“Entrelaçando linhas e cores”, Gisele faz até museu Santo Antônio virar bordado
Ela aprendeu a bordar há dois anos e resolveu usar as técnica para retratar pontos turísticos e a cultura de Campo Grande
Com a linha e agulha, Gisele Fraga fez pontos turísticos de Campo Grande para no bordado. “Sou campo-grandense, quero me aprofundar na cultura daqui, acho importante fazer essa mistura com o artesanato”, afirma. Ela é artesã e realiza até dia 31 de outubro a mostra “Entrelaçando linhas e cores”, na Galeria de Vidro, que é aberto ao público. O evento começou ontem.
Gisele gosta dos trabalhos manuais e há dois anos aprendeu bordar. “Comecei com ponto cruz. Algumas peças são demoradas e exige tempo”, afirma a artesã. O trabalho é delicado e precisa ter leveza das mãos para desenvolver a arte no tecido. Entre um ponto e outro, ela conseguiu reproduzir o Museu José Antônio Pereira. “Precisei ficar na frente dele para poder fazer”, diz.
O coreto da Praça do Boi, construído na década de 30 foi parar no tecido. “Esse e o bordado do Horto Florestal foram os mais difíceis de fazer porque são detalhes pequenos. Leva tempo", conta a artesã.
Os trabalhos foram bordados a mão com pontos: rococó, retos, hastes, cheios e picurus. “O rococó serve para dar volume, a gente entrelaça a linha algumas vezes. Usei para fazer as folhas das árvores”, explica. “O haste é mais liso, fiz as casas e o picurus técnica indígena fiz nas almofadas”, completa.
Antes de passar a imagem para o tecido, Gisele faz pesquisas dar não deixar escapar nenhum detalhe importante da obra. “Tem lugares que nunca fui, mas estudei para bordá-los. Primeiro desenho no pano”, diz.
São vários trabalhos expostos entre quadros, almofadas, chaveiros, etc. Cada obra representada com uma parte de Campo Grande, e nem mesmo os ipês coloridos ficaram de fora.
Gisele ainda costurou corações pequenos para pendurar e enfeitar a casa. O objeto virou cenário da Furnas do Dionísio, com paisagens, pássaros e cachoeira. Em outro trabalho ela homenageou as araras que dão vida ao céu de Campo Grande.
Foi cerca de dois meses até produzir todas as peças que estão à venda a partir de R$30. “Mas só podem retirar quando a exposição encerrar”, explica a artesã.
A mosaicista, Izaura Marim Chaves comenta sobre a delicadeza das peças. “Sempre digo a ela que tem as mãos de fada. Ainda não vi um trabalho parecido com o dela. Também sei bordar porque trabalhei por anos como estilista, e notei que a Gisele usou borados matizados, com vários tons de cores”, comenta.
Para ela, é preciso que o artesanato seja mais valorizado. “É um momento que estamos buscando muito. Estamos correndo atrás dessa valorização. Eu mesma faço mosaicos há 11 anos por amor e agora comecei retratar os monumentos de Campo Grande nos meus trabalhos também”, afirma.
Rosana de Souza é amiga de Gisele e foi conferir a exposição. Ela também é artesã, expõe na Praça dos Imigrantes e afirma que todo artista tem sua peculiaridade. “Cada um tem um jeito de fazer, de pegar na agulha. Isso que ela fez é técnica dela, com pontos cheios, retos e são peças únicas. Eu também sei bordar, faço mais com ponto cruz, mas se olhar o nosso já percebe que são diferentes”.
Serviço – A Galeria de Vidro está localizada na Plataforma Cultural, na Avenida Calógeras, 3015, Centro.
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