Rústica e com colunas de eucalipto, casa no Carandá é para quem quer viver livre
Erguida há mais de 20 anos, a casa no Carandá Bosque é a cara dos atuais donos. Parece ter sido projetada para o casal desde o primeiro rascunho. Rústica, de colunas de eucalipto e janelas de demolição, as poucas paredes escancaram a liberdade de se viver ali.
Com pé direito alto, ampla e sem divisões, os pés que adentram a porta vermelha descem por degraus de mosaico, detalhes no piso feito de cimento queimado. A casa toda está ali, diante do que os olhos conseguem alcançar. As salas de estar e do que seria de TV, mas que é tomado por uma tela de cinema, não se dividem nem no mobiliário. No centro, está a mesa de madeira, esperando quem chegar para jantar.
A escada leva aos ambientes de cima. Mas nem precisava subi-la para ver o que o andar reservava. Um quarto com banheiro, uma biblioteca e outro banheiro. Os dois cômodos levam a uma sacada para contemplar a vista de fora.
O que se vê de cima, se vê de baixo. Quase sem paredes, a casa toda é vista de qualquer lugar e em qualquer posição. O estilo loft já sugere que os moradores são adultos, sem crianças e com muito desprendimento, de quem não tem nem bagunça e nem organização excessiva a esconder.
As colunas que sustentam a casa são de eucalipto, o revestimento de uma das paredes que vai da sala até o quarto é de pedra arenito, um contraste ao branco do restante da estrutura.
As paredes ganham toda cor e vida pela arte do dono da casa. O projeto, assinado por Zeca Paniago, não foi pensando para eles, os moradores livres de hoje. Mas quando a residência foi posta à venda, o primeiro nome que veio à cabeça, foi Isaac de Oliveira.
Artista plástico e dono dos mais belos ipês retratados em tela, Isaac de cara se apaixonou. Sentimento que a esposa já previa bem antes do anúncio de venda. Arquiteta, Selma Rodrigues, conheceu a casa numa festa. Sem o marido, entrou e sentiu imediatamente o quanto de Isaac existia ali.
"Ele estava viajando, eu achei a casa espetacular e falei que ele tinha que ver. Mas depois eu não conseguia achar a casa, passou um tempo e os donos ligaram oferecendo. Viemos ver, entrando eu falei, é esta a casa. Aí ele se apaixonou", descreve sobre o reconhecimento.
Selma e Isaac estão nela há 20 anos sem que quase nada fosse mudado do projeto original. Com exceção da varanda e do quintal, onde foram construídos a cozinha gourmet e o jardim, há três anos. O total do terreno é de 700 metros quadrados, mas de área construída, 250. O restante ficou para a fonte, o gramado e os pés de limão, carambola, jabuticaba e seriguela.
A casa é convidativa para festas, tanto pela arquitetura, quanto pelo alto astral dos donos. A cozinha fica degraus abaixo da sala, atrás de uma bancada que sugere um bar. Outro ambiente aconchegante foi a adega, instalada abaixo da escada, um espaço que sempre sobra nas casas e que por muitas vezes não é tão bem utilizado assim.
Por ser arquiteta, a dona da casa já recebeu o pedido de amigos para que projetasse uma residência igual. Ela faz com todo prazer, mas do outro lado, os clientes percebem que a estrutura de uma casa livre não é para todos. "A ideia da casa é essa, ela toda se comunica, a gente gosta de viver aqui, é nosso refúgio. É uma casa que não é toda certinha, é para se viver, não para deixar toda arrumadinha", brinca Selma.