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Arquitetura

Tombamento do edifício José Abrão entra na reta final após 10 anos

Prédio passou por nova vistoria e processo na Justiça começa a avançar

Aline dos Santos | 27/04/2021 11:49
Prédio fica na Rua 14 de Julho, esquina com a Cândido Mariano. (Foto: Kisie Ainoã)
Prédio fica na Rua 14 de Julho, esquina com a Cândido Mariano. (Foto: Kisie Ainoã)

Construído em 1939, com heranças da Art Déco e com pitada de luxo arquitetônico, o edifício José Abrão, que já abrigou o Hotel Americano no centro de Campo Grande, segue em compasso de espera pelo tombamento definitivo como patrimônio da cidade.

O procedimento administrativo da prefeitura já dura dez anos, enquanto o processo na Justiça, iniciado em 2017 para impedir descaracterizações, vai entrar na reta final.

No último dia 20, o juiz da 2ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos, David de Oliveira Gomes Filho, anexou despacho para que equipe da vistoria judicial responda a quesitos levantados por proprietários do imóvel. Na sequência, as partes devem apresentar as alegações finais, última etapa antes da sentença.

Desde 2019, a Justiça atendeu pedido do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) e proibiu qualquer obra ou intervenção na estrutura sem autorização da prefeitura.

Conforme documento anexado esse ano ao processo, o prédio, localizado na esquina da Rua 14 de Julho com a Cândido Mariano, passou por vistoria em novembro de 2020. A última tinha sido em 2018.

Mais uma vez foram encontradas exposição de ferragens, descolamento de peitoril e desfiguração de revestimento. As novidades foram poluição visual (marquise descaracterizando fachada) e falta de acabamento no quesito fiação após a reforma da Rua 14 de Julho, que rebaixou o fios.

Registro do imóvel, com traços da Art Déco, na década de 1940. (Foto: Arca/Reprodução)
Registro do imóvel, com traços da Art Déco, na década de 1940. (Foto: Arca/Reprodução)

Década - Já o processo de tombamento definitivo foi aprovado no ano passado, mas até então não foi publicado no Diário Oficial de Campo Grande.  O procedimento administrativo nasceu em 26 de dezembro de 2011. No ano seguinte, em 26 de abril de 2012, a Fundação de Cultura publicou o tombamento provisório.

A medida, seja provisória ou definitiva, não altera a propriedade do imóvel, mas garante a preservação das características da fachada, O tema, aliás, era de suma importância para o alemão Frederico Urlass, que projetou prédios como o edifício José Abrão e o Colégio Dom Bosco.

De acordo com documentos, o filho de Urlass conta que o pai se preocupava em atender as necessidades do contratante, porém, com a seguinte ressalva: “O senhor é proprietário do prédio, mas a fachada pertence à cidade”. Uma das características era o uso da curvatura na esquina, como exemplifica o edifício José Abrão.

Fotografia do imóvel no Centro de Campo Grande em 1944, com farmácia no térreo. (Foto: Reprodução)
Fotografia do imóvel no Centro de Campo Grande em 1944, com farmácia no térreo. (Foto: Reprodução)

Vermelho cintilante – Planejado para ser o primeiro prédio de escritórios de Campo Grande, o imóvel de três pavimentos foi tirado do papel por Manoel Rosa e o engenheiro Joaquim Teodoro de Faria.

O dono era José Abrão, comerciante próspero de Campo Grande. O estilo Art Déco, se mostra em características como varandas arredondadas e letras grafadas em platibanda (faixa horizontal que emoldura a parte superior de um edifício).

A fachada tem revestimento de pó de pedra. Segundo relatório, a cor vermelho cintilante imprime mais personalidade ao imóvel e o pó de pedra (mica), que no caso veio da região de Porto Murtinho, foi considerado um luxo arquitetônico.

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