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Arquitetura

Feita para criar 8 filhos, casa sobrevive graças ao desejo dos pais

Apesar do telhado e paredes irem se desfazendo cada dia mais, lar é lembrança de que vida deu certo

Aletheya Alves | 20/04/2023 07:34
Maurício e a mãe, Umbelina, na primeira casa que tiveram em Campo Grande. (Foto: Aletheya Alves)
Maurício e a mãe, Umbelina, na primeira casa que tiveram em Campo Grande. (Foto: Aletheya Alves)

Na Rua Nossa Senhora da Abadia, a casa de madeira construída há mais de 50 anos continua resistindo para lembrar de que apesar das dificuldades, a vida deu certo. Um dos oito filhos que foram criados por ali, Maurício da Silva Ferreira conta que desde vender até desfazer a estrutura, nada é pensado pela família.

Enquanto o Jardim Caiçara tem seguido um fluxo parecido com o de outros bairros mais antigos, ou seja, perdendo as construções originais, Maurício explica que com eles é diferente. Isso porque durante toda a vida, ouviu que a casinha precisava ser mantida em pé.

“Meu pai e minha mãe conseguiram criar os oito filhos aqui dentro. A gente até já pensou em fazer algo com a casa, mas o desejo deles não é esse e a gente respeita”, explica o filho.

Aos 92 anos, ela conta que a família deixou Pernambuco para encontrar uma vida melhor. (Foto: Aletheya Alves)
Aos 92 anos, ela conta que a família deixou Pernambuco para encontrar uma vida melhor. (Foto: Aletheya Alves)
Pintura e telhas vão se desfazendo graças ao tempo. (Foto: Aletheya Alves)
Pintura e telhas vão se desfazendo graças ao tempo. (Foto: Aletheya Alves)

Aos 92 anos, Umbelina da Silva Ferreira confirma que a estrutura é a relíquia da família e também do bairro. Até porque enquanto a maioria dos vizinhos mais antigos já se foi, eles seguem em família no local.

“A gente veio do Pernambuco muito tempo atrás porque naquela época o Norte era muito seco. A gente tinha conhecido que veio para cá e viemos também”, explica Umbelina.

Na época, a família seguiu para o Interior e por muito tempo trabalharam na roça até conseguir se mudar para Campo Grande. “Depois, a gente veio para esse bairro aqui e conforme meu marido ia trabalhando, construía a casa”.

Se recordando, Umbelina explica que tanto levantar o lar quanto se deslocar na região era complicado. E, conforme o tempo passou, o filho caçula detalha que lidar com problemas de violência no bairro foi mais um desafio.


Porta com corrente é lembrança de tempos mais difíceis que foram superados. (Foto: Aletheya Alves)
Porta com corrente é lembrança de tempos mais difíceis que foram superados. (Foto: Aletheya Alves)

Até por isso, hoje, a família vê a região como quase um paraíso. “Aí você vê o motivo que faz eles querer que a casa seja mantida. É a vida”.

Já após ver os filhos criados, uma outra casa foi construída e, mesmo assim, a inicial precisou continuar em pé. Mantendo desde as telhas até formato da porta que era possível de ser colocada naquele período, o antigo lar se tornou um depósito.

Por isso, Maurício comenta que a manutenção não é algo difícil de se fazer, uma vez que o espaço não é usado para moradia. E, no fim das contas, a passagem do tempo demonstrada até na pintura também faz parte das lembranças.

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