Quando ninguém quis morar no lixão, Mário investiu e hoje tem mansão milionária
Do lado de fora, o topo da casa chama a atenção do que parece ser gigantesco. No bairro Alto São Francisco, a mansão do aposentado Mario Gomes Arruda, de 70 anos, gera curiosidade. Projetada no estilo europeu, o lugar foi sonhado por ele e pela esposa, desde a compra de terrenos na década de 1980, na área do antigo Lixão do Morumbi - no cruzamento das avenidas Tamandaré e Euler de Azevedo -, local onde ninguém queria viver.
"Comprei há 40 anos. Naquela região ninguém queria terrenos numa época que tinha muitos insetos e mal cheiro. Os lotes eram mais baratos que na Vila Nasser ou Santa Luzia", recorda o aposentado.
Mário é dentista e naquele tempo um dos clientes que era corretor foi quem ofertou terrenos na região. "Eu não tinha nem interesse na época, mas ele insistiu muito e eu fui na hora do almoço dar uma olhada. Lógico que pensei em como a cidade iria crescer e ali teria uma vista panorâmica de Campo Grande, foi aí que comprei", lembra.
Mário adquiriu 24 terrenos na época. Hoje continua dono de pelo menos 15. Dentro da área está a mansão feita por ele, que demorou 12 anos para ficar pronta.
"Olha, para falar bem a verdade, foi mais ideia da minha esposa. Ela queria uma casa boa. Interferi pouco e o engenheiro Grande Xavier, que era amigo de infância, foi quem projetou e construiu a casa", recorda.
O casal deu algumas sugestões para que fosse semelhante às construções europeias, com enfeites no telhado e portas de madeira trabalhadas. A ideia era que fosse tudo bem original. Até o muro foi pensado diferente. "São arredondados e isso sempre chamou muita atenção. Parece simples, mas a casa também é feita de detalhes", comenta.
De tão grande, a residência é dividida em bloco íntimo, social, serviço e lazer. Na área íntima são três apartamentos e uma suíte com hidromassagem, além de um closet com mobiliário de madeira.
Quando o imóvel finalmente ficou pronto, os filhos já tinham atingido a maioridade. "Meus filhos eram pequenos e comprei um parquinho para eles, mas quando terminei já estavam com 18 anos, então ficou para os netos usarem".
Mário viveu com a família durante oito anos na casa, até coloca-la à venda. "Sabe como é, os filhos crescem e a casa acabou ficando enorme só para nós dois. Se fosse morar todo mundo junto, compensaria. Hoje, por enquanto, os netos aproveitam toda vez que nos reunimos por lá. Eles chamam o espaço de terreno", conta.
Apesar de vazio, o lugar recebe um cuidado impecável do caseiro que reside há 8 anos por ali. Além do imóvel, relíquia para Mário são os três pés de cedro em frente à residência, que têm mais de 150 anos. "Aquilo ali é uma riqueza. Quando comprei os terrenos, houve gente que pensou em tirar, mas eu não aceitei e nunca vou aceitar. Tanto que construí a casa bem perto", explica.
Já o preço do imóvel varia pelo número de terrenos que a pessoa queira adquirir. Na última avaliação, o imóvel chegou a custar R$ 2 milhões. Mas sem muitos interessados, Mário admite que não tem pressa e também não vai desvalorizar uma conquista da família. "Faz tempo que apareceu o último pretendente. Mas eu só decidi vender porque os filhos não quiseram morar lá. Mas a casa tem história. Foi palco de casamento e aniversários. Quando saí da casa, muita gente procurou para alugar para festas, mas não tive interesse. Ali é um recanto", afirma.
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