & Cia, a sede da mostra foi o ponto de partida para decidir o conceito que o refúgio passaria.
A Casa & Cia foi projetada num condomínio em Passeio Pedra Branca, na parte litorânea da grande Florianópolis. "É um lugar muito especial esteticamente e conversa vai, conversa vem, eu descobri que o Paulo Zulu mora nesse condomínio", narra. Em conversas por e-mail com Zulu, ele falou da inspiração e mergulhou no que chama de "universo caiçara".
"Escolhi um personagem real, ele vive, tem pousada, casa e apartamento neste complexo. Como tive liberdade de criação, a ideia foi apresentar o viver na praia de forma brasileira, sem clichês, como as âncoras, ou em tons de azul, vermelho, aquela cena tradicional", explica.
Quando se pensa em morar na beira da praia, a referência "clichê" que vem à mente, segundo o arquiteto, é a americana, que nada tem a ver com a nossa realidade. Para trazer elementos da 'brasilidade', Jean investiu em materiais naturais, como o bambu do teto, mobiliário em madeira e um misto de objetos relacionados ao mar, vindos do acervo de Zulu.
A proposta foi de criar uma cabana, um refúgio onde o personagem real, Paulo Zulu, se sentisse em casa. "Ele morou na França, em Nova Iorque e ainda assim escolheu viver de um jeito natural e sustentável, mas que tenha sofisticação. Então a ideia foi mesclar este contexto todo", descreve.
Aconchegante e despojado, quem entra fica à vontade para por um copo à mesa de centro sem constrangimento, ou os pés no sofá. É prático para quem volta de um mergulho ao mesmo tempo em que oferece forno e geladeira de ponta para as refeições.
O teto é, de cara, a primeira coisa que chama atenção e pode inspirar outros ambientes. O bambu é natural de uma empresa de Florianópolis, artesanal, ele é trançado e amarrado em placas de 1,20m x 1,10m e uma por uma foram colocadas no teto.
A sensação de conforto está também na madeira, nas peças de barro e em detalhes como um tanque na pia para a tarefa de limpar o peixe. A iluminação também é um detalhe à parte, a estante da cozinha em embutida em si fitas de LED que refletem no teto. Já no balcão, as lâmpadas de filamento formam os cinco pendentes. "O mais interessante é que elas não esquentam e dão um efeito muito bacana, essa luz amarela é agradável", comenta Jean. O piso é laminado desgastado para dar um aspecto de madeira envelhecida.
A mostra foi aberta agora, no último dia 12 e segue até dia 19 de setembro.