Historiador decora apartamento antigo usando 425 chaveiros que herdou do avô
José mostra como imãs, quadros, miniaturas, CD's e móveis antigos também ganham uma segunda chance na decoração
No apartamento do historiador José Augusto Carvalho dos Santos, de 48 anos, cada centímetro foi aproveitado para expor algo que o inspira ou que ele tenha garimpado em suas viagens. E não importa a simplicidade do objeto, tudo cabe na decoração que tem 425 chaveiros herdados do avô, que dão personalidade ao apartamento, com mais de três décadas, na Vila Sobrinho.
Imãs, quadros, miniaturas, CD's e móveis antigos também fazem parte da decoração criativa do paulistano que há 4 anos deixou São Paulo para viver em Campo Grande ao assumir um cargo federal no Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).
O imóvel é alugado, mas só ganhou reforma nas mãos de José após três anos de locação. "Eu precisava de tempo para ter segurança e estabilidade na cidade. Só depois decidi decorar com aquilo que eu gosto e me faz sentir em casa".
Antes de renovar o mobiliário ou contratar um profissional para compor a decoração, José arriscou fazer tudo com as próprias mãos. Ele conta que a adaptação em cada ambiente não foi tão difícil assim. Usou alguns móveis antigos da família, miniaturas que são relíquias, coleções e a paixão por música para dar mais charme.
Quem entra pela sala dá de cara com a parede verde que contrasta com o piso roxo, antigo, mas que o morador preferiu manter. Os quadros coloridos exibem o gosto pela série Friends e a música popular brasileira. "Um desses quadros é uma alegria entre os amigos. Quem chega brinca de adivinhar o nome de cada artista e é proibido olhar a legenda", conta.
Na sala não há televisão, inclusive, José abriu mão do eletrônico há quatro anos. "É uma liberdade. Claro, estou diariamente me informando através da internet, mas falta de televisão em casa traz harmonia, deixa a sala muito mais prazerosa".
Com a escolha a estante deu apoio aos álbuns de fotografia, coleção de CD's e documentos importantes, bem organizados, que denunciam o lado sistemático de José. "É uma qualidade e, ao mesmo tempo, um defeito. Não consigo ver nada fora do lugar".
O ponto alto da decoração é a coleção de chaveiros que saíram da frasqueira antiga e tomou o corredor do apê. José é um colecionador, tem exatos 425 chaveiros e herdou os penduricalhos do avô, Augusto de Carvalho, que ele nunca conheceu.
"Meu avô foi enfermeiro, dono de um banca de queijos no Mercado Municipal de São Paulo e teve um restaurante, mas a principal história é que seu hobby sempre foi colecionar chaveiros. Quando ele faleceu, sua coleção foi para a minha mãe que também partiu há 10 anos e deixou a frasqueira com todos os chaveiros pra mim".
Agora o historiador torce para que um dos sobrinhos aceite a herança daqui alguns anos. "Quando eu era pequenininho, a paixão era pegar essa frasqueira e olhar chaveiro por chaveiro. É uma relíquia de família que não pode se perder".
Por isso, com painéis de demolição e pregos, José espalhou os chaveiros pela casa. Aproximadamente 300 deles eram do avô, com o tempo também foi trazendo de viagens e ganhando de amigos.
Outro objeto simples que José decidiu dar uma segunda chance foi o imã de geladeira, aquele que muita gente tem em casa mas acaba deixando no cantinho do eletrodoméstico sem imaginar que também pode fazer a diferença na personalidade da casa. No apê José os imãs deixaram o corredor mais colorido. "Comprei painéis de metal na Tok Stok e fui colando os imãs de acordo com viagens ou temas que me agradam. Depois pendurei na parede, quem chega vê um quadro colorido".
E sabe aquele monte de caneca preferida guardada no armário? José deu outro destino a elas, que segundo ele, trouxe outro detalhe a decoração. Usando suportes de madeira, normalmente usado para pendurar roupas, o historiador passou a pendurar algumas das canecas mais especiais. "Um solução rápida e simples que faz toda diferença", diz.
Na sala de cinema, que também funciona como home office, o mobiliário em tom de madeira mescla com o colorido dos livros e da coleção, gigantesca, de filmes de José. "Aqui é o cantinho onde também relaxo. Quando não estou no computador pesquisando e me informando, puxo essa cadeira de computador e reclino a minha poltrona marrom. O monitor vira a minha tela de cinema".
Nesse mesmo espírito de mão na massa, José aproveita para estar sempre inventando dentro de casa e principalmente, fazer do apartamento o lugar preferido para descansar. "Gosto de ficar em casa e deixá-la do nosso jeito é a melhor forma de amar isso. Por isso levo a frase que minha mãe sempre dizia: recordar é viver, como lema de vida, porque a gente é as recordações que temos", reflete.
Curta o Lado B no Facebook e Instagram.
Confira a galeria de imagens: