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Arquitetura

Prédio na Maracaju era endereço seguro para grupo fortalecer a fé em 1934

"Discípulos de Jesus" é o primeiro centro espírita de Campo Grande e carrega histórias de solidariedade e muito trabalho voluntário

Thaís Pimenta | 11/01/2018 07:05
A fachada atual do prédio fundado em 1934 por Constantino Lopes Rodiguez. (Foto: André Bittar)
A fachada atual do prédio fundado em 1934 por Constantino Lopes Rodiguez. (Foto: André Bittar)

Os distraídos que andam pelas ruas de Campo Grande mal percebem os prédios que carregam histórias na arquitetura da cidade. Um deles é o casarão do Centro Espírita Discípulos de Jesus, na Rua Maracaju, região central da Capital. Os pioneiros na doutrina de Allan Kardec, vítimas de preconceito por parte de outras religiões, encontraram ali um espaço seguro para realização dos encontros já no ano de 1934, graças ao espanhol Constantino Lopes Rodrigues.

Fundado no dia 3 de maio, o terreno tinha antes cinco casas. Era na primeira que as pessoas se reuniam. Na década seguinte, o lote se tornou o que é hoje o salão principal. Depois de exatos 84 anos, o lugar mantêm a mesma fachada daquela época, assim como a fé kardecista. 

Até então, so existia uma casa espírita em Mato Grosso do Sul e ficava a quilômetros de distância, lá em Corumbá. 

A movimentação na Maracaju. Na lateral da foto, o centro espírita.(Foto: Divulgação)
A movimentação na Maracaju. Na lateral da foto, o centro espírita.(Foto: Divulgação)

O prédio clássico preserva a arquitetura antiga. Uma grande porta de madeira dá acesso ao salão principal, abrindo alas para as 220 cadeiras dispostas no local. As grandes e imponentes janelas seguem no mesmo estilo do espaço, mas não permitem que o cheiro do passado deixe de fluir por ali.

Um piano disposto no canto do salão, também de madeira, nos transporta novamente há 1934. A mesa no centro da casa confirma que estamos num espaço kardecista. 

"Infelizmente tivemos que reformar esse salão algumas vezes, mas mantivemos o estilo original do local. Trocamos as janelas que estavam podres por conta do tempo por exemplo", diz o diretor do Centro, Enier Guerreiro da Fonseca. 

Visão ampla do salão principal do primeiro centro espírita de Campo Grande, localizado na rua Maracaju, 244. (Foto: André Bittar)
Visão ampla do salão principal do primeiro centro espírita de Campo Grande, localizado na rua Maracaju, 244. (Foto: André Bittar)

Constantino seria incapaz de imaginar a dimensão que seu sonho iria tomar. Hoje, o Discípulos de Jesus é mantenedor e responsável pelo hospital Nosso Lar, além de realizar um trabalho de acolhimento na Casa de Amália, no bairro Nova Lima, e bancar oo Grupo Espírita Padro Germano, no Oliveira III. 

De acordo com Enier, o fundador espanhol foi um missionário que deixou Barcelona a pedido da escritora Amália Domingo Soler. "Sabemos que ela o chamou um dia e disse que Constantino tinha que ir para o Brasil porque iria fundar um centro espírita lá. Ela lhe deu uma missão e ele aceitou, vindo para Ribeirão Preto junto de sua família", conta

O surto de gripe espanhola tirou a vida da esposa e filhos de Constantino, o que o fez mudar de rumo. "Ele veio pra cá trabalhar na sua área, a olaria. Pegou a Ferrovia Noroeste meio sem rumo e chegou em Campo Grande. Aqui se instalou e deu início aos trabalhos". 

Maria Edwiges, fundadora do hospital Nosso Lar. (Foto: Divulgação)
Maria Edwiges, fundadora do hospital Nosso Lar. (Foto: Divulgação)
Constantino Lopez Rodrigues. (Foto: Divulgação)
Constantino Lopez Rodrigues. (Foto: Divulgação)

O primeiro grupo surgiu e, conforme os anos foram passando, outros colaboradores apareceram. "Considero muito importante citar também a Maria Edwiges Borges. Ela iniciou a presidência do centro com grandes realizações. Foi ela a responsável, idealizadora e fundadora do antigo sanatório Mato Grosso em 1966, hoje Hospital Nosso Lar", diz.

Enier lembra que "na divisão do estado de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, Maria também fundou e assumiu a presidência da FEMS (Federação Espírita de Mato Grosso do Sul) por 18 anos, deixando um trabalho bem orientado e delineado".

Na lateral da entrada, uma livraria vende muitas publicações espíritas, inclusive o livro escrito por Eliane Madeiros Brunet, que conta a história do Discípulos de Jesus. "Nossa bibliografia é muito extensa", completa o diretor.

No fundo do terreno, outros dois prédios comportam salas para diversos fins. "Estamos abertos de segunda a domingo á comunidade geral. Oferecemos muitas atividade, como aulas de doutrinação, aulas de música com coral para crianças, doutrinação de bebês, sala de costura, brechó, biblioteca, encontros mediúnicos, e claro, os passes espíritas, com palestras e entrevistas".

Os passes acontecem às terças e quintas a noite, e às quartas, sextas e sábados no período vespertino. O restante das atividades realizadas podem ser conferidas aqui

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Confira a galeria de imagens:

  • O piano no salão principal. (Foto: André Bittar)
  • Visão do portão interna. (Foto: André Bittar)
  • Detalhes. (Foto: André Bittar)
  • A grande porta que carrega 84 anos de história. (Foto: André Bittar)
  • Detalhes da janela lateral. (Foto: André Bittar)
  • Máquina de costura da Sala Amália Domingo. (Foto: André Bittar)
  • Biblioteca é aberta a quem quiser adotar um livro. (Foto: André Bittar)
  • Livraria. (Foto: André Bittar)
  • Sala de costura. (Foto: André Bittar)
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