Alegria de anciã é ver cultura se espalhando por aldeia kadiwéu
Aos 73 anos, Jussara conta que reunião na aldeia Barro Preto para criar arte é sua emoção
“Eu tô bem emocionada”, resume dona Jussara Derriune Abicho ao ver filhas, netos, sobrinhos e irmãos se reunindo para espalhar a cultura kadiwéu por pinturas. Através de uma soma de esforços, a aldeia Barro Preto, na região de Porto Murtinho, recebeu oficinas de formação e, aos olhos da anciã, a alma da etnia segue forte.
Unindo quem já tinha proximidade com a arte e os mais novos que acabaram se distanciando, a ação ministrada pela artista e pesquisadora Benilda Vergílio Kadiwéu fez a alegria de dona Jussara. Artesã e parteira, a senhora de 73 anos é símbolo de força tanto dentro quanto fora da aldeia.
Questionada sobre ser artesã, logo se dispõe a contar sobre o que produz, “eu faço vasinhos, moringuinhas, potes, cesta. Ensinei minha filha e a outra, mais velha, aprendeu a desenhar por causa da minha finada mãe”.
E, mesmo tendo o conhecimento vivo, explicou que quis acompanhar a oficina por estar contente. “Fiquei feliz de estarem aqui trabalhando, minhas filhas e netos desenhando. A cultura tá forte, se Deus quiser vai continuar indo para frente e vou continuar ensinando para que eles façam outros trabalhos”, diz.
Responsável pelo coletivo de mulheres da comunidade e filha de Jussara, Silvana Derriune explica que a ação chegou até a aldeia após um contato com a professora e fundadora da Bruaca (empresa de impacto socioambiental), Denise Silva.
“Conversei com a Denise e com a Benilda, pedi a oficina e fiz o convite para elas irem até a aldeia. Elas foram e levaram bolsas para a gente desenhar porque nossa inspiração é a arte indígena, é o colorido dos desenhos”, detalha Silvana.
Ao convidar as mulheres da comunidade, o objetivo era de capacitar o grupo e espalhar ainda mais a cultura da etnia. “Os desenhos estão na cultura, mas hoje muitos jovens não sabem mais. A oficina trouxe uma inspiração muito forte para aldeia porque ensinamos as crianças e os jovens a colorir, e eles querem dar continuidade”.
Sobre a presença de sua mãe, Silvana destaca que a sabedoria de dona Jussara é essencial nesse processo de reforçar a cultura. “Ela é quem nos ensina a arte, quem ensinou a falar a língua kadiwéu e é uma inspiração para nós. Ficou bastante emocionada de ver os netos, bisnetos, filhos, irmãs e sobrinhos participando”, completa.
A capacitação envolveu o Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social, Subsecretaria de Assuntos Indígenas, Ipedi (Instituto de Pesquisa e Diversidade Cultural), Bruaca e Benilda Vergílio Kadiwéu.
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