Quanto custa transformar o telhado em um belo jardim aqui em Campo Grande?
Ainda pouco usual em Campo Grande, dá para fazer do telhado de casa, um jardim. A transformação pode ser na construção ou até mesmo na reforma, onde o pré-requisito é ter feito a impermeabilização no telhado. Partindo dela, são etapas que incluem manta, substrato e por fim a vegetação. Uma forma de deixar a natureza à mostra e de quebra aliviar o calor.
Técnica em paisagismo, Adines Ferreira explica que o telhado verde, vivo ou chamado também de "ecotelhado", é uma cobertura vegetal que pode ser feita com grama ou plantas, mas atenta às espécies que precisam ser resistentes à seca.
"Podemos fazer de bulbine, boldinho, grama amendoim ou lambari", enumera as opções. O telhado vivo não precisa estar necessariamente previsto na obra. Se a casa já estiver em construção, na maioria dos casos se usa laje, onde também é feita a impermeabilização, processo obrigatório para o telhado vivo.
"Precisa ser feita a impermeabilização, com manta asfáltica, como normalmente fazem ou à base de PCV, que é a mais indicada, mas é importante fazer porque senão a água pode infiltrar e com o tempo, as plantas também", explica Adines. Ou seja, quanto mais isolado estiver a parte da planta do telhado, melhor a conservação.
No mercado, a paisagista explica que há dois tipos de telhado vivo, um por módulos, o que é mais frequentemente usado e o outro como um todo, onde se faz a impermeabilização com gel membrana, material para aterro sanitário, substrato e a planta. No entanto, a estrutura exclui o armazenamento de água, quando o ideal é se ter irrigação em conjunto.
"Ele é mais simples, pode ser feito com lona e você vai adaptando à cas e à situação", diferencia Adines. No caso do modular, são até quatro tipos existentes no mercado, que já vem acompanhado da retenção de líquido para as plantas, como uma mini-cisterna.
Os tipos de módulos, estrutura à base de plástico reciclado, variam de acordo com o que o cliente deseja. A paisagista explica que é preciso levar em conta o formato do telhado, o tamanho do reservatório e se a laje é inclinada ou não.
As etapas seguem a seguinte ordem, depois da impermeabilização: módulo, manta de absorção, geralmente grossa para reter a umidade e fazer a filtragem da planta, substrato e a vegetação. "O substrato é a terra, o que serve para dar estrutura à planta", explica Adines.
A espessura do substrato, segundo a paisagista, deve ser de 5 centímetros para mais, isso para dar mais reforço se for preciso alguém pisar no telhado.
Benefícios - Entre as vantagens, Adines destaca que a principal delas e que é um benefício dos grandes se tratando da nossa cidade tão quente, é o ganho térmico. "O telhado é a área de maior insolação da casa, pode dar uma diferença de 5 até 10 graus e em alguns casos até mais. Conforme o módulo pode ser que o calor nem chegue a passar para a casa", detalha.
As plantas acabam fazendo também a filtragem do ar e se chover, absorvem a água e escoam de maneira mais lenta. "Se todos os telhados fossem vivos, teria um tempo maior para a água chegar até a parte fluvial, seria menos água de escoamento", exemplifica Adines.
A estrutura do telhado pode conter também o tratamento de esgoto através das plantas e a reutilização da água da pia ou lavanderia.
Quanto à manutenção, a estrutura não exige grandes cuidados. Até que a planta "pegue", ou seja preencha o espaço e crie raiz, que leva em média de dois a três meses, é preciso irrigar todos os dias. O mesmo procedimento também deve ser tomado nas épocas de estiagem.
"Tem a questão estética também, quem faz, quer mostrar que fez, às vezes pode crescer mato, então é preciso tirar. Se quiser fazer a poda, apesar de não ser necessária", diz a técnica.
De instalação rápida, o interessante do projeto é deixá-lo natural, o que significa receber até moradores. Por ser natureza viva, pode ser que o telhado vire ninho.
Em Campo Grande, o valor de um telhado verde sai de R$ 100 a R$ 300,00 o metro quadrado. A ideia ainda não pegou na cidade e a paisagista atribui à nossa cultura, de não usar a vegetação como função. "Onde tem mais é nas regiões Sul e Sudeste, que tem essa cultura de plantas, de vegetação, mas outra questão também é que às vezes até se tem disposição, mas falta fornecedor", afirma.
Colocar a natureza em casa não deve ser só pela estética, e sim pela prosperidade que o verde traz. "A natureza muda as coisas, muda as pessoas e quanto maior o nosso contato com ela, muda o nosso jeito de ver a vida", resume a paisagista.