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Arquitetura

Há 40 anos, Ivone tem refúgio no Anache em meio às plantas

Espaço já funcionou como viveiro de mudas, mas com o tempo se tornou apenas o lar de Ivone

Aletheya Alves | 02/05/2023 07:22
Casa no Jardim Anache mantém cercas até hoje e dá impressão de ser uma chácara. (Foto: Aletheya Alves)
Casa no Jardim Anache mantém cercas até hoje e dá impressão de ser uma chácara. (Foto: Aletheya Alves)

Mantendo as cercas construídas há 40 anos, Ivone Miranda Oliveira não consegue se imaginar vivendo em uma casa como as dos vizinhos, “muradas”. Por isso, garante que não abandona seu refúgio no Jardim Anache, que um dia também já foi viveiro de mudas.

Quando chegou ao terreno na Avenida Abrão Anache, nem a casa pintada de vermelho ainda existia. “Foi a gente quem construiu, mas ela nunca foi finalizada. Essa cor aí fui eu que pintei, o povo brinca que parece uma zona, mas eu gosto”.

Quase escondida em meio às árvores e plantas que sobraram da época de paisagismo, Ivone narra que o terreno foi o que restou da sua vinda pós-separação. Isso porque, na época, ela era casada e assim é que entrou ainda mais em contato com a vegetação.

“Eu sou do Interior, meu pai trabalhava muito em fazenda, então a gente vivia mais lá do que na cidade. Acho que é por isso também que eu gosto tanto de planta”, comenta Ivone. Após se mudar para Campo Grande, ela morou no Nova Lima, mas acabou mesmo se conectando com o Anache.

Ivone conta que não consegue nem se imaginar em um lar "murado". (Foto: Aletheya Alves)
Ivone conta que não consegue nem se imaginar em um lar "murado". (Foto: Aletheya Alves)
Plantas cultivadas há anos são lembranças da época de paisagismo. (Foto: Aletheya Alves)
Plantas cultivadas há anos são lembranças da época de paisagismo. (Foto: Aletheya Alves)

Puxando na memória, a moradora explica que trabalhou por mais de 20 anos com paisagismo. “Esse terreno aqui era a coisa mais linda, tinha planta que não acabava mais. A gente trabalhava fazendo enfeite, projeto, de tudo um pouco”.

Mas, devido ao relacionamento ter acabado, Ivone explica que o trabalho com as plantas foi diminuindo até que restassem apenas vegetação suficiente para ela mesma. Sem deixar tudo desaparecer, ela narra que mantém a quantidade que consegue.

“Isso aqui é uma das melhores coisas do mundo, se eu pudesse, acho que voltava a mexer com paisagismo e essas coisas. O problema é que vai muita água, por exemplo, e quando você paga para trabalhar não compensa”, relata.

Araras são visita frequente no topo das árvores da moradora. (Foto: Aletheya Alves)
Araras são visita frequente no topo das árvores da moradora. (Foto: Aletheya Alves)

Apesar de já ter pensado em fechar um pouco mais o terreno, Ivone comenta que retirar a liberdade trazida pelo conjunto mantido nas últimas décadas poderia afastar seus visitantes favoritos. “Aqui já entrou tanto bicho que você nem imagina. Uma época, um bugio estava no bairro e ficou um tempão na escola, mas depois veio para as minhas árvores. Acho que ficou uns 15 dias no quintal, até que foi embora”.

Hoje, as visitas mais recorrentes são das araras que, inclusive, apareceram justamente quando Ivone contava sobre elas. “Elas ficam aí todos os dias, outros pássaros também vêm, cantam, eu adoro”.

Tanto pelos animais quanto pela própria vegetação, Ivone completa que jamais trocaria seu lar por outro. “É diferente, cada vez aumenta a quantidade de casas em volta, mas aqui continua sendo minha paz”, pontua.

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